Lições de 22 anos de vida Publicada em 16/11/2011 89 Visualizações
O tempo não para, não para, não, não para, dizia o Cazuza. Parece que foi ontem, mas o tempo passou e a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria, SEDUFSM, completou vinte e dois anos de vida.
Um dia destes um novo colega me perguntou: - E para que serve o Sindicato? Respondi para ele: - Se lutas podes perder, mas se não lutas, estás perdido.
Desde os anos 1990 assistimos ao predomínio de uma ideologia chamada de neoliberal. Esta privilegia o mercado, a concorrência, a competitividade e a produtividade. Os governos com os quais convivemos ao longo destes vinte e dois anos, de alguma forma se renderam a essa ideologia.
Depois de mais de vinte anos de neoliberalismo, de mais mercado e menos estado, o mundo se deu conta que “mais mercado” e a “liberalização financeira” que veio junto, conduziram-nos a um mundo mais injusto. Os protestos que iniciaram nos Estados Unidos, em Wall Street, viraram um fenômeno global. Na América Latina, os estudantes secundaristas, universitários e pais chilenos estão nas ruas para exigir a mudança do modelo educacional desse país. O movimento no Chile demanda que a educação seja pública e gratuita.
A manutenção e ampliação do ensino público gratuito e de qualidade socialmente referenciada tem sido uma das bandeiras do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), do qual a SEDUFSM faz parte.
No plano salarial, com o Plano Real se esperava que não houvesse mais inflação, portanto, não haveria mais necessidade de reposição de perdas inflacionárias. Entretanto, os sucessivos Governos se negaram a dar reajustes anuais previstos na Constituição. Na luta pela preservação do valor real de nossos salários fomos forçados a entrar em greve. Mesmo assim, sofremos a imposição de gratificações e alterações de Plano de Carreira, sob a ótica de diminuição de custos, sobretudo da folha com aposentados.
Hoje, o Chile está colhendo o resultado de três décadas de reformas neoliberais na educação e a mobilizações que ocorrem por lá nos mostram que estamos no caminho certo. Para isto serviu o Sindicato. Ele é o resultado da construção coletiva de uma categoria profissional. Quem faz o Sindicato são seus associados. E, como o tempo não para, novas lutas virão por ai. Boa luta a todos e todas!
(Publicado no Diário de Santa Maria de 15.11.2011)
Sobre o(a) autor(a)
Por Ricardo RondinelProfessor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM