Entidades nacionais debatem efeitos nocivos do trabalho e do ensino remoto SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 07/10/21 09h37m
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Dirigentes do ANDES-SN, Fasubra, Atens, UNE e ANPG ressaltam precarização em live da Sedufsm

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Evento desta terça, 5, foi transmitido pelas redes sociais da Sedufsm

Em setembro de 2020, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontava que após o início da pandemia da Covid-19, com o desenrolar do ensino remoto, cerca de 6 milhões de estudantes não tinham acesso à internet. Uma outra pesquisa, já no início de 2021, realizada pelo Instituto Datafolha constatou que 4 milhões de estudantes abandonaram a escola após a pandemia, em 2020.

Esses dados mostram, segundo a professora Rivânia Moura, presidenta do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), que o ensino remoto, apesar de necessário para garantir a saúde tanto de docentes como de funcionários (as) e alunos (as), teve um alto custo social devido à forma impositiva e sem planejamento de como foi implantado.

A dirigente do ANDES-SN foi uma das participantes do seminário promovido pela Sedufsm na noite desta terça, 5 de outubro, intitulado “Trabalho e ensino remoto nas universidades”. Participaram ainda:

- A servidora técnico-administrativa Vânia Gonçalves, da coordenação nacional da Federação dos Sindicatos de Servidores das Universidades (Fasubra), Kardilândia Mendes, da direção nacional da Atens (Sindicato dos Técnicos de Nível Superior das Universidades), David Lobão, do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Ariel Lucena (União Nacional dos Estudantes) e Josiel Rodrigues dos Santos (Associação Nacional de Pós-Graduandos/ANPG). O evento foi transmitido pelo Facebook e pelo Youtube da Sedufsm. A coordenação foi da professora Laura Fonseca, presidenta da Sedufsm, e houve ainda as intérpretes de Libras: Juliana Lima e Rosana Cezar.

Sequelas

Vânia Gonçalves, da Fasubra, destacou que o trabalho (e o ensino remoto) foi uma realidade necessária para que se pudesse respeitar o distanciamento social. Entretanto, disse ela, o problema foi a imposição de um modelo de trabalho sem planejamento, no caso dos (as) técnicos (as). “Tivemos que nos adaptar a uma nova realidade a ferro e fogo”, frisou ela.

Segundo a dirigente da Fasubra, foram muitos os casos de quem não tinha condições para realizar um trabalho de qualidade em casa, devido à carência de equipamentos, entre outros aspectos. “O trabalho remoto não teve qualquer contrapartida do governo”, sublinhou ela. Mesmo que todos (as) tenham se adaptado, aos poucos, as sequelas ficaram, seja na saúde física ou financeira, argumentou Vânia.

Destruição

Para Kardilândia Oliveira, do Sindicato dos Técnicos de Nível Superior (Atens-SN), o governo Bolsonaro aproveitou-se da pandemia da Covid-19 para promover uma verdadeira “destruição do serviço público”, através de medidas antes rejeitadas que levam à precarização, como é o caso do teletrabalho sem as devidas condições, e, até mesmo através da Proposta de Reforma Administrativa (PEC 32).

A dirigente da Atens também se referiu aos prejuízos que servidores (as) tiveram que enfrentar com o trabalho remoto. “Houve necessidade de gastos particulares para que se pudesse trabalhar em casa, buscando a compra de material de escritório, ampliar a velocidade da internet, entre outras coisas”, disse ela. Kardilândia ainda trouxe uma outra questão, até agora pouco discutida. No caso de o servidor (ou servidora) sofrer um acidente de trabalho, como tratar a questão? Quem se responsabiliza, perguntou ela.

Desserviço

Na análise de David Lobão, do Sinasefe, “as aulas e o trabalho remoto foram necessários para salvar vidas, mas não podemos colocá-los como solução para a educação brasileira”. Ele se referiu ao fato de que algumas instituições (universidades, Institutos Federais) querem regulamentar o trabalho remoto e isso, segundo ele, é um “desserviço”. Para Lobão, “uma coisa é discutir o trabalho remoto para enfrentar a pandemia, outra coisa é tornar isso regra”. O sindicalista defende que se espere passar a pandemia para discutir a questão do teletrabalho.

O que o governo Bolsonaro quer fazer, tanto com o trabalho remoto bem como com o ensino virtual, é transformar em regra o que é uma exceção, acredita a presidenta do ANDES-SN, professora Rivânia Moura. Esse regramento, segundo ela, se daria através da ampliação do Ensino a Distância (EaD. “Isso se conecta à intenção do governo de reduzir investimentos na educação”, enfatiza a dirigente do ANDES-SN. O objetivo do governo é promover uma nova expansão do ensino a distância federal, através do Reuni Digital, constata a docente.

Precarização da juventude

Na mesa do seminário on-line promovido, uma das vozes estudantis foi a de Ariel Lucena, vice-sul da União Nacional dos Estudantes (UNE). Para o acadêmico de Direito da UFRGS, o segmento estudantil foi muito afetado pela pandemia e a instituição do ensino remoto, especialmente os (as) cotistas. “Bolsas foram cortadas e a precarização dificultou ainda mais o acesso do estudante à universidade”, destacou Ariel. Os retrocessos que resultaram desse período, argumentou o diretor da UNE, vão impactar por décadas. “Hoje, a juventude está sem perspectiva de ingressar na universidade”, frisou.

Para o mestrando em Comunicação Social pela UFRGS, também cotista, Josiel Rodrigues dos Santos, a condição de trabalho do estudante de pós-graduação é de absoluta “carência de direitos”.  na UFRGS. Falando na condição de diretor da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Josiel ressaltou que, se é verdade que o orçamento da educação, em geral, está em uma situação difícil, o da pós-graduação está em uma situação “calamitosa”.

Essa situação caótica se deve a várias medidas que levam à desvalorização da pós-graduação. O diretor da ANPG lembra do corte de bolsas ou mesmo da falta de reajustes das mesmas. Josiel lembra de um projeto apresentado em 2018, cujo objetivo é permitir que os pós-graduandos contribuam ao INSS, computando esse tempo de contribuição à previdência para uma futura aposentadoria. No entanto, afirmou ele, essa proposta está engavetada, sem previsão de ir à votação.

Próximas etapas do debate

A Sedufsm está realizando um seminário sobre “Trabalho e ensino remoto na UFSM”, que é dividido em quatro momentos. O primeiro deles foi no dia 23 de setembro, quando a abordagem se deu em cima do tema “Trabalho e ensino remoto na UFSM”. Após o evento desta terça, 5 de outubro, as etapas seguintes serão:

14 de outubro (quinta-feira), às 19h- “O processo de trabalho docente na pandemia da Covid-19, com a participação das professoras Amanda Moreira (UERJ) e Karine Perez (Unisc). A coordenação será da professora Belkis Bandeira, do Centro de Educação da UFSM.

27 de outubro, às 19h- “Plenária sobre o REDE/UFSM”. Esse evento é destinado apenas aos (às) docentes da UFSM, e terá a coordenação da diretoria da Sedufsm. Enquanto os eventos anteriores eram abertos e transmitidos em rede social, a plenária será através da sala virtual do Google Meet, com necessidade de senha para acesso.  

Caso você não tenha acompanhado a segunda etapa do seminário, ocorrida na noite desta terça, 5, colocamos a seguir o link do Youtube para acesso.

Texto e imagens (prints): Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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