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13/05/2022 13/05/2022 18h49m | A+ A- | 204 visualizações
Atividade aconteceu na quinta-feira, 12, no auditório da Sedufsm
Eleita para assumir uma cadeira na Câmara de Vereadores de São Borja (RS) nas eleições de 2020, Lins Roballo (PT) dedica-se a subverter uma série de situações e comportamentos considerados naturais pelo conservadorismo, a começar pela personalização da política, que leva a uma incompreensão – por parte de alguns – e a um combate direto – por parte de outros – da ideia de Mandata Coletiva e Popular à qual a parlamentar pertence.
Na concepção da Mandata está a defesa de que Lins, como vereadora, é representante de um projeto político mais amplo, construído a muitos braços e muitas mentes, que não começou nem se esgotará nela mesma. Um projeto representativo dos anseios das e dos trabalhadores/as, da população pobre e das minorias sociais.
Lins esteve presente no auditório Suze Scalcon da Sedufsm na tarde da última quinta-feira, 12 de maio, para participar da roda de conversa “Entre Políticas e Vivências LGBTs”, promovida pela seção sindical em conjunto com o Diretório Central das e dos Estudantes da UFSM (DCE) e com a Universidade Fora do Armário (FA).
*(da esq.): presidenta da Sedufsm, Laura Fonseca, e Lins Roballo
Na ocasião, ela, que é assistente social, mestra em Ciências Sociais e servidora pública licenciada, comentou sobre a forma diferenciada com que sua Mandata busca, em uma das cidades mais conservadoras do estado, conhecida por sua forte presença no agronegócio, encontrar maneiras de usar o período na vereança para qualificar a politização e as conquistas do povo. “Precisamos ser pedagógicos. Temos um projeto chamado ‘Café com Política’, que leva a discussão sobre política não partidária, mas numa perspectiva freiriana, para as periferias”, exemplificou Lins.
Na sua visão, a pequena política, centrada na figura do homem cisheterenormativo branco, tende a individualizar problemas, ao invés de os entender como questões de ordem coletiva, a exemplo do sucateamento da saúde e das altas tarifas de ônibus. Oposta à pequena política, a grande política defendida por Lins e sua Mandata contorna de coletividade e mobilização as demandas do povo trabalhador.
“O conservadorismo nos enxerga, mas não nos ouve, pois somos tudo que esse sistema político conservador não consegue entender. Toda a vez que avançamos e começamos a ocupar algum espaço, o conservadorismo tenta nos calar. Mas sei que eles não atacam a mim, e sim ao projeto político que eu represento”, complementa.
Identidade trans
Tendo cursado Serviço Social na Unipampa, Lins diz que afirmar sua identidade transexual fez com que ela olhasse para a academia sob outra perspectiva, levando a que a maior parte de suas produções acadêmicas tenha versado sobre questões de gênero. Depois de formada, ela se concursou como assistente social em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS AD) e, posteriormente, também foi gestora da política de assistência social de São Borja.
Toda essa trajetória fez com que, quando chegasse à vereança, ela e sua Mandata incluíssem, em seu bojo de reivindicações, seis eixos de discussão representativos das angústias e anseios do povo: pautas LGBT; pautas raciais; pautas voltadas às mulheres; políticas para a periferia; ações para a juventude e direitos das e dos trabalhadores.
A defesa de tal programa, aliada ao fato de que Lins foge ao padrão de corpo preponderante na política institucional – o do homem branco cisheteronormativo, leva a que a experiência em São Borja seja levada como exemplo e pedagogia a outras regiões do estado.
Provocações
Lins desacomoda. Questiona certezas, desconstrói a norma, projeta outras possibilidades. E, nesse sentido, durante a roda de conversa, ela lançou uma provocação às e aos presentes: para mudarmos as grandes instâncias da política representativa, é preciso, antes, olharmos para nossas próprias organizações.
“Na política existe um corpo padrão: o homem cisheternormativo. E esse padrão está dentro dos partidos de esquerda também. É preciso romper com isso. Precisamos qualificar e dar ferramentas para as mulheres ocuparem os espaços políticos”, defende.
Durante a roda de conversa que deu sequência à exposição inicial de Lins, a professora Laura Fonseca, presidenta da Sedufsm e responsável pela mediação da atividade, lembrou o quão lamentável foi o ato criminoso registrado em Santa Maria esta semana, quando uma estudante da UFSM publicou dizeres criminosos e racistas em sua rede social. “Nossa cidade também registra violência racial, transfobia, feminicídios e uma naturalização da falta de punição para estes crimes”, ponderou a dirigente do sindicato.
Diversos relatos foram realizados durante a roda de conversa. Um deles foi o de Rafaella Matoso, ativista do grupo Girassol e assessora da Mandata Popular em São Borja. Dialogando com a autocrítica proposta por Lins para os coletivos e partidos de esquerda, ela destaca: “Todo mundo que nasce nessa sociedade aprende, primeiro, a oprimir. Isso quer dizer que, dentro dos nossos espaços, existe aquilo que nos violenta. Esse projeto civilizatório deu errado e é preciso mudarmos nosso referencial de vida, de afeto, de aprendizado”.
Ao fim, Lins, que já esteve em Santa Maria para participar de atividade na Câmara de Vereadores em 2021, argumentou sobre a relevância de sua Mandata e dos tantos outros projetos semelhantes já existentes e ainda por germinarem: “Que consigamos mostrar o quão importante é a construção coletiva. Nossa presença nesses lugares consegue melhorar a vida das pessoas, entender e acolher suas demandas”.
Texto: Bruna Homrich
Fotos: Rafael Balbueno e Bruna Homrich
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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