Dica cultural: jornalista indica um dentre os bons discos de 1971 SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 08/01/21 12h15m
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Rafael Balbueno fala de ‘Blue’, da musicista e poetisa Joni Mitchell, obra que completa meio século

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A musicista canadense foi considerada a 75ª melhor guitarrista de todos os tempos

Sextou na quarentena! Vencemos 2020, mas a quarentena segue no novo ano, enquanto a bendita vacina não chega. E, nós, também seguimos com um espaço mais leve, às sextas-feiras, destinado a dicas culturais. Nesta sexta, 8, a dica vem do jornalista Rafael Balbueno, que integra a equipe de jornalistas da assessoria de imprensa da Sedufsm. Ele lembra alguns dos bons discos lançados 50 anos atrás, mas acaba destacando, mesmo, o disco Blue, da cantora canadense Joni Mitchell. A obra está incluída na lista dos 200 álbuns definitivos no ‘Rock and Roll Hall of Fame’.

Atualmente com 77 anos, Joni é considerada a 75ª melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone, que também a citou como "uma das melhores compositoras da história". Vamos ao texto de Rafael Balbueno:

“Não são poucas as análises a afirmarem que a boa safra musical de 1971 é fruto de uma década de eventos que ajudaram artistas a amadurecerem em suas performances, mas também como pessoas em si. Nos anos predecessores, os Beatles tinham atingido a terra como um cometa, mudando para sempre o que seria a indústria musical, assim como o festival de Woodstock impactaria profundamente a construção desse conceito chamado “juventude” (para citar apenas dois exemplos entre muitos possíveis).

Coincidência ou não – eu, particularmente, acho que não há nada de coincidência – 1971 de fato nos presenteou com grandes discos: Sticky Fingers, dos Rolling Stones, What’s Going On, de Marvin Gaye, Here Comes the Sun, de Nina Simone, Hunky Dory, de David Bowie, Pearl, de Janis Joplin, Who’s Next, do The Who, e o disco IV, do Led Zeppelin. Contudo, feita a ressalva de que todas essas grandes obras não precisam ser comparadas, ainda assim corro o risco de eleger uma: Blue, da genial (cantora, compositora, musicista, artista plástica e poetisa) Joni Mitchell.

Nascida Roberta Joan Anderson, no Canadá, Joni Mitchell tinha apenas 28 anos quando lançou Blue. Apesar de muito jovem, já era seu 4º disco de estúdio, assim como Mitchell já era uma artista de prestígio. Letras introspectivas, extremamente pessoais, românticas (nos vários sentidos do termo) e fortemente impactadas pelas reflexões provocadas pela geração na qual Mitchell se incluía, chamavam a atenção para a artista. Como trilha de tais histórias, bases instrumentais principalmente inspiradas em folk e jazz. Tudo isso está presente em Blue – embora musicalmente este seja basicamente um disco de folk.



Aliás, Blue é fruto direto do reconhecimento crescente que a cantora lograva em 1971: após Clouds (1969), seu segundo disco, Mitchell alcança grande sucesso, e Blue é também reflexo de um processo de afastamento da vida pública, fruto do sufocamento que a fama começava a causar. Após Ladies Of The Canyon (1970), o terceiro e mais vendido disco até então, Joni Mitchell, que já havia reduzido drasticamente suas aparições, tira férias na Europa, onde boa parte das canções de Blue são compostas. Somado ao sufocamento da fama, um outro processo doloroso que inspira profundamente Blue é o término do relacionamento com Graham Nash (do The Hollies e, principalmente, do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young).

A soma dessas solidões, uma provocada pela sensação sufocante da fama, enquanto a outra versa sobre o fim de um amor, tornam Blue um disco quase transparente. Mas não pensem que eu recomendaria um disco pura e simplesmente triste após um ano que nos exigiu tanto. Blue, ao falar desses processos dolorosos, também fala dos caminhos que geralmente se abrem a partir deles. É como a descoberta de um novo relacionamento após o término que parecia incurável, ou como o salto de uma geração a outra, após a desesperança e a frustração de tempos sombrios que parecem que nunca irão passar, mas passam (Mitchell compõe boa parte de Blue sob os efeitos do pós-hippie, por exemplo). Aliás, Blue também é sobre tempo, esse elemento fundamental na equação que transforma desilusões (sejam elas amorosas ou geracionais) em recomeços.”

Ficha técnica

Blue, de Joni Mitchell

Lançamento: 22 de junho de 1971

Selo: Reprise

Produção: Henry Lewy

Nacionalidade: Canadá

Projeto gráfico: Gary Burden

Vendas: mais de um milhão de cópias

Joni Mitchell – guitarra, piano, vocal e dulcímêr;

Stephen Stills – Baixo e guitarra em "Carey"

James Taylor – Guitarra em "California", "All I Want", "A Case of You";

Sneaky Pete Kleinow – Pedal steel em "California", "This Flight Tonight";

Russ Kunkel – Bateria em "California", "Carey", "A Case of You".

Blue está incluso na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame e em 2003 foi listado na #30 posição da lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos da revista Rolling Stone – a mais alta posição para uma artista mulher.

 

Capa: Divulgação

Foto: Henry Diltz/Facebook Oficial

Texto: Rafael Balbueno com edição de Fritz R. Nunes

Assessoria de imprensa da Sedufsm

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