Dica cultural: professor indica filme ‘Legalidade’ SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 04/02/22 15h07m
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No ano do centenário de Leonel Brizola, Daniel Coronel comenta obra que resgata trajetória do estadista

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Filme retrata luta de Brizola para que, frente à renúncia de Jânio Quadros, João Goulart fosse empossado presidente da República

Chegamos a mais uma sexta-feira e, consequentemente, à nossa dica cultural da semana. Desta vez, quem traz a indicação é o docente do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM, Daniel Coronel, que, referenciado na ocasião do centenário de Leonel Brizola, rememorado no último dia 22 de janeiro, comenta o filme 'Legalidade'. 

Lançada em 2019, a produção está disponível em plataformas de streaming como a Globoplay. Leia, abaixo, a crítica completa do professor: 

"FILME LEGALIDADE

No dia vinte e dois de janeiro, o ex-governador Leonel Brizola estaria completando cem anos e, como forma de homenagear este importante estadista brasileiro, nada melhor do que rememorar um aspecto importante de sua trajetória política  que, mais uma vez, colocou o Estado do Rio Grande do Sul (RS) como protagonista da história do país.

Vários dos aspectos levantados neste pequeno arrazoado podem ser observados no filme Legalidade de Zeca Brito com atuação do saudoso Leonardo Machado, Cleo Pires, Fernando Alves Pinto, José Henrique Ligabue, dentre outros autores que participaram deste importante registro histórico.

No dia 25 de agosto de 1961, na solenidade em comemoração ao Dia do Soldado, o General José Machado Lopes, comandante do III Exército, e o governador do RS Leonel Brizola recebem quase que simultaneamente a notícia da renúncia do presidente Jânio Quadros.

Com a renúncia do presidente e como o vice estava em viagem oficial à China, é empossado como presidente interino da República o deputado Ranieri Mazzilli. Neste contexto, os três ministros militares começam a orquestrar um golpe, sem medir as conseqüências, com o objetivo de proibir a posse de Goulart.

Percebendo que o clima e a situação política estavam ficando cada vez mais delicados, o governador Brizola tenta o apoio do General Machado Lopes, o qual, primeiramente, afirma que, como um soldado, sua tendência era ficar ao lado do exército.

Com poucas alternativas e pouco apoio militar, Brizola consegue motivar a população e a Brigada gaúcha em defesa da ordem e da legalidade. Brizola utilizou com maestria o poder do rádio com o objetivo de conclamar a população em defesa da ordem e da legalidade, e as pessoas se alistavam voluntariamente nas mais variadas funções.

Por mais que o governador do Estado agisse como um estadista e tivesse o apoio da população e da Brigada Militar, isso ainda era insuficiente para não tombar frente a um conflito armado como se anunciava, contudo, a situação melhorou significativamente quando, no dia 28 de agosto, o General Machado Lopes diz que não recebia mais ordens do Ministro da Guerra e que ia ficar em defesa da ordem, da democracia e da legalidade.

Percebendo que a situação estava ficando um pouco melhor para os defensores da legalidade, os ministros militares mandaram que jatos da base aérea de Canoas bombardeassem o Piratini, contudo sargentos e soldados impediram que os jatos voassem e cometessem tal chacina contra o governador do Estado e centenas de milhares de homens e mulheres que estavam em frente ao Palácio Piratini, lutando pelo respeito à Constituição brasileira.

Com o passar dos dias, os ministros militares e os setores contrários à posse de Goulart foram percebendo o enfraquecimento das teses golpistas, contudo propuseram uma Emenda Constitucional adotando o parlamentarismo como sistema político do país, e o mineiro Tancredo Neves foi o primeiro ministro do novo governo. Goulart acabou aceitando tomar posse com os poderes diminuídos, contrariando as orientações políticas de Brizola, que defendia que, como naquele momento boa parte da população estava do lado da ordem e da legalidade, o Presidente não deveria se sujeitar às tais medidas, mas sim tomar posse com amplos poderes para fazer as reformas de que o país precisava.

A Campanha da Legalidade foi mais uma demonstração de civismo, dignidade e heroísmo do povo rio-grandense em defesa da ordem e do respeito à Constituição e à democracia. Mais uma vez, o RS estava sendo protagonista da história do Brasil e contra as políticas arbitrárias e totalitárias que visavam atender aos interesses particulares de grupos reacionários e clientelistas, aliados dos grandes interesses internacionais que tinham ojeriza a governantes com um projeto nacional de desenvolvimento econômico e social e, portanto, não compactuavam com a submissão do povo brasileiro.

Por fim, em um momento tão delicado por que passam as instituições brasileiras, nada melhor do que  reverenciar a memória deste importante brasileiro que, além da defesa da democracia, teve importante atuação em defesa da educação,  como ele mesmo disse: “A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados”".

 

 

Daniel Arruda Coronel

Professor Associado do Departamento de Economia e Relações Internacionais, com atuação como Docente Permanente nos Programas de Pós-Graduação (Stricto sensu) em Administração Pública, em Gestão de Organizações Públicas e de Economia e Desenvolvimento, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente é bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail: daniel.coronel@uol.com.br

 

Edição: Bruna Homrich

Imagens: Divulgação e Arquivo Pessoal 

Assessoria de Imprensa da Sedufsm 

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