Dica cultural: álbum cinquentão é sugestão de historiador
Publicada em
14/05/21 13h41m
Atualizada em
14/05/21 13h51m
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Professor Carlos Armani descreve importância de ‘Master of reality’, do Black Sabbath
Sextou na quarentena! Mais um dia de isolamento social, pouco mais de um ano do início da pandemia. E, nesta sexta, 14, a dica cultural vem do professor Carlos Armani, do departamento de História da UFSM. O docente, que é um admirador do estilo heavy metal, se considerando, inclusive, metaleiro, sugere a audição de “Master of reality”. O álbum do ‘Black Sabbath’ é mais um daqueles clássicos do rock que chega aos 50 anos. Boa leitura!
“Um álbum cinquentão
Nem sempre é fácil definir uma geração. Qual seria seu esteio? A biologia, um modo de pensar? Um tipo de comportamento? Na música, falar sobre geração implica uma mistura de dado biológico bruto, modos de expressão estética e conjuntura social. O heavy metal, como um gênero que surgiu associado a um tipo de rebeldia juvenil e a uma crítica ao status quo, ainda é demarcador de uma identidade geracional que, às vezes, ritualiza a passagem de uma fase da vida, como um momento a ser “ultrapassado” pela fase adulta.
Mas... Gerações se sucedem. E se mantém um tipo de ritual que faz as idades se fundirem, faz álbuns que marcaram uma juventude parecer atemporais ou persistentes ao tempo. Talvez esse seja um dos modos de definição de clássico. E é sobre um clássico da música que vai a dica cultural de hoje: trata-se do álbum Master of reality, do Black Sabbath, que comemora seus 50 anos de lançamento em julho deste ano, mas cuja gravação ocorreu entre fevereiro e maio de 1971.
Master não é o álbum de estreia da banda inglesa (ele sucede os álbuns Black Sabbath e Paranoid), mas é um dos álbuns que, no jargão dos metaleiros (entre os quais, eu me incluo), inaugura o peso que marcaria o heavy metal e diversos outros subgêneros derivados dele, tais como o stoner, o doom e mesmo o thrash, ao menos em certos ritmos conduzidos pelo baterista Bill Ward. Contudo, não é somente a imposição rítmica da bateria que fez a diferença. O guitarrista Tony Iommi, por uma questão de adaptação decorrente de um acidente que cortou a ponta de dois dedos de sua mão, baixou a afinação de sua guitarra na composição e na gravação, o que deixou o som da banda mais sombrio. Sombrio e pesado: tudo que o metal precisava.
Algumas músicas como After forever, Children of the grave e Sweet leaf tornaram-se verdadeiros hinos do metal e dificilmente alguém que adentra os meandros desse universo deixa de conhecê-los. Eles inspiraram riffs de guitarras, ritmos de bateria, letras e mesmo nomes de bandas. Não podemos contar a quantidade de bandas que fizeram covers ou que se influenciaram, de um modo ou de outro, pelas composições de Master.
Passados mais de 50 anos desde o início da gravação e finalização de Master, o que podemos ouvir, admirar e nos espantar com essa obra de arte é sua atualidade em termos de composição musical. Então, se você não conhece Master of reality, confira-o nas plataformas digitais, na internet, no vinil, na fita cassete (raros os que têm os dois últimos). A lição que permanece ao o contemplarmos é: as gerações se sucedem, o heavy metal fica”.
Carlos Henrique Armani
Professor do departamento de História da UFSM.
Imagens: Youtube e divulgação
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)