Centrais sindicais e partidos discutem unidade contra governo
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Atualizada em
09/03/20 16h36m
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Seminário 'Unidade, Resistência e Luta' coloca em discussão o papel das centrais e dos partidos na unidade contra o governo Bolsonaro
Em um cenário cada vez mais polarizado entre direita e esquerda no Brasil, nada mais óbvio que esse sentimento chegasse aos setores progressistas e de esquerda do mundo do trabalho e dos movimentos sociais. O ano de 2020 começou com o governo de Jair Bolsonaro dando seguimento à retirada de direitos dos trabalhadores. Mesmo durante o recesso do Congresso Nacional, medidas já apontavam muitos desafios, como foi em 2019. A Reforma da Previdência, a MP 905/Carteira Verde Amarela, a intensificação ou ameaça de privatização das estatais, a militarização de órgãos públicos e os ataques aos direitos democráticos dos trabalhadores tendem a ser intensificados em 2020. E os ataques de Bolsonaro à Educação não param. Há uma política deliberada deste governo de ultradireita de descaso a este setor que é essencial para a população. A política de cortes no orçamento, que já passam de R$ 6 bilhões, ameaça o funcionamento da Educação Básica, desde a infraestrutura das escolas a questões como livros didáticos, sem contar as universidades públicos e institutos federais.
Essas foram algumas medidas de desmonte elencadas pelos participantes do I Seminário 'Unidade, resistência e luta', ocorrido no dia 4 de março, em São Vicente do Sul, com organização de Sedufsm, Assufsm e Sinasefe. Fica cada vez mais nítida a agenda ideológica de Bolsonaro e, frente a seus ataques à educação e aos trabalhadores, os movimentos e centrais sindicais precisam buscar uma forma mínima de unidade para lutar contra o governo reacionário de Bolsonaro. Foi esse o sentido da mesa “O papel das centrais sindicais e dos partidos políticos de esquerda na construção da unidade contra o governo Bolsonaro", que contou com lideranças de diversas centrais sindicais e de vários partidos de esquerda.
Para o vice-presidente da Sedufsm e representante da CSP-Conlutas no RS, João Carlos Gilli Martins, a única forma de combater esses ataques é com unidade para lutar em torno de uma grande greve geral no país. “As universidades públicas brasileiras são responsáveis por mais de 90% de toda produção de conhecimento em ciência, tecnologia e humanidades. Com o 'Future-se', que é a privatização da universidade pública, deixaremos de produzir ciência e tecnologia, e passaremos a depender de outros países para isso. Para resolver esses problemas, nós temos que resolver com as próprias mãos, através de uma forte unidade de ação da classe trabalhadora, da população pobre e marginalizada [...] teremos que construir uma luta sem medo.”, afirma Gilli
Os servidores públicos federais acumulam uma série de insatisfações com a gestão Bolsonaro, face os cortes orçamentários que vêm sendo promovidos pelo governo desde o ano passado. A asfixia de verbas prejudica a manutenção da estrutura das instituições, afetando laboratórios, bolsas de pesquisa e mão de obra terceirizada que presta apoio às universidades, entre outros. A abertura de concursos está sendo comprometida pela tesoura do governo. Com o ritmo normal de aposentadorias no magistério, a tendência é que as universidades acumulem uma crescente falta de professores estáveis com o tempo.
Para os servidores é necessário lutar contra a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 186/2019. Batizada pelo governo de “PEC Emergencial”, a medida foi editada por Bolsonaro no ano passado e impõe corte de até 25% nas jornadas e nos salários de servidores públicos. A Reforma da Previdência, que vai promover um aumento da alíquota paga pelos contribuintes a partir de março, também integra a lista de críticas dos docentes. Para Gilli, “o projeto do governo Bolsonaro é de entrega total das riquezas do país, destruição dos direitos e de desmonte do Estado brasileiro e das políticas públicas. Tudo para garantir os interesses privados e lucros dos grandes empresários, banqueiros e do agronegócio e de Donald Trump”. Por isso, em um ano de governo, assistimos a graves ataques à Previdência, aos direitos trabalhistas, à Amazônia, às estatais e serviços públicos, aos indígenas, quilombolas, aos sem-terra, sem-teto etc. Mesmo assim, a crise econômica se aprofunda, o desemprego atinge milhões de pessoas e o mercado de trabalho está cada mais precarizado. É preciso dar um basta a esse governo de ultradireita e ultraliberal, capacho de Trump.
O ano teve início com fortes greves na DataPrev e Casa da Moeda, da PM do Ceará e dos mais de 20 mil petroleiros, que paralisaram por 20 dias. O Carnaval também foi marcado por protestos contra Bolsonaro. Essa luta é nossa: dia 18 de março será Dia Nacional de Lutas, Protestos e Paralisações. Junto com os trabalhadores da Educação e do funcionalismo público, que já haviam marcado uma greve nacional, as centrais sindicais estão convocando trabalhadores de todas as categorias, da iniciativa privada e do setor público, a se somarem às ações deste dia.
Texto e foto: Bruno Silva
Assessoria de Imprensa da Sedufsm