Brasil tem rede nacional de comissões da verdade universitárias
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Atualizada em
25/05/17 16h08m
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Palestrante trouxe mais detalhes em seminário promovido pela UFSM
Nem todos sabem, mas existe no Brasil uma “rede Nacional de Comissões da Verdade Universitárias”, cujo objetivo é agregar as informações e documentos que vêm sendo levantados em diversas universidades do país, acerca do que foi a repressão nesse setor entre 1964 e 1985. A estruturação da rede iniciou mais ou menos na mesma época em que foi instalada a Comissão Nacional de Verdade do governo federal, em meados de 2014. Inicialmente, estavam presentes na rede 12 comissões da verdade, entretanto, esse número foi ampliado para 22. A informação é da professora Angélica Lovatto, docente da área de Ciências Sociais da Unesp, campus de Marília, e que integra a coordenação da Rede Nacional de Comissões da Verdade Universitárias.
Angélica esteve em Santa Maria nesta quarta, dia 24, para participar do seminário “Repressão política nas universidades durante a ditadura: memória e verdade”, organizado pela Comissão Paulo Devanier Lauda de Verdade e Memória da UFSM, cujo trabalho iniciou em junho de 2015. A palestrante falou na tarde de quarta-feira e abordou “O trabalho da Rede Nacional de Comissões da Verdade Universitárias: memória, verdade, justiça e reparação.”
Durante sua fala, Angélica destacou as dificuldades em implementar as Comissões da Verdade. Uma dessas dificuldades é a falta de apoio de algumas administrações (reitorias). Ela cita como exemplo a Universidade de Brasília (UnB), uma das instituições que mais sofreu com a repressão durante a ditadura. Contudo, esclareceu a pesquisadora, o trabalho da Comissão da Verdade da UnB foi feito em cima de material obtido junto ao Arquivo Nacional, pois a reitoria se negou a fornecer qualquer documento.
Obstáculos
Na universidade em que Angélica atua como docente, a Unesp, também houve obstáculos interpostos pela gestão. A Comissão da Verdade trabalhou durante um ano, contudo, o reitor da instituição, professor Julio Cezar Durigan, mesmo pressionado por entidades de direitos humanos, se negou a assinar portaria renovando o prazo para atuação da Comissão da Verdade. A solução encontrada, contou ela, para que o trabalho iniciado não fosse perdido, foi instalar uma Comissão da Verdade através da Adunesp, o sindicato dos professores.
Conforme o relato de Angélica, a Rede de Comissões da Verdade Universitárias teve sua atuação ampliada pelo fato de se envolverem em todos os eventos possíveis que tratam do assunto, sejam eles acadêmicos ou sindicais. A professora citou que no Congresso do ANDES-SN de Brasília, em 2015, foi tirada como política do sindicato, que já possuía uma Comissão da Verdade, o apoio à estruturação da Rede. Assim, a Rede, que possuía 13 filiadas, agora já alcança 22, inclusive a da UFSM. Um portal reunindo as informações da Rede está sendo montado para em breve ser colocado no ar.
Confira aqui mais informações sobre a palestra realizada na manhã de quarta, no mesmo seminário da UFSM, pela historiadora do Arquivo Nacional, Vivien Ishaq.
Texto e foto: Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm