40º Ponto de Pauta debate os 60 anos da renúncia de Jânio Quadros SVG: calendario Publicada em 08/09/21 17h36m
SVG: atualizacao Atualizada em 08/09/21 17h59m
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Edição entrevistou o docente de História da UFJF, Francisco Carlos Teixeira

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Hoje já é quase consensual que renúncia de Jânio foi encenação com objetivo de dar um golpe de Estado, diz Teixeira

Os 60 anos da renúncia de Jânio Quadros, completos no último dia 25 de agosto, foram o tema da 40ª edição do Ponto de Pauta, o programa de entrevistas da Sedufsm. Para tecer um breve perfil sobre a figura política de Jânio, assim como analisar as motivações e os desdobramentos de sua renúncia, o entrevistado da semana foi o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Francisco Carlos Teixeira, mestre em História do Brasil, doutor em História Social e pós-doutor em História Política e Social.

De pronto, Teixeira já explica o cenário que tornou possível a chegada de Jânio ao poder de Estado no Brasil. Segundo o professor, a política brasileira, desde os anos 1930, era capitaneada por lideranças de tipo carismático. Após o suicídio de Getúlio Vargas, contudo, abriu-se um vazio marcado pela ausência de uma nova liderança que apresentasse tal característica. Jânio, então, ocupa esse espaço, sendo encarado como um presidente carismático da direita.

Alguns aspectos da época que podem dar pistas para entendermos a renúncia como uma tentativa de golpe são o fato de Jânio ter enviado seu vice, João Goulart, em visita à China Popular (Comunista), país com o qual o Brasil não costumava ter relações diplomáticas; as debilidades da aviação naquele tempo histórico, que dificultariam um rápido retorno de Jango ao Brasil, visto que o deslocamento por vias aéreas era mais demorado; o anticomunismo ferrenho presente nas instituições brasileiras – Forças Armadas, Igreja, Mídia; o antivarguismo e a ideia construída de que Jango seria um sucessor de Getúlio; o sistema constitucional brasileiro que previa eleições independentes para presidente e para vice, de forma que Jânio e Jango não formaram uma chapa para a disputa - pelo contrário, vinham de chapas distintas.

“A renúncia [de Jânio] era a encenação de uma tentativa de golpe de Estado. Hoje esse entendimento é mais ou menos consensual. Impedir a chegada de Jango à presidência era muito importante. Não podemos dizer que a renúncia do Jânio foi o clímax de uma crise. O país foi pego de surpresa, as Forças Armadas foram pegas de surpresa, assim como o Senado a Câmara. E a surpresa fazia parte dessa grande encenação montada por Jânio, no sentido de criar o maior impacto possível com sua renúncia”, comenta Teixeira.

Ele ainda pondera que Jânio, em nenhum momento, nomeia quem seriam as tais “forças terríveis” que supostamente tentavam o derrubar.  

“Ele não diz ‘eu não posso governar por causa das pressões dessa ou daquela instituição’. Vemos, nas crises, que os presidentes podem dizer que o Congresso não os deixa governarem ou que eles estão sendo pressionados pelas Forças Armadas. No caso do Jânio, ele fala em forças terríveis, mas nunca nomeia essas forças”, esclarece.

Contradições

Jânio era um figura conhecida por fazer malabarismos políticos e transitar facilmente de uma ponta a outra do jogo político interno e externo. Foi em seu governo, por exemplo, que Ernesto Che Guevera, no ápice da Revolução Cubana, recebeu a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul, fato que deu grande visibilidade à política externa brasileira naquele momento.

“Faz parte dessa linha sinuosa que Jânio desenvolvia, horas tinha uma política muito à direita, horas muito à esquerda. Você não tinha clareza de para onde caminhava essa política. Internamente, ele desenvolveu a política anticomunista de uma forma muito notória. Ele pretendia sem dúvida organizar um golpe de Estado no qual o Congresso cedesse a ele plenos poderes. Esse era o caminho que ele queria com aquela pretensa renúncia”, comenta Teixeira.

O pretenso combate à corrupção

O carro-chefe da propaganda política de Jânio Quadros era o combate à corrupção, sintetizado no slogan “varre, varre, vassourinha, varre a corrupção”. É possível, hoje, fazermos um paralelo com o próprio movimento que alçou Bolsonaro ao poder e que tinha, como reivindicação estruturante, o combate à corrupção. Para Teixeira, contudo, a vassourinha de Jânio já expressava um potencial problema.

“Ela aparece sempre como uma simbologia de que essas figuras são totalmente novas, não pertencem ao mundo tradicional da política e da corrupção. Isso sempre é perigoso porque desqualifica a política. Essa história [de Jânio] não mostra como acertar, mas mostra como já se errou”, conclui.

A 40ª edição do Ponto de Pauta pode ser assistida, na íntegra, em nosso canal do Youtube ou aqui mesmo, abaixo:

Texto e print: Bruna Homrich

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

 

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