Em live, mulheres de Santa Maria reafirmam luta por igualdade de oportunidades SVG: calendario Publicada em 10/03/22 17h58m
SVG: atualizacao Atualizada em 10/03/22 18h21m
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Diversas entidades estiveram presentes nas duas horas de live, que pode ser assistida, na íntegra, pelo Youtube

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A última terça-feira, 8 de março, foi marcada, em Santa Maria, por duas atividades políticas que tiveram, por detrás de sua organização, coletivos de mulheres da cidade. A primeira foi o ato público ocorrido na Praça Saldanha Marinho, e sobre o qual já escrevemos aqui. A segunda foi a live cultural “Por uma agenda de políticas públicas para mulheres em Santa Maria”, organizada pelo Fórum de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres de SM e pela campanha “Vidas de Mulheres Importam: Santa Maria 50-50”, com apoio da Sedufsm. Quem perdeu a live pode assisti-la na íntegra no link de Youtube que deixamos ao final desta matéria.

Durante o evento, além de apresentações culturais de mulheres, diversos depoimentos foram veiculados e cumpriram o papel de representar setores diversos de mulheres, desde as mulheres trans, até as mulheres negras, recicladoras, agricultoras e professoras, por exemplo.

Laura Fonseca, presidenta da Sedufsm, lembrou, durante o evento, que a desigualdade entre homens e mulheres é estrutural e afeta as diversas sociedades. “É uma desigualdade cultural. Que políticas públicas de educação, trabalho e renda, e também políticas que tenham foco na mudança cultural, sejam as principais estratégias. Só vamos enfrentar essa desigualdade mudando a realidade. Para além de um sistema punitivo, precisamos de um sistema que promova e potencialize o fortalecimento das mulheres na sociedade”, sugere a dirigente da seção sindical.

*Laura Fonseca, presidenta da Sedufsm

Outra mulher a ocupar um cargo de direção, Martha Adaime, primeira vice-reitora da história da UFSM, convidou quem assistia à live a uma reflexão: “onde estão as mulheres gestoras que temem por estar em posições mais estratégicas? Todas nós somos muito capazes. A UFSM é a décima no ranking de mulheres que produzem ciência”.

Juliane Korb, segunda mulher, em 80 anos, a ocupar o cargo de presidenta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Maria, também ponderou sobre a importância de mulheres ocuparem espaços políticos diversos. E, para que isso aconteça, destaca, são necessárias políticas públicas que deem oportunidades reais e concretas a essas mulheres.

“As mulheres não podem ser só cotas nos períodos eleitorais. A cota foi um primeiro passo muito importante, mas hoje representamos mais de 52% do eleitorado brasileiro e pouco mais de 16% de mulheres eleitas para assumirem cargos eletivos no Brasil. Essa mudança de perspectiva tem de começar com a oportunidade. E a oportunidade se dá quando pensamos políticas públicas específicas para mulheres. As mulheres precisam, além de segurança, educação, saúde, de terem oportunidades de participação dentro das gestões municipais, estaduais e federais”, defende Juliane.

Raça, classe e gênero 

Maria Rita Py Dutra, da União Brasileira de Mulheres em SM/UBM e do Movimento Negro Unificado/MNU, ponderou que a violência geralmente é multifatorial e advém de uma série de opressões que se interseccionalizam.

"Entendemos que precisamos de uma rede municipal cujos serviços dialoguem entre si: a assistência social, a saúde, a educação, a cultura, por exemplo. A população de Santa Maria precisa se sentir protagonista, respeitada, ouvida. Lembrando que a violência nunca é um caso isolado. O problema da violência muitas vezes vem das opressões de classe, de raça e de gênero", avalia. 

Representando as mulheres negras e trans, Cilene Rossi também defendeu a geração de oportunidades para que as mulheres ousem sonhar e projetar futuros. "Por mais dignidade, respeito, empatia e oportunidades de inclusão e emprego. É o que todas as mulheres necessitam para ter uma vida digna, com amor e paz". 

*Cilene Rossi

O papel da mulher na economia solidária

Quem também participou da live foi a Irmã Lourdes Dill, coordenadora, há mais de 30 anos, do projeto Esperança/Cooesperança. Ela frisou a importância da economia solidária para a autonomia financeira das mulheres, e traz a recordação de algumas décadas atrás, quando se iniciaram as feiras coloniais em Santa Maria.

“Há 30 e poucos anos, quando iniciou o projeto Esperança/Cooesperança aqui na cidade, foi uma dificuldade muito grande os homens entenderem que a mulher também podia ir para a feira, levar os produtos que ela produzia, comercializar e ter seu dinheiro no bolso. Eu e outras pessoas ainda somos de um tempo em que a mulher não tinha acesso ao dinheiro. Ela tinha que pedir dinheiro para o homem quando quisesse comprar qualquer coisa. Hoje não. Hoje as mulheres que se organizam em grupos na economia solidária têm sua autogestão e acesso ao seu dinheiro”, disse a Irmã, também frisando que “o acesso à política pública não é bondade de um governo, é um direito nosso”.

*Irmã Lourdes Dill

A Universidade como linha de frente

Laura Ferreira Cortes, docente do Colégio Politécnico, e Maria Celeste Landerdhal, docente aposentada do departamento de Enfermagem da UFSM, são duas figuras que atestam a centralidade dos projetos desenvolvidos pela universidade no combate às desigualdades de gênero.

Laura é a idealizadora do Fórum de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres de Santa Maria, um projeto de extensão universitária que tem, dentre seus principais objetivos, a integração entre os diversos serviços que prestam atendimento às mulheres vítimas de violência na cidade, a exemplo da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, do Juizado da Violência Doméstica, da Patrulha Maria da Penha e dos serviços de saúde. “Temos um coletivo potente em Santa Maria hoje”, atesta Laura.

Já Maria Celeste é coordenadora da Campanha “Vidas de Mulheres Importam: Santa Maria 50-50”, que também é um dos subprojetos desenvolvidos pelo Fórum. A Campanha é inspirada no “Planeta 50-50”, da ONU Mulher, que traz a perspectiva de que, até 2030, sejam alcançadas a igualdade de gênero e o empoderamento de meninas e mulheres. Embora esse objetivo seja muito difícil de ser alcançado daqui a oito anos, a ideia da Campanha é pensar e propor políticas públicas que, além de protegerem as mulheres que já são vítimas de violência, possam prevenir tantas outras de passarem por situações de dor e abuso. Isso porque, ao se promoverem oportunidades, salários e direitos equitativos, as mulheres têm mais condições de alcançarem sua autonomia e independência.

“Como Campanha e como Fórum não temos o poder de fazer política pública. Estamos tentando sensibilizar a gestão para que algumas políticas possam ser pensadas. Políticas que muitas vezes não precisam nem de muito recurso, mas mexem com a cultura machista que temos e que submete tanto as mulheres”, explica Celeste.

Tanto a Campanha quanto o Fórum têm dialogado com o poder municipal e com a Câmara de Vereadoras e Vereadores. Com a prefeitura, a principal ação construída em conjunto vem sendo o Centro de Referência de Atendimento Especializado às Mulheres em Situação de Violência; e junto à Câmara de Vereadores/as, uma nova lei para o Conselho Municipal de Direitos das Mulheres.

“Precisamos de um conselho mais democrático em que as instituições possam se candidatar para entrar. Temos um conselho hoje muito engessado, com algumas instituições já há vários anos lá. Pensamos que um conselho mais representativo possa fazer uma maior interlocução com a gestão municipal”, conclui Celeste.

Também se manifestaram na live a vereadora Marina Callegaro, criadora da Procuradoria Especial da Mulher; Valdir Oliveira, presidente da Câmara de Vereadores/as de Santa Maria; e Rafael Cunha, juiz de direito e titular do Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Santa Maria. 

Assista, abaixo, a live na íntegra:

 

Texto e print: Bruna Homrich

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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