Familiares de vítimas da Kiss e sobreviventes divulgam notas em apoio à série da Netflix SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 31/01/23 17h33m
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“Todo dia a mesma noite” é baseada em livro da jornalista Daniela Arbex

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Lançada no dia 25 de janeiro, a série “Todo Dia a Mesma Noite”, disponível na plataforma de streaming Netflix, reconstrói um pouco do que foi a tragédia da boate Kiss. Mas, longe de centrar seus seis episódios no momento do incêndio, a obra ilustra principalmente a luta posterior dos pais e mães de vítimas, bem como de sobreviventes, por justiça e responsabilização dos envolvidos na tragédia evitável. Inclusive, um recorte bastante específico foi a criminalização de três pais e uma mãe de vítimas, processados pelo Ministério Público por injúria, difamação e falsidade ideológica. Como disse a jornalista Daniela Arbex, autora do livro que deu origem à série: dez anos após a Kiss, só os pais foram punidos.

Diante do alcance da série, lançada na iminência de a tragédia evitável completar 10 anos, algumas críticas vêm sendo feitas, e notícias sobre um grupo de pais que pretende processar a plataforma de streaming são veiculadas. Assim, três coletivos e associações da cidade, que reúnem pais, mães, familiares, amigos e sobreviventes da Kiss, lançaram notas em apoio à série, atestando que tanto a obra audiovisual quanto o livro são respeitosos com os familiares, tiveram o consentimento dos pais e mães retratados como personagens principais e são materiais importantes à luta contra o esquecimento e por justiça para as vítimas.

Leia, abaixo, a nota da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de SM:

“Nota de Esclarecimento

Perante a divulgação em inúmeros veículos da imprensa acerca de um Processo contra a empresa Netflix em função da série “Todo o dia a mesma noite”, a da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria esclarece através dessa nota que estávamos sim cientes que a produção estava sendo realizada com base nos personagens do livro “Todo dia a mesma noite: a história não contada da Boate Kiss” de Daniela Arbex, e sente-se representada por ela bem como pelo livro da autora.

A produção não retrata de forma individual os 242 jovens assassinados, mas sim um recorte das quatro famílias de pais que foram processados. Todos familiares de vítimas e sobreviventes retratados por personagens da obra estavam cientes e em concordância. Além disso, reiteramos que não estamos movendo nenhum processo contra as produções, nem pretendemos, por acreditarmos na potência das produções na luta por justiça e na luta por memória.

Acreditamos, acima de tudo, que tragédias como a que vivenciamos precisam ser contadas através de todas as formas. Recontar essa história significa denunciar as inúmeras negligências e tentativas de silenciamento que encontramos pelo caminho, além de auxiliar na prevenção para que esse tipo de tragédia não aconteça com mais nenhuma família, algo que temos como propósito desde o 1º dia de nossa fundação.

Mostrar o que aconteceu na Kiss faz com que a morte de nossos filhos e filhas, irmãos e irmãs, pais e mães, amigos e amigas não tenha sido em vão. Mostrar a morosidade, a burocracia e como é o sistema judiciário brasileiro serve como denúncia e como protesto. É preciso falar, debater, produzir materiais sobre o que aconteceu naquela trágica noite de 27 de janeiro de 2013, pois só assim conseguiremos que as pessoas entendam o que a ganância, a negligência e a omissão são capazes de fazer. Em Santa Maria, esses fatores mataram 242 jovens e deixaram 636 com marcas físicas e psicológicas.

Entendemos que rever a tragédia, principalmente nos dois primeiros episódios pode mobilizar os sentimentos, as lembranças e dimensionar a impunidade em sua ferocidade, e, com isso, a associação se disponibiliza a acolher e a promover ações para comporem o movimento por justiça.

Por fim, esclarecemos que desde o dia 27 de janeiro de 2013, nós sofremos com a perda irremediável de nossos filhos, irmãos e amigos, sabemos o quanto isso nos dói. Não há nenhum valor sendo pago a nós com a produção, e o que ganhamos é a crença no fortalecimento na luta por justiça e pela memória. Para que não se repita.

Santa Maria, 29 de janeiro de 2023.

Gabriel Rovadoschi Barros, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria”.

Leia, abaixo, a nota do Movimento Santa Maria do Luto à Luta

“Nota de apoio à série “Todo Dia a Mesma Noite: a História Não Contada da Boate Kiss”, baseada em livro de mesmo nome e disponível no streaming Netflix.

O Movimento Santa Maria “do Luto à Luta” foi formado em 2013 por familiares das vítimas que buscavam a total responsabilização dos culpados pela tragédia, incluindo as responsabilidades políticas, militares (bombeiros) e dos civis envolvidos diretamente na morte de 242 vítimas. Inicialmente o Movimento surgiu organizado por três mulheres: Juliana e Marília Torres, primas de Flavia Maria Torres, e Carina Corrêa, mãe de Thanise Corrêa Garcia, que juntamente com amigas e familiares das vítimas protestaram de diferentes formas buscando a visibilidade da tragédia e lutando por justiça.

Com isso, outros familiares e entidades se uniram à causa e contribuíram com as manifestações e iniciativas, fortalecendo o movimento que a princípio era desacreditado por ser liderado por mulheres jovens. Por diferentes motivos e com grande desgaste emocional, o movimento reduziu suas atividades, mas sempre apoiando os pais Flávio Silva e Sérgio Silva que não mediram esforços ao assumir a liderança da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria- AVTSM na busca por justiça. Esses familiares e outros que se somaram sempre terão nosso apoio e gratidão.

Dito isso, essa nota visa deixar claro nosso apoio à divulgação da tragédia através da série disponibilizada no streaming Netflix, uma vez que entendemos que é uma responsabilidade social divulgar ao máximo o que ocorreu e como ocorreu essa tragédia há 10 anos, a fim de conscientizar os empresários de estabelecimentos noturnos e os frequentadores sobre a importância de ter as devidas medidas de segurança. Mostrar a tragédia é evitar que ocorra em outros lugares e com outras famílias. Além disso, é impreterível que chegue ao conhecimento de todos as falhas do nosso sistema de justiça. Apesar de toda a luta, de todo o sofrimento dos familiares, ainda não conseguimos o mínimo de justiça e a responsabilização dos culpados.

Entendemos que as imagens podem produzir diferentes gatilhos às dores dos familiares. Contudo, estamos cientes que a história contada é um recorte e focado apenas em algumas famílias que foram consultadas e autorizaram que suas histórias fossem divulgadas. Cada família encontrou formas distintas de sobreviver com a saudade, com o sentimento de falta de justiça, com a dor da perda dos filhos e com as sequelas que ficaram os mais de 600 sobreviventes.

A série não contempla todas as histórias, todos os movimentos e iniciativas ao longo desses 10 anos, mas é de extrema relevância para que a tragédia não caia no esquecimento e por isso agradecemos a cada um dos familiares que permitiram que a sua história e a história de seus filhos fossem divulgadas”.

Leia, abaixo, a nota coletivo Kiss: que não se repita

“Nota sobre a série “Todo dia a mesma noite”

Em virtude do grande número de comentários e a ampla repercussão na imprensa que cita um possível processo contra a empresa Netflix, o coletivo “Kiss: que não se repita” vem através desta nota trazer um posicionamento em relação à série “Todo dia a mesma noite”, baseada no livro da jornalista Daniela Arbex.

De forma primária, gostaríamos de frisar que a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes (entidade oficial representante das famílias das vítimas) pontuou, em nota oficial, sobre estar ciente da produção e sentir-se representada pela obra audiovisual produzida pela Netflix.

O coletivo KQNSR também entende que a Obra não retrata, de forma individual, todas as famílias vitimadas pelo massacre na Boate Kiss. O arco narrativo principal faz um recorte de um número limitado de famílias, as quais foram processadas pelos órgãos públicos no decorrer dos dez anos de luta por justiça.

Entretanto, todas as famílias representadas na série, assim como as vítimas sobreviventes, autorizaram o consentiram o uso de sua história e sentem-se contempladas pela obra.

Reiteramos que é impossível mostrar a trajetória dessas famílias sem reproduzir cenas sobre o sinistro, já que ele faz parte da história de todas elas.

Existe uma propagação de notícias falsas as quais informam que o processo que estaria sendo movido está partindo da Associação das Famílias. Os produtos audiovisuais que vêm sendo construídos acerca do incêndio têm grande importância social, pois fazem parte da história do nosso estado e do nosso país.

Além de ser uma denúncia sobre as negligências, omissões e ausência de chances de defesa das vítimas, eles atuam como forma de manutenção da memória coletiva, além de gerar visibilidade ao caso e chances de revertermos a marginalização e o silenciamento que sofremos da população ao longo desses anos.

Esses movimentos fazem com que possamos refletir e cobrar nossos direitos como cidadãos. A corrupção, a ganância, a omissão e todas as manobras do judiciário vitimaram além de 242 pessoas: deixaram mais de 600 feridos, física e psicologicamente, e ainda seguem matando seus familiares, principalmente pela morosidade da justiça. Essa precisa ser contada. Para que não se repita”.

 

Texto: Bruna Homrich

Imagem: Guilherme Leporace/Divulgação

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

 

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