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02/02/2023
José Renato da Silveira
Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM
“A discórdia é o maior mal do gênero humano. Para isso, o único remédio é a tolerância”.
Voltaire
Um demagogo patético criou um movimento caótico, extremista, intolerante e que se alimenta de notícias falsas, ódio e a violência.
O legado perverso do ex-presidente da República (o pior presidente da Nova República), Jair Messias Bolsonaro, pode ser sintetizado em quatro pontos:
O “Capitólio brasileiro” de 8 de janeiro de 2023 foi um atentado duro contra o coração da democracia brasileira.
Além de móveis, obras de artes, computadores e demais objetos, a representação dos 3 Poderes (Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal) foram fortemente atingidos.
A democracia brasileira resiste!
O governo de Lula 3.0 reagiu com altivez e tem amplo político para isso. Não só nacional como também internacional.
De certo modo, a resposta institucional mostrou robustez. Evidente que há riscos de novos ataques ou a retomada dos bloqueios nas estradas.
Algo que aprendemos nesta atípica situação é que não podemos ser complacentes com pessoas intolerantes. Se desejamos que a intolerância diminua, devemos ser intolerantes.
Portanto, para que a tolerância progrida, é necessário ser intolerante com o intolerável.
A premissa básica é tolero aqueles que toleram também, sou intolerante com que é intolerante. Quanto mais tolerantes forem as pessoas umas em relação às outras, maior será a possibilidade de convivência.
Ao contrário, quanto mais intolerâncias e fanatismos se manifestarem, mais intolerante é preciso ser com suas manifestações e expressões. O jornalista Octavio Guedes deixa isso muito claro: “Se passarem a mão na cabeça, vão criar outros ‘Bolsonaros’. O maior erro da democracia foi ter permitido que Bolsonaro tivesse [...] discurso de ódio dentro do Parlamento”.
A tolerância tem necessariamente limites. “A tolerância é um crime quando o que se tolera é a maldade” (Thomas Mann).
Por fim, vale resgatar o paradoxo de Sir Karl Popper em The open Society and Its Enemies, em que o autor afirma “a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância”.