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20/07/2020
José Renato da Silveira
Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais - UFSM
“Viver é sofrer e sobreviver é encontrar um significado no sofrimento” (Nietzsche). No sofrimento, podemos encontrar muitos significados e motivos de inspiração para compor belos poemas, canções e textos de diversos de gêneros. Há um “sofrimento estimulante e revigorante” do tipo ativo nietzschiano. A Polônia enfrentou diversas dominações estrangeiras aliadas a muita dor, injustiça e morte ao longo de sua História. O poeta Zbigniew Herbert descreveu bem o “sofrimento estimulante” do espírito polonês no poema A mensagem do Sr. Cogito.
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A História da Polônia é marcada por dominação estrangeira, tendo sido constantemente dividida entre Rússia, Prússia e Áustria durante os séculos XVIII e XIX.
No século XX, a Polônia tinha duas décadas de independência desde os tratados de paz da Primeira Guerra Mundial.
No dia 01° de setembro de 1939, a Polônia foi invadida pela Alemanha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Polônia tornou-se um local de horror, lugar dos campos de extermínio à medida que o holocausto nazista capturava os judeus pela Europa.
Em 1945, a Polônia era um país desmantelado. O embaixador dos Estados Unidos, Arthur Blisslane, disse depois de entrar em julho de 1945 em Varsóvia: “o odor enjoativamente doce de carne humana queimada era um aviso sombrio de que estávamos entrando numa cidade de mortos”.
A fronteira ocidental da Polônia havia sido empurrada 500 quilômetros para o oeste, de acordo com acertos feitos em novembro de 1943 pelo soviético Joseph Stalin com o então premiê britânico, Winston Churchill, e o presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, em Teerã.
O resultado prático para a Polônia na Conferência de Teerã (1943) entre o Big Three foi milhões de poloneses que moravam no leste do país foram transferidos para territórios antigamente de domínio alemão.
Varsóvia ficou despovoada e em ruínas. Sob o ponto de vista de sua população total, a Polônia foi, entre as nações atingidas, a que mais sofreu perdas humanas. Seis milhões de poloneses morreram no conflito, dos quais mais de 95% civis.
Durante seis anos, a Polônia pareceu um "matadouro mecanizado, cuja esteira rolante transportava constantemente os cadáveres de seres humanos assassinados", como disse certa vez o escritor polonês e Nobel de Literatura Czeslaw Milosz.
Outro escritor polonês destacado Zbigniew Herbert escreveu o impactante poema “A Mensagem do Sr. Cogito”.
É um poema que mostra a força e a resiliência do povo polonês frente ao sofrimento, a dor e as perdas de pessoas amadas.
É um poema que serve para nós nesse momento de insegurança e incerteza.
A mensagem do Sr. Cogito
Zbigniew Herbert
Vai aonde os outros até o fim obscuro
atrás do tosão de ouro do nada tua última recompensa
caminha ereto entre os que ficam de joelhos
entre os que viraram as costas e foram reduzidos a pó
sobreviveste não para viver apenas
tens pouco tempo tens de dar testemunho
sê corajoso quando falhe a razão sê corajoso
no final das contas só isto importa
deixa tua ira impotente seja como o mar
sempre que ouças a voz dos oprimidos e espancados
que nunca te abandone o teu irmão Desprezo
para com os delatores os carrascos os covardes –
eles vencerão
e virão ao teu funeral e com alívio jogarão um torrão de terra
e um verme escreverá a tua ordenada biografia
e não perdoes verdadeiramente não está em teu poder
perdoar em nome daqueles que foram traídos na alvorada
mas acautela-te do orgulho sem mister
olha no espelho o teu rosto cômico
e repete: eu fui o chamado – não haverá alguém melhor
previne-te contra a aridez do coração ama a fonte matinal
o pássaro ignoto o carvalho de inverno
a lua no muro o esplendor do céu –
eles não precisam do teu hálito quente
eles estão aqui para dizer: ninguém vai te consolar
vela – e quando a luz nos montes der o sinal – ergue-te e caminha
até que o sangue faça rodar no teu peito a estrela obscura
repete os velhos sortilégios do homem as fábulas e as lendas
porque assim conquistarás o bem que não conquistarás
repete as grandes palavras repete-as obstinadamente
como aqueles que transitavam o deserto e pereciam na areia
e serás recompensado por aquilo que eles têm à mão
o açoite do riso,
o assassinato no monte de lixo.
vai porque só assim serás recebido na comunhão dos crânios frios
a comunidade dos teus antepassados: Gilgamesh Heitor Rolando
os defensores do reino sem fim e da cidade das cinzas
Sê fiel! Vai!
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