UFSM perde quase 30% de bolsas na pós-graduação
Publicada em
23/03/20 17h38m
Atualizada em
24/03/20 08h34m
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Queda é decorrente de portaria emitida pela Capes em meio à pandemia de COVID-19
No dia 18 de março, o docente do departamento de Botânica da UFMG, Luiz-Eduardo Del-Bem, escreveu uma publicação em sua conta no Facebook que alcançou curtidas de quase três mil pessoas. A postagem dizia:
“Todos os laboratórios de biologia molecular da UFMG estão se unindo, independente do assunto que estudam, para realizar testes por qPCR de Coronavírus para ajudar o SUS. Com empenho de professores e estudantes. Sem ganhar um real por isso. Lave a boca na próxima vez que for criticar a universidade pública. Que sirva de lição”.
Pouquíssimo tempo depois veio à tona a notícia sobre a portaria 34, publicada em 9 de março pela CAPES com o objetivo de alterar as regras para distribuição de bolsas no país. Quando todos os olhos e ouvidos mantinham-se atentos ao avanço da pandemia de COVID-19 no Brasil, o órgão instituiu uma medida que faz avançar o desmantelamento da pós-graduação e, por consequência, da pesquisa pública no Brasil. O respeito que o professor Eduardo clamou em sua rede social parece não ter sido levado a sério pelo governo de Bolsonaro e seus ministros.
Só na UFSM, segundo nota divulgada pela Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, cerca de 30% das bolsas de pós-graduação serão cortadas: dessas, 21% serão cortadas do Programa de Demanda Social (DS) e 7,9% das cotas relacionadas ao Programa de Excelência Acadêmica (PROEX). Diz a pró-reitoria que: “Somando-se aos cortes anteriores, são centenas de alunos que têm seus direitos de estudo cerceados; são pesquisas importantes que deixam de ser feitas e um conhecimento científico e tecnológico perdido, contrariando os interesses públicos de avanços na resolução dos problemas enfrentados pela sociedade”.
Júlio Quevedo, presidente da Sedufsm, avalia que “neste momento, em que mais se necessita de pesquisa para combater o COVID-19, este governo protofascista impede o avanço da pesquisa, com o objetivo evidente de genocídio da classe trabalhadora”.
Para Gihad Mohamad, os pesquisadores e coordenadores de pós-graduação foram pegos de surpresa. “São medidas que têm por objetivo estrangular ainda mais a pesquisa em um cenário já de início de aulas e com muitos bolsistas já indicados”, avalia o diretor da Sedufsm.
Em nota, o Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (FOPROP) e a Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais colocaram-se contrárias à portaria.
Texto: Bruna Homrich
Foto: Arquivo/Sedufsm
Assessoria de Imprensa da Sedufsm