Para que serve um sindicato? Publicada em 06/11/2024 40 Visualizações
Neste dia 7 de novembro, a Seção Sindical dos/as Docentes da UFSM (Sedufsm) comemora seus 35 anos. Criada na efervescência dos movimentos sociais durante o período de redemocratização, a Sedufsm, ao longo destas mais de três décadas, esteve sempre presente nas lutas locais e nacionais.
Na sua primeira década de existência, a seção se consolida, com muito trabalho político e jurídico, inclusive organizando o 15º Congresso do ANDES-SN, em 1996. O evento é o de maior importância em termos de tomadas de deliberações do Sindicato Nacional das e dos Docentes.
O início do novo século marcou intensa mobilização contra a reforma da previdência de 2003 e por melhorias em termos de salário e carreira, que redundou na greve de 2005. Mas um sindicato não é feito apenas de greves. Por isso, em 2005, foi criado o Cultura na Sedufsm, que promove debates, seminários, exposições artísticas e musicais, entre outras realizações, valorizando a diversidade.
Em 2013, após a tragédia da Boate Kiss, a seção sindical posiciona-se firmemente em apoio às vítimas e familiares, apoio que permanece até hoje.
Chegamos à década atual, com mudança política na gestão do sindicato. A gestão Renova começa em plena pandemia da Covid-19, com ataques incessantes do governo às universidades, e atenta ao cotidianos dos e das docentes. Foi assim que conseguimos barrar, após muita mobilização, a proposta de mudança na pontuação de nossas progressões e promoções, no ano passado. Em nível nacional, neste ano aderimos à greve da educação, com alguns avanços, como a aglutinação das classes de entrada e a diminuição da disparidade salarial entre as classes.
Ao completar seus 35 anos, a Sedufsm tem muito a comemorar. Nacionalmente, na última década, os sindicatos brasileiros perderam 6,2 milhões de trabalhadores e trabalhadoras filiadas, apesar de o mundo do trabalho ter alcançado patamar recorde de vagas. Os dados nacionais são de que apenas 8,4% das pessoas ocupadas em 2023 faziam parte de um sindicato. Enquanto a média nacional é tão baixa, temos cerca de 25% dos e das docentes na ativa da UFSM sindicalizadas na Sedufsm.
Quando a atual gestão assumiu, em 2020, mais da metade dos nossos sindicalizados e sindicalizadas era de pessoas aposentadas. Hoje temos mais docentes na ativa. Nesse sentido, completar 35 anos em um cenário tão adverso para os sindicatos brasileiros, é uma conquista. Por isso, lançamos, no jantar de aniversário e de comemoração ao dia dos e das docentes, a campanha: “Seja Sedufsm, transforme o mundo”.
Inspirados e inspiradas no maior educador brasileiro, Paulo Freire, que dizia: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Queremos que aqueles e aquelas que ainda não estão no sindicato, que venham se agregar à nossa luta. Assim como desejamos que os e as sindicalizadas participem de modo mais efetivo da vida sindical, ajudando a transformar o mundo no qual vivemos. Afinal, é para isso que um sindicato serve: fazer a diferença entre seus filiados e filiadas e sua comunidade.
Sobre o(a) autor(a)
Por Ascísio dos Reis PereiraProfessor do departamento de Fundamentos da Educação, atual presidente da Sedufsm