Pesquisadora propõe um repensar sobre o gauchismo SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 26/09/24 17h33m
SVG: views 36 Visualizações

Clarissa Ferreira, autora de “Gauchismo líquido”, é a entrevistada na edição nº 95 do Ponto de Pauta

Alt da imagem

O mês de setembro é simbólico no Rio Grande do Sul, marcado pelas celebrações da cultura e da identidade gaúcha. Contudo, será que as comemorações do 20 de setembro refletem um conceito real do povo gaúcho? Na entrevista concedida ao programa Ponto de Pauta da Sedufsm, edição nº 95, a escritora gaúcha, pesquisadora, compositora e etnomusicóloga, Clarissa Ferreira, fala sobre a necessidade de repensar o gauchismo existente.

Autora do livro “Gauchismo líquido: reflexões contemporâneas sobre a cultura do Rio Grande do Sul”, publicado pela editora Coragem, em 2022, Clarissa usa como base o conceito do filósofo Zygmunt Bauman (“modernidade líquida”), para pensar a construção do gauchismo, da questão da identidade cultural do Sul do Brasil, utilizando-se de uma perspectiva mais fluida, de pensar como o próprio conceito de cultura vai se estruturando ao longo do tempo.

Na publicação, cujos textos têm formato de ensaio e crônica, a escritora faz reflexões, pensando até na genealogia desse gauchismo, ou seja, de onde vem essa identidade, de que forma que ela é representada através da mídia. E a partir desses aspectos, destaca Clarissa, se pode observar como essa cultura vai se modificando, assim como se percebe a forma como ela foi escrita pela historiografia, bem como o modo pelo qual as pessoas são ou não representadas nessa identidade gaúcha hegemônica que foi construída.

No processo de pesquisa que levou à publicação, a escritora também se utiliza do conceito deocolonial (conceitos que buscam reduzir ou reverter os efeitos da colonização das sociedades), que desnuda uma forma de pensar sobre “as nossas bases culturais”, que estariam muito centradas, ainda, no ideal europeu de um país colonizado.

Invisibilidade e branquitude

É em meio a essa reflexão, que Clarissa Ferreira percebeu a existência de um processo de invisibilização de outras identidades, em detrimento de um entendimento do que seria esse gaúcho autêntico, que é uma discussão ainda em análise. Dentre essas identidades que ela entende como invisibilizadas neste mês de setembro, ela ressalta a cultura afro-gaúcha.

A escritora cita que, mesmo pesquisadores como Paixão Cortes e Barbosa Lessa, que criaram o tradicionalismo e construíram uma bibliografia e até um cancioneiro para começar a identificar o Rio Grande do Sul, mesmo que conhecessem a cultura afro-gaúcha, não se basearam nela para buscar os fundamentos para considerar essa cultura autêntica. Dessa forma, acrescenta Clarissa, a percepção que se tem é que o gauchismo existente é uma construção da própria branquitude, pelo fato desses espaços erem ocupados por pessoas brancas.

Mito da macheza

Questionada sobre o espaço das mulheres, negros/as, indígenas, comunidade LGBTQIAPN+ dentro da identidade gaúcha, se seriam segmentos que também padeceriam de certa invisibilidade, Clarissa Ferreira busca explicações no historiador inglês, Eric Hobsbawn. Segundo ela, Hobsbwan escreveu sobre a “invenção das tradições”, de como que elas surgem, como se fosse algo muito naturalizado, mas que há, por trás, um mecanismo que constrói esse imaginário da tradição.

Corrobora com essa ideia, conforme a escritora, o historiador gaúcho Tau Golin, autor de “A ideologia do gauchismo”. Em sua obra, Golin procura debater como acontece essa construção artística e simbólica, colocada de uma forma que ajuda na manutenção de um status quo, de um modelo de sociedade.

Clarissa destaca que nessa construção de identidade do gaúcho há esse apelo ao “macho”, que luta, que é altivo, que faz a guerra na busca de defender seus interesses. Entretanto, ela volta a Hobsbawn para acrescentar que o “mito da macheza” não é algo que se restringe à cultura gaúcha. O historiador, conforme Clarissa, fala bastante no mito ocidental da macheza, que acontece em várias outras culturas, que têm o universo agropastoril presente.

Então, diz ela, são várias identidades que vão apontar ou descortinar esse mito da macheza, que converge muito também para a “construção do patriarcado”, assim colocando todas as outras identidades e outras formas de existência como “subversivas ou como fora desse padrão da normalidade”.

Confira a íntegra da entrevista do Ponto de Pauta abaixo:

 

Texto: Fritz R. Nunes
Produção e entrevista: Rafael Balbueno
Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

 

 

 

 

SVG: camera Galeria de fotos na notícia

Carregando...

SVG: jornal Notícias Relacionadas

Sedufsm obtém compromisso da Reitoria de retirar da pauta do Consu a minuta de política ambiental

SVG: calendario 25/09/2024
SVG: tag Sedufsm
Em reunião nesta terça, 24, sindicato manifestou preocupação pelo escasso debate na UFSM em relação ao documento

Projeto oferece atividades de saúde e bem-estar para pessoas idosas na UFSM

SVG: calendario 24/09/2024
SVG: tag Sedufsm
Sedufsm é parceira e convida seus aposentados e aposentadas a participarem das atividades

Projeto no Senado exclui gastos com terceirização e organizações da sociedade civil dos limites da LRF

SVG: calendario 19/09/2024
SVG: tag Sedufsm
Sedufsm avalia positivamente a proposta, mas alerta que solução virá apenas com revogação do Novo Arcabouço Fiscal

Veja todas as notícias