UFSM inicia debate sobre ‘100 Anos da Revolução Russa’
Publicada em
11/10/17 14h39m
Atualizada em
11/10/17 14h49m
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Abertura foi nesta terça com palestra do professor Paulo Visentini, da UFRGS
No final da tarde dessa terça-feira (10), o Auditório Sérgio Pires (anexo ao Prédio 17, campus de Camobi) reuniu dezenas de pessoas, entre professores e estudantes, inclusive de fora da universidade, para debater os ‘100 anos da Revolução Russa. Análises e perspectivas’. O convidado para a primeira mesa de um evento que se estenderá até o final de novembro, foi o professor Titular de Relações Internacionais da UFRGS, Paulo Visentini, que abordou o conteúdo de seu mais novo livro, ‘Os paradoxos da Revolução Russa: ascensão e queda do socialismo soviético (1917 – 1991)’, lançado em 2017 pela editora ‘Alta Books’.
Segundo o professor, “já existem muitos debates sobre a Revolução de Outubro que abarcam os anos entre 1917 e 1921 e existe uma lacuna historiográfica quanto ao resto dos anos de existência da União Soviética”. Além disso, conforme Visentini, a maioria das obras trata da economia política, da história, mas também existem demandas por uma sociologia que estude o que as pessoas sentiam e pensavam no período em que existiu a URSS.
Além de defender a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre os assuntos posteriores a 1921, o professor também reiterou a importância de se construir um debate sobre a Rússia anteriormente ao processo revolucionário que colocou os bolcheviques no poder, porque esse conhecimento ajuda a explicar as condições, até mesmo culturais, que permitiram com que essa revolução acontecesse. “A ciência histórica é uma arma e também um campo de batalha. É necessária uma releitura historiográfica, que eu não gostaria de ter feito, mas que fiz pensando no público”, reitera o historiador.
Entre muitas das contribuições trazidas pelo professor, destacou-se a narrativa sobre o período histórico que antecipou tanto as revoluções de 1905 e 1917, dissecando desde a forma como se construiu a Rússia em seu tamanho, até as origens do tsarismo como monarquia absolutista. A revolução, destaca o professor, “só aconteceu porque o povo russo, em função da influência histórica da Igreja Ortodoxa, é obstinado e, quando acredita em algo, vai nessa crença até o fim”, reforça.
O professor destacou os períodos de turbulência pelos quais passou o Partido Bolchevique após ter tomado o poder do Estado Russo, que se antes já havia participado de guerras, teria que ver após 1917 a dizimação de sua população em função tanto da Primeira Guerra Mundial, quanto da Contrarrevolução e, posteriormente, da Guerra Vitoriosa, na qual a URSS cumpriu importante papel na derrota do nazismo, o que lhe comprometeu o maior número de mortes entre os países beligerantes.
Com a morte de Lenin, Stalin assume o Secretariado Geral e nesse cargo permanece até o início da década de 50, quando falece. Esse período foi marcado por contradições quanto à condução do processo revolucionário, bem como foi marcado pela influência de Stalin na vitória da Guerra Patriótica e a posterior ascensão da URSS a segunda potência mundial, com um desenvolvimento tecnológico que a colocava à frente dos Estados Unidos em diversos aspectos, motivada pela dinâmica competitiva da Guerra Fria.
Após a morte de Stalin, Nikita Kruschev, Leonid Brejnev e, por último, Mikhail Gorbachev, assumem o cargo principal da URSS até sua derrocada em 1991. Entre o processo revolucionário que garantiu o século XX como o período que Eric Hobsbawn chamou de ‘Era dos extremos’ e o seu fim, muitos são os debates travados a respeito de como foi e como deveria ter sido a condução dessa experiência socialista.
A conferência dessa terça feira fez parte da programação do ‘Seminário sobre os 100 anos da Revolução Russa’, organizado pelo Departamento e Programa de Pós-graduação em História da UFSM, além do Departamento e Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFSM, da Fundação Maurício Grabois, da Secretaria Regional do Rio Grande do Sul do ANDES-SN e da SEDUFSM (Seção Sindical dos Docentes da UFSM). A Sedufsm foi representada, na mesa de abertura, pelo diretor da entidade, professor Hugo Blois Filho. As próximas atividades acontecerão nos dias 21, 22, 23 e 24 de novembro.
Texto: Germano Molardi (estagiário de jornalismo)
Edição e foto: Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm