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Professores Vitor Biasoli e José Renato Ferraz dão suas dicas culturais

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Neste dia 20 de dezembro, última sexta-feira antes do recesso de final de ano, a dica cultural é da autoria de dois docentes: Vitor Biasoli, professor aposentado do departamento de História da UFSM; e José Renato Ferraz da Silveira, professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM.

Uma boa leitura para essa época, na visão de Biasoli, é o livro “O pobre de direita: a vingança dos bastardos”, do sociólogo Jessé Souza. Na obra, conforme a resenha do escritor e professor da UFSM, Jessé busca entender a razão que levou parcelas significativas das classes populares do Brasil a votar em Jair Bolsonaro para a Presidência da República.

Para quem preferir a frente de uma tela, a sugestão do professor José Renato Ferraz da Silveira é o filme “O Conde de Monte Cristo”, baseado no livro de Alexandre Dumas. A novidade em relação à publicação, que tem quase 180 anos, é a releitura em que, conforme José Renato, a produção do filme, apesar de procurar manter-se fiel à obra original, busca mesclar pitadas de “modernidade”. Confira abaixo as dicas.

O livro de Jessé Souza

O pobre de direita: a vingança dos bastardos”, de Jessé Souza (Civilização Brasileira, 2024, 220 p.), é leitura instigante. O autor se propõe a entender a razão de parcelas significativas das classes populares terem votado em Bolsonaro, um candidato com o qual não teriam nada a ganhar, se o voto fosse analisado “sob o ponto de vista econômico objetivo”.

Os motivos para tal comportamento, Jessé encontra na luta dos pobres por reconhecimento social que garanta autoestima e confiança. Longe de considerar essa atitude como irracional, religiosa e/ou conservadora, o autor entende que ela atende a uma demanda de pertencimento a uma sociedade desigual que as descrimina brutalmente. Nessa empreitada, o racismo repaginado tem papel fundamental. Um racismo que deixou de ser “racial” e passou a ser “cultural”. Um racismo que se fundamenta na divisão da sociedade brasileira entre a região Sul (com 72% de brancos) e o Norte/Nordeste (com 75% de negros e mestiços). Uma divisão que já existia, não foi criada pela extrema-direita, e apenas instrumentalizada. Um Sul branco, semelhante aos EUA e Europa, distinto e em confronto com um Norte/Nordeste negro e mestiço, assemelhado a América Latina, África e Ásia.

Um Brasil imaginário, no qual o Sul branco desenvolvido é o ideal, enquanto o Norte/Nordeste negro e mestiço é o atraso. Identificar-se ao projeto branco do Sul produz um sentimento de pertencimento e engrandecimento aos brasileiros pobres sejam brancos, negros ou mestiços. Bolsonaro, apesar de assumir o projeto da elite econômica, fala a linguagem dos injustiçados oprimidos pelo sistema e ganha parte do eleitorado popular. Os depoimentos recolhidos pelo autor e a sua argumentação convencem.”

Livro: ‘O pobre de direita: a vingança dos bastardos’

Autor: Jessé Souza

Editora: Civilização Brasileira

Ano: 2024

Páginas: 224

Preço: Na faixa de 50 reais

Vitor Biasoli

Escritor e professor aposentado do departamento de História da UFSM

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O filme baseado no livro de Alexandre Dumas

“A obra ‘O Conde de Monte Cristo’ - escrita por Alexandre Dumas (pai) - é um dos clássicos da literatura mundial. Concluída em 1844, foi publicada em folhetim de 1844 a 1846. A obra narra a queda, ascensão e vingança do promissor marinheiro Edmond Dantès, preso injustamente por um crime que não cometeu.

Na prisão, entregue ao pessimismo, a ruína e à morte certa, o Acaso o favorece. Conhece o erudito Abade Faria que o torna um novo homem. Ciente do local onde há uma riqueza incomensurável (dica do seu tutor, o Abade Faria), trama um plano ardiloso e meticuloso para vingar-se dos seus inimigos.

Neste ano de 2024, temos uma releitura francesa dessa obra magistral de 178 anos. Dirigido e roteirizado pela dupla Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte (ambos do brilhante ‘Qual É o Nome do Bebê’), o filme busca mesclar fidelidade ao original com modernidade - e consegue.

Nesta nova adaptação, ‘O Conde de Monte Cristo’ não é apenas uma história de vingança – como diversas adaptações feitas ao longo do tempo – mas é uma história de amor, superação (dar a volta por cima e sacudir a poeira) e de ter cautela e moderação em relação aos nossos “amigos” quando – meteoricamente – ascendemos na nossa carreira pessoal e profissional. Todo cuidado é pouco!”.


Filme: ‘O Conde de Monte Cristo’

Diretores: Alexandre de La Patellière e Mathieu Delaporte

Ano: 2024

Duração: 2h58min

Onde assistir: Prime Vídeo.

José Renato Ferraz da Silveira
Professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM

 

 

Edição: Fritz Nunes

Arte: Italo de Paula

Imagens: Divulgação 

Assessoria de Imprensa da Sedufsm 

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