Dica cultural: disco clássico do Supertramp completou 40 anos SVG: calendario Publicada em 04/12/20 11h20m
SVG: atualizacao Atualizada em 04/12/20 11h47m
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Márcio Grings fala da importância da banda e do disco ‘Paris’, lançado em 1980

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A banda de rock britânica Supertramp

Sextou na quarentena! E, nesta sexta, 4 de dezembro, a dica vem do jornalista, músico e produtor cultural, Márcio Grings. Além da experiência em rádios da cidade e de fazer parte da banda inspirada em Neil Young (‘Harvest Moon’), Grings é um aficcionado pelo rock de todas as idades. No texto que publicamos a seguir, ele fala sobre a importância da banda de rock progressivo britânica, Supertramp, e especificamente de um dos discos icônicos da banda, lançado em 1980, que se chama ‘Paris’.

“Supertramp: ‘Paris’, 40 anos de um clássico

O rock dos anos 1970/80 não seria o mesmo sem o Supertramp — principalmente na conjunção daquelas décadas, quando a banda inglesa enfileirou nas paradas de sucesso uma dezena de hits que definiram um dos ápices criativos da música internacional. Após sair do Supertramp, em 1983, Roger Hodgson investiu numa carreira solo bissexta, obtendo relativo sucesso, inclusive com várias passagens pelo Brasil. Assim como o Supertramp, que também cruzou pelo país em 1988 — como uma das principais atrações do Hollywood Rock, e sob o comando de Rick Davies.  

Após essa contextualização, uma lembrança merece ganhar luz nesse ano de 2020 — os 40 anos do lançamento de “Paris”, registro ao vivo de uma banda no ápice de seu tour-de-force criativo. 

‘Paris’ foi gravado na terceira das quatro noites que lotaram o Pavillon, lendária casa de espetáculos localizada na capital francesa, em novembro de 1979, em pleno Breakfast in America Tour, turnê homônima alusiva ao seu álbum de maior sucesso, título responsável por cravar quatro singles nas paradas e futuro ganhador de dois Grammy. O resultado dessa captura foi empacotado num álbum duplo, que teve sua estreia nas prateleiras em setembro de 1980.

Especificamente naquele recorte de tempo, o relacionamento de Rick Davies (voz, harmônica e teclados) e Roger Hodgson (voz, guitarra e teclados) vivia mais algum de seus momentos críticos, sustentado pelo sucesso e pelo contrato. Longe de serem amigos íntimos ou parceiros, mesmo assim, como profissionais — eles dividiam o palco e vocais. Entre discordâncias, principalmente na ordem artística, clássicos não deixaram de florescer. E foram muitos. Vendo o DVD de “Paris” (lançado tardiamente em 2006, e disponível no Brasil), fica fácil perceber que a dupla praticamente não interage entre si: não há a mínima troca de olhares ou qualquer comunicação fora do protocolo de uma canção. Apesar disso, tudo flui na apresentação.

Completam a banda, Dougie Thomson (baixo), Bob Siebenberg (bateria) e John Helliwell (saxofone, sopros, e vocais de apoio), esse último também responsável pela interlocução com o público. Davies e Hodgson só abrem a boca para cantar. Rick quase nunca sorri, Roger parece mais à vontade.

 ‘Paris’ é um dos discos da minha vida, seja pela enxurrada de hits que cooptaram as paradas daquele período, ou até mesmo pelas longas incidências instrumentais, além de flertes com diversos gêneros. Por exemplo, temas como “School”, “The Logical Song”, “Breakfast in America”, “Dreamer” e “Take the Long Way Home”, tocaram exaustivamente nas rádios nos dois lados do Atlântico.  Contudo, na cabeça de um jovem como eu, na época com 15 ou 16 anos (quando conheci o disco), a virada de chave e a consequente introdução em um novo universo musical, começaria ali.

O que fui concluir anos depois é que essa jogada de muitas vezes deixar a guitarra no segundo plano, para colocar o piano elétrico Wurlitzer na linha de frente (uma das marcas definitivas do grupo) — esse mérito certamente precisa ser creditado ao Supertramp. São as teclas que organizam o som da banda. Alguns temas, inclusive, não possuem guitarra.

É curioso como o Supertramp não renovou o seu público, pois é difícil ver a molecada de hoje curtindo os discos do grupo britânico. A dissidência entre Hodgson e Davies e o consequente aparte do compositor de “Dreamer” pode ser um dos responsáveis. Na contramão, o pessoal old school do rock continua pagando pau para o grupo e esse álbum! Existe nesse conjunto de canções um cruzamento deliberado de gêneros musicais, mas há principalmente uma facilidade em aproximar o rock progressivo do pop, isso sem deixar de apresentar um raro refinamento artístico.

Inimitável, eu diria. E tudo é tocado magistralmente ao vivo.  Apesar da consequente aclamação, décadas depois Roger Hodgson tentou impedir Rick Davies e o Supertramp de lançar ‘Paris’ em DVD, pois no julgamento de Hodgson, sua performance foi deficitária. Puro preciosismo. A pendenga da dupla na verdade só serviu para impedir qualquer movimento de retorno a formação clássica desfeita em 1983.  

Lembro-me de ouvir ‘Paris’ no escuro, absorvendo cada átimo dos quatro lados do vinil. E lá se vão décadas. Mesmo assim, dentro do abrangente escopo do rock mundial, à sombra do meu crivo pessoal — esse disco continua no alto do pódio. E de lá ele nunca sai. Toda vez que saco o LP do invólucro da capa, e o coloco para girar no toca-discos, já nos primeiros estalos do acetato, ao soar da harmônica de Rick Davies e, logo depois, quando Roger Hodgson canta a primeira frase de "School", a mágica se materializa — “I can see you in the morning when you go to schoooool” — há 40 anos...”.

Márcio Grings

Jornalista, radialista, músico e produtor cultural.

 

Edição: Fritz R. Nunes
Imagens: Arquivo Pessoal e Pablito Diego
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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