O legado de Pedro Rabelo Coelho para o movimento docente
Publicada em
28/01/15 19h16m
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Professor aposentado da UFSM faleceu no último domingo, 25
Ele foi um dos 66 professores que assinaram a lista de presença da assembleia realizada em 7 de novembro de 1989. A pauta: fundação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM – SEDUFSM. Tendo se aproximado do movimento sindical docente desde que chegara à UFSM, em 1978, anos mais tarde compilaria em um livro boa parte da trajetória de luta dos professores universitários em Santa Maria, bem como passos importantes dados pelo sindicalismo no seio das universidades brasileiras. Pedro Rabelo Coelho, docente aposentado do departamento de Administração Escolar da UFSM, faleceu no último domingo, 25, mas deixou um grande legado nesses 25 anos da SEDUFSM e, mais que isso, na história dos docentes da cidade.
“Sempre entendi que a Universidade não podia ficar alheia aos problemas político-sociais e que o trabalho docente devia responder aos desafios colocados pelo contexto social. Quando, em 1988, decidi fazer o doutorado em Educação (na UFRGS), já tinha o projeto de aprofundar a chamada ‘questão sindical’ no meio acadêmico”, disse Coelho em entrevista concedida há alguns anos para a revista que marcou as duas décadas do sindicato.
Ricardo Rondinel, membro do Conselho de Representantes da SEDUFSM, lembra que o professor foi figura ativa nos grupos de trabalho (GT’s) de História do Movimento Docente e de Carreira Docente do ANDES-SN. “Participou do movimento desde a APUSM. Depois, escreveu tese de doutorado que contava a história do movimento ocorrido em Santa Maria. Na gestão da professora Berenice (Corsetti) e na minha, ele apresentou a proposta de transformar a tese de doutorado em livro. Hoje é o único livro que conta a história do movimento docente de Santa Maria, desde sua fundação no final dos anos 1970 até mais ou menos o período no qual houve o rompimento da APUSM com o ANDES-SN. É um livro muito importante”, opina Rondinel, presidente da SEDUFSM quando do lançamento da publicação.
Pedro Rabelo Coelho não ficou apenas na observação e estudo do movimento docente. Participou ativamente deste, integrando diversas das greves deflagradas em seu período de universidade. O livro a que Rondinel se refere é intitulado ‘Sindicalismo na Universidade’ e teve seu lançamento oficial no XV Congresso do ANDES-SN, ocorrido no ano de 1996, em Santa Maria.
Ainda sobre o livro, Coelho comentou, na mesma entrevista citada anteriormente: “É preciso mergulhar na própria história, refletir sobre a mesma, para entender tanto a importância do movimento sindical no contexto universitário quanto suas limitações e desafios”. Junto a isso, lançou um desafio aos novos pesquisadores e militantes: mais estudos sobre a temática. “O trabalho que fiz, analisando as origens deste movimento, a construção da ANDES e sua transformação em Sindicato Nacional, as greves do período 1980-1991, discutindo o conflito e a ruptura no interior de uma associação docente (o caso APUSM), com a criação da SEDUFSM, pode servir de inspiração para estudos mais completos”.
No ano de 2005, o professor participou do projeto ‘Repensar a Universidade’, idealizado pela seção sindical, e cuja temática, daquela vez, era exatamente um de seus objetos de análise: o movimento sindical na universidade. Ainda durante seu período de exercício na UFSM, integrou a Regional RS do ANDES-SN. Nos últimos anos de sua vida, escolheu o estado de Santa Catarina para residir.
Texto: Bruna Homrich
Foto: Arquivo/SEDUFSM
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM