Emergências climáticas: e se tudo mudasse de uma hora para outra
Publicada em
25/06/2025
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E se as coisas parassem de funcionar de uma hora para outra? E se do nada, do nada, tudo mudasse completamente o jeito de existir? Às vezes me pego pensando sobre isso e aí me pergunto: como eu reagiria? Ah, eu reagiria, sim! Mas, quanto tempo eu levaria para reagir?
Em tempos de redes sociais, em tempos de “participamos dos acontecimentos em tempo real” parece que isso não importa mais. Parece que a questão é simplesmente existir... assistir. Mas, se não conseguimos pensar o que acontece conosco e também não conseguimos tomar as rédeas de nosso destino, o que a gente espera do que está por vir? São as escolhas que fazemos (ou não) que definem nossos próximos momentos na vida. Mas se é assim mesmo que acontece, por que continuamos não fazendo algo para mudar?
Escrevendo assim, me pego um pouco melancólica e... tá tudo bem!!! Talvez pelo feriado chuvoso, frio, talvez pelos planos de viagem adiados, essa sensação de desconforto. Não sei bem o que se passa, mas sei que não é algo individual, apenas não é uma questão de estar passando por um momento íntimo de reflexão. Tem muito mais coisas envolvidas, tem algo que é mais abrangente. Ouso dizer, sinóptico (como eu diria nas minhas aulas), algo que envolve todas os seres, numa conexão imperceptível aos nossos olhos, mas forte, que nos faz pensar que “se eu tô bem, por que então esse desassossego que me impede de manter a minha esperança em tempos mais leves... mais o que mesmo?”
Então, partindo desse contexto, me pego novamente sentindo emoções que não me são de todo estranhas. Parece que já vivenciei esses momentos. Parece que a sensação apenas voltou a habitar a minha história, mas aí me vejo (re)lembrando que de fato é sobre isso. É sobre algo que já aconteceu e que está se repetindo novamente e que não é algo leve, esperançoso. Bem pelo contrário, é assolador: de novo as chuvas intensas chegam ao nosso Estado. E de novo fomos atropelados pela sensação de desamparo e de estarmos sós na luta pra estar bem, estar vivo.
Mas se sabemos sobre isso tudo... sim, porque isso está a toda hora circulando pelas redes sociais, e nos tantos grupos virtuais que participamos, por que continuamos a reagir de forma tão negacionista? Criticamos isso nos outros, mas acabamos deixando a sociedade do consumo nos absorver por completo. A gente sabe que o sistema capitalista em que vivemos não funciona mais e que chegou ao seu declínio (isto não sou eu quem diz, os estudos sobre economia mundial apontam pra isso há tempos).
Para mim, a ignorância é o nosso grande equívoco como seres humanos. E aliada a um processo de negação da vida, que está, inevitavelmente, nos custando a saúde. É o nosso princípio de humanidade que está em jogo. É a viabilidade do nosso planeta. Sim, a viabilidade de continuarmos existindo.
A humanidade já fez muitas guerras, muitos povos já foram dizimados, e a gente (como grupo social) “ainda” não aprendeu. A gente continua ignorando os sinais!
Precisamos nos organizar e lutar ... e para isso precisamos nos agarrar ao princípio básico da humanidade, que passa pelo respeito à diversidade e a dignidade de vida. Basta de banalizar as coisas que acontecem no nosso dia a dia, em troca de uma aceitação.
Somos capazes de mudar essa realidade. Ah, somos sim! Já fizemos tantas outras vezes e faremos de novo! Isso está em nossas mãos. Sabemos disso, mas ao mesmo tempo, continuamos esperando... Até quando?
Uma reflexão simples minha. Às vezes, só o que precisamos é voltar para as bases. As nossas bases, as bases da humanização.
Sobre o(a) autor(a)
Professora do departamento de Engenharia Rural, atual vice-presidenta da Sedufsm