Em meio à pandemia, Guedes quer privatizar quatro estatais SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 16/07/20 10h44m
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Para economista da UFSM, estratégia de enfrentamento à crise deve passar pelo fortalecimento de ativos estatais

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Com a alegação de que a venda de empresas estatais trará reforço aos cofres da União durante a crise do novo coronavírus e poderá atrair investimentos para o país, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve propor quatro grandes privatizações para ocorrerem ainda no ano de 2020: Eletrobrás, Correios, Porto de Santos e Pré-Sal Petróleo S.A.

Para o docente do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM, Daniel Coronel, o governo atua na contramão de tudo que seria necessário para fortalecer o país em meio às crises geradas pela pandemia.

“Essa é mais uma atitude equivocada e irresponsável do governo federal. Num momento de forte pandemia e de crise econômica, política e social que estamos vivendo, o governo insistir com a privatização de um ativo tão importante mostra, mais uma vez, o senso de irresponsabilidade, a falta de comprometimento e sentido de nação deste governo. Por dois motivos:

O primeiro é que, neste momento, é fundamental o fortalecimento do estado nação, e isso passa necessariamente pelo fortalecimento dos importantes ativos estatais do estado, dentre eles a Petrobrás, a Eletrobrás, e outras estatais. O governo quer, num momento de forte pandemia, vender a Eletrobrás, os Correios, o Porto de Santos, o pré-sal, sendo que neste momento o mais estratégico, do ponto de vista econômico-financeiro, seria fortalecer essas instituições e utilzar as mesmas dentro de um projeto maior de desenvolvimento econômico e social”, explica Coronel, que integra o Observatório Socioeconômico da Covid-19, projeto da UFSM – com participação de outras universidades – que objetiva analisar os impactos econômicos da pandemia nos níveis regional, estadual e federal.

O segundo motivo que explica a irracionalidade da proposta de Guedes seria, segundo Coronel, o fato de os mercados financeiros estarem em retração, ou seja, estarem amargando uma debilidade econômica, o que também criaria um cenário muito desfavorável a qualquer venda de ativo.

Já é histórico no Brasil, conta o historiador, a venda de empresas estatais por preços muito baixos. “Nós estamos observando o estado vendendo importantes ativos estatais com preços muito abaixo do mercado e estamos também tendo serviços de má qualidade. Já que apregoam que tudo que vai para a iniciativa privada é melhor, nós poderíamos esperar o melhor serviço, mas não é isso que estamos vendo”, diz Coronel, trazendo o exemplo do setor de telefonia, privatizado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. “Hoje boa parte da população tem dificuldades de acesso e paga serviços altamente caros”.

Na avaliação do economista da UFSM, o tema das privatizações deve ser tratado com acuidade e seriedade. “Mas, além disso, sempre temos que ter como norte a defesa do fortalecimento das instituições nacionais, do patrimônio público, para a estratégia maior de desenvolvimento econômico, e isso passa pelo fortalecimento de instituições como a Petrobrás, o Banco do Brasil, os Correios e a Caixa Econômica Federal”, conclui.

Argumento oportunista

Atnágoras Lopes, da secretaria executiva nacional da CSP-Conlutas, diz que a proposta de privatização de Guedes é repugnante, mas não surpreende, pois vinda de um governo ultraliberal na economia e que tratou de criar, assim que assumiu, a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados.

“O Paulo Guedes é testemunho dessa catástrofe por si só. Ele é da escola privatista chilena, no caso também ditatorial. A excepcionalidade é o reforço do anúncio agora, no meio da pandemia. A pandemia é excepcional, não a atitude de vender tudo, porque muita coisa já foi vendida nesse país anteriormente, inclusive por outros governos, e mais ainda agora, porque a lógica é o projeto vulgarmente chamado de estado minimo. O argumento de fazer caixa para enfrentar a crise financeira é um argumento oportunista pois se utiliza da crise da pandemia para seguir aprofundando uma política que é estrutural desse governo. A BR distribuidora já foi vendida. Já está anunciada a privatização de oito refinarias de petróleo. A Eletrobras está em bancarrota. [No vídeo da reunião ministerial] vimos a declaração do Guedes sobre o Banco do Brasil”, explica Lopes.

O dirigente acredita que não é possível barrar a lógica privatista de Guedes sem, necessariamente, barrar o governo de Bolsonaro e Mourão como um todo. Ele lembra que, assim como a crise da pandemia vem sendo utilizada para justificar privatizações, também vem sendo manipulada para fazer avançar a retirada de direitos dos trabalhadores no Congresso Nacional.

“Isso [plano de privatizações] está em consonância com o que vem sendo feito no ataque aos direitos. No meio da pandemia, o Congresso Nacional impõe reformas trabalhistas a conta gotas. Não se resolve trocando ministro. A luta contra Guedes e sua sanha privatista é, em primeira instância, uma luta para derrubar Bolsonaro e Mourão. Nós chamamos todos os movimentos a intensificarem uma campanha para botar para fora o governo”.

 

Texto: Bruna Homrich

Fotos: Isac Nóbrega/PR/Wikimedia Commons (foto 1), Arquivo/Sedufsm (fotos 2 e 3)

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

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