Hospital da UFSM é primordial no apoio a sobreviventes da Kiss
Publicada em
27/01/21 16h14m
Atualizada em
27/01/21 17h57m
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Centro Integrado de Atenção às Vítimas de Acidente (Ciava), criado em 2013, já fez 21 mil atendimentos
O incêndio da boate Kiss, ocorrido na madrugada de 27 de janeiro de 2013, gerou a perda de 242 vidas, fato que até hoje deixa enlutadas centenas de famílias. Ainda que as mortes sejam o fato mais expressivo da tragédia, os sobreviventes e os familiares, seguiram tendo que enfrentar os efeitos daquele episódio traumático. Num esforço para tentar amenizar essas dores, tanto físicas como psíquicas, a UFSM, através do Hospital Universitário (Husm), criou poucas semanas após a tragédia o Ciava (Centro Integrado de Atenção às Vítimas de Acidente).
Inicialmente planejado para funcionar ao longo de cinco anos, o Ciava segue até hoje atendendo pacientes afetados pelo incêndio. Conforme Anna Ourique, fisioterapeuta, chefe da Unidade de Reabilitação do Husm, que inclui, além do Ciava, Serviço de Fisioterapia, Serviço de Fonoaudiologia, Serviço de Reabilitação Cardíaca, entre outros, durante esses oito anos a partir da tragédia, o Ciava respondeu por um total de 21 mil atendimentos, envolvendo profissionais especializados das mais diferentes áreas, como por exemplo, pneumologistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, cirurgiões plásticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, etc.
Sem a existência do Ciava, provavelmente os sobreviventes e seus familiares encontrariam muito mais dificuldade, pois o atendimento especializado através do Sistema Único de Saúde (SUS) não se encontra em qualquer lugar, a qualquer momento. Perguntado sobre o trabalho do Centro Integrado no Husm, o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia (AVTSM), Flávio Silva, é curto e direto: “É um excelente serviço. Nunca ouvi reclamações de ninguém”.
Para dar uma ideia sobre a importância do trabalho do Ciava, fizemos uma pequena entrevista com a fisioterapeuta, mestre em Ciências da Reabilitação Neurológica, Anna Ourique (foto abaixo), que também é chefe substituta da Unidade de Reabilitação do Husm e coordenadora do Ciava. Acompanhe a seguir.
Sedufsm- Qual a importância da criação do Ciava?
Anna- O Ciava foi criado no momento em que foi verificado que os sobreviventes da boate Kiss precisariam uma continuidade do tratamento com o objetivo de reabilitação como um todo. Muitos sobreviventes apresentaram complicações pulmonares e/ou sintomas psiquiátricos e também queimaduras corporais, que precisariam de um cuidado multiprofissional para retomar suas atividades diárias como as laborais.
Sedufsm- O Centro tem conseguido cumprir o papel para o qual foi criado?
Anna- Sim. Infelizmente foi criado devido à tragédia, mas também podemos dizer que aprendemos muitos nesses anos e que através do nosso aprendizado e estudos, pudemos ajudar outros lugares em que ocorreram tragédias, citando apenas dois: o incêndio de uma creche em Janauba – MG, incêndio em Floresta, em Portugal, onde foram requisitado nossos protocolos de atendimentos. Reabilitamos os sobreviventes e continuamos atendendo pacientes queimados, na fase de atendimento ambulatorial.
Sedufsm- Há recursos humanos e financeiros suficientes ou precisaria de maior investimento?
Anna- Neste momento, dispomos de recursos humanos e financeiros suficientes para estes atendimentos.
Sedufsm- Qual o balanço numérico dos atendimentos feitos nesse período? Aliás, quais os tipos de atendimento, de forma detalhada?
Anna- Computando todas as áreas atendidas pelo Ciava nestes oito anos tivemos em torno de 21 mil atendimentos. A equipe do Ciava é composta por: assistente social, clínico geral, pneumologista, cirurgiões plásticos, otorrino, psiquiatra, enfermeira, fisioterapeutas, fonoaudióloga, psicóloga, terapeuta ocupacional.
Texto e entrevista: Fritz R. Nunes
Fotos: Arquivo pessoal
Assessoria de imprensa da Sedufsm