MEC recua em ataque a cotas na pós-graduação e agora tem ministro efetivo
Publicada em
26/06/20
Atualizada em
26/06/20 09h41m
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Depois do fiasco de Abraham Weintraub, pasta da Educação passa a ter um militar no comando

O Ministério da Educação revogou a portaria 545, publicada pelo ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que acabava com o incentivo de cotas em programas de pós-graduação nas universidades, institutos federais e Cefet. A decisão de Weintraub ocorreu na véspera de sair, praticamente fugido, do MEC, e resultou em severas críticas e manifestações contrárias de entidades ligadas à Educação, como o ANDES-SN, do movimento negro, parlamentares, partidos políticos e outros movimentos organizados da sociedade civil.
A nova portaria 559, publicada na terça-feira, 23, no Diário Oficial da União, foi assinada pelo ministro interino Antonio Paulo Vogel de Medeiros e retomou o previsto pela portaria 13 de 2016, que estabelece a política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação. Demanda antiga do movimento negro, a Leis de Cotas nas instituições federais de ensino na graduação (12.711/2012) faz parte de uma série de políticas afirmativas implementada na última década. A portaria revogada, 13/16, trazia instruções acerca da aplicação da Lei 12.711. Entre elas, que as instituições criassem comissões próprias para discutir e aperfeiçoar as ações afirmativas.
Militar à frente do MEC
Depois de alguns dias com um ministro interino, o MEC ganhou nesta quinta, 25, um titular. O nomeado para comandar a pasta foi Carlos Alberto Decotelli da Silva, com formação acadêmica, mas também oficial militar da reserva da Marinha. Decotelli é considerado uma surpresa para ocupar o cargo à frente da Educação. O nome dele não estava entre os mais cotados, o que pode ter sido uma estratégia do presidente para diminuir o volume das críticas. Decotelli é o primeiro ministro negro do atual governo. Além de ser o terceiro ministro em menos de dois anos à frente da pasta. Na gestão Vélez Rodriguez, Decotelli presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) por quatro meses.
Viés economicista
Para Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, o perfil do novo ministro demonstra, explicitamente, o viés que pouco a pouco vai prevalecendo no Ministério da Educação. ''É um viés economicista e militar para conduzir um bem social, um direito conquistado. Certamente, distante do projeto de educação que defendemos, será mais um a desestruturar a educação superior pública'', comentou.
Currículo
Carlos Alberto Decotelli da Silva é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Professor de Finanças Nacionais e Internacionais, Análise de Investimentos, Mercado de Capitais e Derivativos, já deu aulas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), IBMEC, Febraban e Fundação Dom Cabral.
Fonte: ANDES-SN
Imagem:EBC
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)
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