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Admirável e temido mundo novo

26/10/2020

José Renato da Silveira
Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM

Ao longo da História, o mercado de trabalho esteve dividido em três setores principais: agricultura, indústria e serviços. Até por volta do século XVIII, a ampla maioria das pessoas trabalhava na agricultura e apenas uma minoria estava empregada na indústria e em serviços.

Nasce o tempo histórico da manufatura mecanizada, ou seja, ocorre uma das maiores revoluções que a humanidade conheceu: a Revolução Industrial. Nasce na Inglaterra de forma significativa. Atravessa o continente europeu e cruza o Atlântico, estabelecendo-se nos Estados Unidos. Durante a Revolução Industrial, habitantes de países em desenvolvimento deixaram os campos e rebanhos. A maioria começou a trabalhar na indústria, mas, em números cada vez maiores, também se empregaram no setor de serviços.

Nas décadas recentes, os países desenvolvidos passaram por mais uma revolução: os empregos na indústria desapareciam enquanto o setor de serviços se expandia. Por exemplo, no caso dos Estados Unidos, em 2010, somente 2% dos estadunidenses trabalhavam na agricultura, 20% trabalhavam na indústria, e 78% trabalhavam como professores, médicos, web designers, e assim por diante.

Desde a Revolução Industrial já se temia que a mecanização pudesse resultar no desemprego em massa. Isso nunca aconteceu porque, como diz Yuval  Noah Harari, “quando as velhas profissões se tornaram obsoletas, novas profissões se desenvolveram, e sempre havia algo que os humanos eram capazes de fazer melhor do que as máquinas”.

É sabido que os humanos têm dois tipos básicos de aptidão: as físicas e as cognitivas. Harari afirma que “enquanto as máquinas competiam conosco meramente nas aptidões físicas, sempre haveria trabalhos cognitivos, em que os humanos apresentam melhor desempenho. Assim, as máquinas assumiram trabalhos puramente manuais, ao passo que os humanos se concentravam naqueles que requeriam algumas aptidões cognitivas”. Harari questiona – de forma provocativa – “o que vai acontecer quando algoritmos nos suplantarem nas ações de lembrar, analisar e reconhecer padrões?

Em 2004, o professor Frank Levy, do MIT, e o professor Richard Murnane, de Harvard, publicaram uma pesquisa minuciosa sobre o mercado de trabalho, listando as profissões mais suscetíveis à automação: operador de telemarketing, corretor de seguros, árbitros de modalidades esportivas, guias de turismo, jornaleiro, despachante aduaneiro, digitador, controlador de entrada e saída, ascensorista, fisioterapeuta traumato-ortopédica funcional, confeccionador de velas náuticas, barracas e toldos, gerente de vendas, agente de segurança, detetive profissional, açougueiro, trabalhador de serviços de limpeza e conservação de áreas públicas, taquígrafo, arquivistas, padeiros.

É provável que surjam muitas profissões novas. Mas essas profissões irão exigir muito mais criatividade e flexibilidade do que o trabalho atual e rotineiro.

Não podemos ignorar que “para pôr os humanos para fora do mercado de trabalho, a IA (Inteligência Artificial) só precisa nos superar nas limitadas aptidões que nossas profissões específicas exigem” (HARARI, 2016, p. 325).

É o admirável e temido mundo novo. 

Fontes: https://www.infomoney.com.br/carreira/as-20-profissoes-com-mais-chances-de-serem-substituidas-por-robos-nos-proximos-anos/

HARARI, Yuval Noah. Homo Deus: uma breve história do amanhã. Trad. Paulo Geiger. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.




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