8 anos sem punição no caso Kiss tem gosto amargo de injustiça, diz Flávio Silva SVG: calendario Publicada em 27/01/21 18h09m
SVG: atualizacao Atualizada em 27/01/21 18h29m
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Presidente da AVTSM diz ser impossível esquecer a tragédia e que acredita na Justiça

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Nova fachada do prédio da antiga boate Kiss, com arte de Deivisom Lima (DS Lima)

Depois daquela madrugada fatídica, em 27 de janeiro de 2013, a vida mudou drasticamente para Flávio Silva, pai da Andrielle Righi, que pereceu no incêndio da boate Kiss, aos 22 anos. O seu Flavio, como a maioria o chama, marido da dona Ligiane Righi, pai da Gabrielle, passou a viver o luto não de forma passiva. Ao contrário, se dedicou a  lutar para que o triste evento não caísse no esquecimento. Dias após a tragédia, junto com uma série de outros pais e familiares que haviam perdido parentes na Kiss, organizou o Movimento do Luto à Luta, responsável por várias passeatas e protestos que reivindicavam punição aos responsáveis.

E seu Flávio, hoje com 58 anos, nunca mais parou a luta. Em 2014, assumiu a vice-presidência da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e, a partir de 2019, a presidência da entidade. É essa constante disposição para lutar que não permite que o casal esmoreça, apesar das constantes manifestações, via redes sociais, em que expressam o tamanho da dor e da tristeza que ainda sentem. Atualmente, eles contam também com o apoio profissional da filha, Gabrielle Righi da Silva, 25 anos, que pela sua formação de jornalista, auxilia no trabalho de comunicação da AVTSM.

Vencidos quase 3 mil dias da tragédia (8 anos), qual o sentimento que passa pela cabeça? Flávio Silva, que junto com outros familiares, sempre defendeu que agentes públicos municipais também tinham que ser incluídos no processo, vê a falta de punição até mesmo para os responsáveis diretos pelo incêndio, com uma sensação de “gosto amargo de injustiça”. Perguntado se ainda sente apoio da comunidade à luta por justiça, responde que sim, mas que também percebe que muitas pessoas gostariam que esquecessem tudo. “Não há como esquecer a realidade que vivemos sem nossos filhos e sem que tenha sido feito justiça”, enfatiza ele.

Acompanhe o depoimento do presidente da AVTSM, Flávio Silva.


Flávio com a filha, Gabrielle, e a esposa, Ligiane


Pergunta- Após oito anos da tragédia que ceifou 242 vidas, qual o sentimento dos familiares?

Resposta- Passados oito anos, a impunidade tem o gosto amargo da injustiça.

Pergunta- O sr. destacaria algum fato positivo nesses oito anos após a tragédia que valeria a pena de ser ressaltado?

Resposta- Um dos pontos positivos é a Associação (AVTSM) ter participação na frente parlamentar mista de prevenção contra incêndios. Também temos a importante parceria com a rede de farmácias São João, que fornece medicamentos, de forma gratuita, para sobreviventes e pais de vítimas.

Pergunta- Os familiares ainda contam com o apoio de boa parte da comunidade local ou atualmente há uma tentativa de esquecimento?

Resposta- A maioria da população apoia nossa luta por justiça, mas há muitos que acreditam que devemos esquecer a tragédia. Não há como ‘esquecer’ a realidade que vivemos sem nossos filhos e sem que tenha sido feito justiça.

Pergunta- Os familiares ainda esperam que, além dos empresários e músicos, algum agente público possa ser responsabilizado pela tragédia?

Resposta- Além dos quatro réus que respondem pelos homicídios e irão a júri, têm os bombeiros que foram condenados e esperarmos que a sentença seja mais severa pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Pergunta- O advogado da AVTSM, Pedro Barcellos Jr., em entrevista à Sedufsm, diz que, independente do resultado, considera que é preciso acreditar no sistema judiciário? O sr. acredita? Continuará acreditando?

Resposta- Mesmo com toda essa demora que se transformou num caso de grande impunidade, devemos acreditar na justiça para manter as nossas esperanças.

Marcha pelas ruas de Santa Maria, em janeiro de 2014, primeiro ano após a tragédia


Texto e entrevista: Fritz R. Nunes
Fotos: Dartanhan Figueiredo, Arquivo pessoal e Arquivo/Sedufsm

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