“Do jeito que está não pode ficar”, diz OAB sobre crimes transfóbicos
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Atualizada em
22/01/20 18h38m
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Santa Maria teve na terça, 21, o quinto caso de assassinato de transexual desde setembro
Os sentimentos manifestados pelo ‘Coletivo Voe’ e pela Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados (OAB/Santa Maria) foram de estarrecimento e perplexidade diante do quinto assassinato de uma transexual, em Santa Maria, desde setembro de 2019. O crime, ocorrido na tarde de terça, 21, na Vila Cerro Azul (bairro Chácara das Flores), ceifou a vida de Morgana Claudio Ribeiro Paraná, de 37 anos, que foi enterrada na tarde desta quarta-feira. Uma nota de pesar também foi publicada na página da ONG Igualdade, de Santa Maria.
Renata Quartiero, advogada e integrante da Comissão de Diversidade Sexual da OAB, destacou em depoimento à assessoria de imprensa da Sedufsm, que a “força política” da entidade está sendo utilizada no sentido de pressionar as autoridades responsáveis a darem respostas sobre esses homicídios. Ela informou que está sendo agendada uma reunião com o delegado regional de polícia, para a qual serão convidados os coletivos LGBTs da cidade, com o intuito de acompanhar as investigações. Da mesma forma, desejam que os órgãos de Estado deem resposta sobre políticas públicas que evitem esse tipo de violência. “Precisamos dar um retorno à sociedade. Do jeito que está não pode ficar”, frisa Renata.
A representante do Coletivo Voe, que reúne, desde 2011, ativistas em defesa da diversidade sexual e de gênero da cidade de Santa Maria, Gabriela Quartiero, também enfatiza a cobrança das autoridades públicas. “Falta ação e posicionamento dos órgãos públicos, o que gera um sentimento de impunidade e dá crédito para que pessoas continuem assassinando transexuais”. Gabriela vai além: “existe um descaso nacional referente às pautas LGBT e por esse motivo, se torna essencial que, em nível municipal, consigamos traçar ações que tranquilizem e tragam segurança a essa população”.
TRANSFOBIA
A integrante da comissão da OAB, Renata Quartiero, avalia que os crimes ocorridos até agora podem ser definidos como “transfóbicos, pois as pessoas (que cometem os crimes) estão se sentindo legitimadas a cometê-los”. Para ela, existe hoje no Brasil uma sensação de impunidade e onde também prospera o discurso de ódio em relação à população LGBT. Isso, diz ela, faz com que as pessoas se sintam encorajadas e legitimadas à transfobia.
O pedido generalizado é de que respostas sejam encontradas para fazer cessar esses crimes contra transexuais. “Já são cinco assassinatos desde setembro. Em quatro meses, o município já atingiu o posto de uma das cidades mais violentas para trans. Já tivemos reuniões com secretarias municipais, com o prefeito, já foi levada essa pauta e pedido mais segurança e políticas públicas para promover a inclusão de pessoas trans e ações que promovam o respeito à vida”. Faltam efeitos práticos apenas.
Calendário dos assassinatos
7 de setembro de 2019
Carolline Dias, 27, foi morta com um tiro na esquina das avenidas Presidente Vargas e Borges de Medeiros, em Santa Maria.
14 de setembro de 2019
Mana, 37, foi morta a facadas por dois homens na Zona Oeste de Santa Maria.
12 de dezembro de 2019
Verônica Oliveira, 40, morta com uma facada na esquina das avenidas Presidente Vargas e Borges de Medeiros, em Santa Maria.
1º de janeiro de 2020
Selena Peixoto, 37, foi morta com um tiro na localidade de Sarandi, interior do município de Dilermando de Aguiar.
(* Fizemos contato, via página do facebook, com a ONG Igualdade, mas não obtivemos retorno antes dessa publicação)
Texto: Fritz R. Nunes com dados do site de Claudemir Pereira
Imagem: ONG Igualdade
Assessoria de imprensa da Sedufsm