Professor resgata obra de Luiz Carlos Borges
Publicada em
19/07/24
Atualizada em
19/07/24 09h53m
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José Iran Ribeiro destaca qualidades de “Itinerário de Rosa”

Nesta sexta, 19 de julho, a dica cultural é do professor José Iran Ribeiro, do departamento de Metodologia do Ensino do Centro de Educação da UFSM. Ele resgata um fragmento da obra de um dos grandes expoentes da música gaúcha, Luiz Carlos Borges, que foi coautor de importantes clássicos regionalistas como “Tropa de osso” e ganhador de diversos festivais de música gaúcha, tais como a Tertúlia e a Califórnia. Na sugestão apresentada, José Iran destaca o “Itinerário de Rosa”, que conta com a colaboração fundamental de outro grande poeta do estado, Apparicio Silva Rillo. O disco reúne 17 canções, entre xotes, milongas e tangos, que contam a saga de uma moça chamada Rosa. Para ouvi-las, basta acessar aplicativos de música. Confira a dica, abaixo.
“O Itinerário de Rosa
Recentemente, perdemos Luiz Carlos Borges, um dos maiores músicos do Rio Grande do Sul. Acordeonista e letrista, co-autor de alguns dos maiores clássicos da música gaúcha, como “Romance na Tafona”, “Tropa de osso”, “Baile de fronteira”, entre muitos outros. Foi ganhador dos mais importantes festivais nativistas, como a Tértulia e a Califórnia, e ainda foi criador do Musicanto. A obra de Borges é enorme e extremamente reconhecida. Não é preciso muito esforço para descobrir sua genialidade, a versatilidade e a sensibilidade.
Na sugestão de hoje recomendo um de seus últimos trabalhos. Trata-se da obra “Itinerário de Rosa”, com letras de Apparicio Silva Rillo (foto abaixo)– outro grande poeta gaúcho e mestre de Borges – musicadas pelo acordeonista nascido em Santa Rosa e graduado em música pela UFSM. O disco reúne 17 músicas: são xotes, milongas, tangos, canções interpretadas por Loma, Ana Krieger, Vitor Ramil, além do próprio Borges, e com a participação de instrumentistas como Lúcio Yanel, Pedrinho Figueiredo, Leandro Rodrigues. Presenças que demonstram a qualidade da obra.
Entretanto, desejo destacar especialmente a trama do disco. Trama porque, como sugere o título, trata da trajetória de vida de uma mulher, Rosa. Menina, como seus sonhos, devaneios, curiosidades, então é Rosinha. Moça, se enamora, se entrega, se desilude. Mal falada, busca outros amores e sai de casa. A tristeza invade a família. A mãe se desola, o pai pensa: “Quem disse que homem não chora, não teve filha roubada por um gaudério qualquer.”
Novos desarranjos, resta-lhe a prostituição. Torna-se Rosa. Depois de dar-se a muitos, encontra um amor, uma vida simples, mas esperançosa. Por algum tempo vive feliz entre seus pequenos cômodos. Até que é despetalada, tens asas e carnes cortadas, é posta pra rua e resta-lhe voltar para as casas no cabaré da Isolina. Os anos e a vida se sucedem, o cansaço se instala. Rosaura já não atrai clientes. Perdeu o viço, perde o quarto. Logo o médico é chamado para atestar sua morte como indigente. É reconhecida como Rosa da Silva e tem a paz como seu último amante.
Uma trajetória muito sofrida e, tristemente, não incomum, mas retratada por Luiz Carlos Borges de forma belíssima, sem desconsiderar as tragédias de tantas Rosinhas do passado e da atualidade. A obra deste grande músico, egresso da UFSM, pode ser apreciada nos aplicativos de músicas.”
Para ouvir, através do canal do Youtube, clique aqui.
José Iran Ribeiro
Professor do departamento de Metodologia do Ensino do Centro de Educação.
Imagens: Facebook e arquivo pessoal
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)
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