CEPE discute, nesta terça, proposta de retorno gradual para a UFSM SVG: calendario Publicada em 08/02/21 18h32m
SVG: atualizacao Atualizada em 08/02/21 19h17m
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Docentes e estudantes problematizam impactos da proposta, que será debatida a partir das 8h30, com transmissão online

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Às 8h30 desta terça-feira, 9, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM reúne-se de forma virtual para discutir, dentre outros pontos, a proposta de calendário acadêmico elaborada pela pró-reitoria de Graduação (Prograd) para o primeiro semestre de 2021. Quem desejar acompanhar a sessão poderá fazê-lo via site do Farol.

Segundo a proposta da Prograd, encaminhada ao Gabinete do Reitor na última semana, haveria a possibilidade de um retorno híbrido, com a oferta de algumas disciplinas práticas e teórico-práticas na modalidade presencial. Ainda que o cenário não seja de um retorno massivo às aulas, a flexibilização das medidas de distanciamento social adotadas pela UFSM desde março do ano passado vem preocupando alguns setores. O Conselho de Representantes e a diretoria da Sedufsm, inclusive, já se posicionaram contundentemente contrários a um retorno sem segurança sanitária.

Claudia Benetti é docente do Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Profissional, vinculado ao Centro de Educação da UFSM. Ela conta que o curso em que leciona possui disciplinas teórico-práticas em seu currículo, a exemplo dos estágios supervisionados realizados em Instituições de Educação Profissional Técnica de Níveis Fundamental e Médio. Tais atividades foram suspensas no último ano, visto que não puderam ser adequadas para a forma remota. “Teremos atrasos para fechamento/integralização de carga horária em turmas do curso. E este é o preço que todos temos que pagar frente aos efeitos da Covid 19”, pondera Claudia.

Embora lecione num curso que possui uma carga horária de atividades práticas, ela enxerga com bastante preocupação a proposta de um retorno à presencialidade, ainda que de forma gradual e escalonada. Motivos elencados pela docente para engrossar sua oposição à proposta são o aumento da circulação de pessoas tanto em Santa Maria quanto em cidades próximas, o que viria a contribuir para taxas mais altas de disseminação do vírus. Na avaliação de Claudia, o fato de a UFSM ter suspendido as atividades acadêmicas e administrativas não essenciais desde março de 2020 foi central para que a região não conhecesse um aumento galopante de contaminações e mortes.

“Considerando que não temos testagem em massa, que a vacinação da população está em um ritmo lento, que temos novas cepas do vírus circulando no Brasil e, especialmente, que o princípio que rege as orientações de infectologistas, de pesquisadores e da OMS, é o de evitar ao máximo as situações que ampliem a circulação do vírus e para evitar contágios, internações e mortes, penso que é uma proposta que pode trazer problemas mais graves futuramente e que necessita de mais tempo de discussão coletiva”, problematiza a docente, referindo-se ao memorando da Prograd em pauta no CEPE desta terça.

Permanecer em trabalho remoto é a solução apontada neste momento por Claudia, que também perspectiva como fundamental a construção de uma frente de luta com outras Instituições de Ensino em defesa da vacinação, critério para a retomada do presencial. “Entendo que disso não podemos abrir mão, especialmente neste momento em que mais de 230 mil pessoas no Brasil tiveram suas vidas ceifadas”, conclui a docente.

Possíveis problemas

Daniel Balin, representante estudantil no CEPE, diz que este semestre deve iniciar remotamente, abrindo a possibilidade, mais para a frente, de um retorno gradual de forma híbrida, conciliando presencial e remoto. Contudo, o estudante, que também integra a atual gestão do Diretório Central dos Estudantes, expressa uma preocupação que paira sob esse debate: a ideia de que muitos cursos com atividades práticas ou téorico-práticas possam querer voltar em momentos semelhantes e, assim, perca-se o controle. Frente a esse receio, ele diz que foi incluída, na nova resolução a ser discutida no CEPE, a proposta de que a comissão de biossegurança da universidade exerça o controle sobre os cursos que irão voltar, decidindo sobre aprovar ou não os planos de retorno que tais cursos apresentarem.

“Com essas medidas, acreditamos possuir um bom controle dessa volta e que garanta segurança para alunos, professores e para os técnicos que trabalham em nossa universidade. É importante garantir que a universidade tenha compromisso, nessa possível volta gradual, com as e os estudantes moradores das casas dos estudantes, pois a possível volta presencial implica em questões da moradia estudantil, da alimentação (visto que o Restaurante Universitário está fechado), dentre outras demandas de assistência estudantil. Tendo assim que a universidade estar bem planejada para essas demandas nesse retorno, tendo em vista também o possível corte orçamentário já previsto para esse ano”, argumenta Balin. A UFSM irá receber, em 2021, 18,5% a menos do que recebeu em 2020.

Falta de amparo

Para além do debate sobre a volta ou não à presencialidade, outra discussão vem acompanhando a categoria docente – e, junto a ela, os estudantes – desde o ano passado: a qualidade do ensino mediado pelo REDE (Regime de Exercícios Domiciliares Especiais). Ada Machado Silveira, docente do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM e membro do Conselho de Representantes da Sedufsm, qualifica como lamentável a falta de amparo que vêm sofrendo docentes e estudantes desde que o modelo remoto foi implementado. A situação, para ela, é de omissão e abandono.

De início, a docente já lembra que o REDE não é sinônimo de Educação a Distancia (EaD). Enquanto o primeiro teve uma formulação mais apressada e específica para atender às demandas do período de pandemia, o segundo possui uma “estrutura, planejamento de conteúdos e acompanhamento com tutores”.

Uma das coisas que mais ressentem a professora é a falta de um retorno sobre a qualidade das atividades realizadas de forma remota. Ela explica que não há qualquer levantamento sobre as reais condições de acesso dos alunos, de forma que ela realiza tal mapeamento autonomamente em suas disciplinas.

“Eu tenho alunos que acessam através de um telefone precário, com uma conexão precária. Eu tenho que trabalhar com uma internet doméstica, que, por felicidade, está boa, mas eu tenho colegas cuja conexão é muito precária. E a gente também tem que trabalhar em casa com equipamentos pessoais, nossos telefones, computadores e softwares. Nada disso foi debatido e encaminhado”, desabafa a docente, citando o edital da pró-reitoria de Assuntos Estudantis que concedia bolsa para conexão de internet a alguns alunos como a única iniciativa no sentido de enfrentar a questão da exclusão digital.

Ada ressalta que vem ocorrendo uma confusão em relação ao ano passado. Em 2020, a adesão ao REDE foi facultativa por parte dos estudantes, de modo que, aqueles que não quisessem dar seguimento às atividades de forma remota, poderiam ter acesso a um semestre suplementar após a volta à presencialidade. Contudo, segundo a nova proposta, esses alunos teriam de, necessariamente, fazer tal semestre suplementar de forma online este ano. “Como fica isso? Esses problemas ficam todos depositados nos professores”, questiona.

A docente ainda destaca que os próprios estudantes vêm tendo dificuldades para entender o funcionamento do REDE e que vêm ocorrendo quebra de pré-requisitos nas disciplinas dentro dos cursos. Questões que não foram debatidas coletivamente.

“Estou muito descontente com essa condição. Tudo isso é muito difícil”, lamenta.

Universidade e pandemia

As atividades acadêmicas e administrativas não essenciais estão suspensas desde 16 de março de 2020 na UFSM. Contudo, isso não significou nem de longe que a universidade parou. Pelo contrário, inúmeros projetos foram e vêm sendo desenvolvidos, seja no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão. No documentário “Universidade e Pandemia”, mostramos alguns desses projetos, apresentados pelos próprios proponentes docentes e técnico-administrativos em educação, que também falaram sobre os desafios do trabalho remoto, tais como a sobrecarga e a introdução de novas ferramentas. Assista aqui.

 

Texto: Bruna Homrich

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Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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