Manifestação pede que integrantes dos Conselhos da UFSM não elejam “interventores”
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Atualizada em
27/07/21 19h54m
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Segmentos da UFSM realizam ato público na véspera da reunião que escolherá a lista tríplice para a reitoria
“O conselheiro, se engana não. Tem candidato que quer intervenção”. Essa foi uma das palavras de ordem entoadas na tarde desta terça, 27, em frente ao prédio da reitoria da UFSM, no campus de Camobi, em Santa Maria, local em que ocorreu um ato público chamado pelas principais entidades que representam os três segmentos da universidade, contra a possibilidade de intervenção do governo federal nos destinos da instituição. A manifestação ocorreu na véspera da reunião dos três conselhos (Universitário, Pesquisa e Extensão e de Curadores- leia mais sobre como será a reunião do colégio eleitoral, abaixo), na qual serão escolhidos os nomes que comporão a lista tríplice que precisa ser enviada ao governo federal, que definirá quem será o (a) futuro (a) reitor (a).
Ascísio Pereira (foto a seguir), professor do Centro de Educação e vice-presidente da Sedufsm, ressaltou a importância da união entre os vários segmentos da universidade em favor de um bem comum: a manutenção da UFSM “democrática e digna”. Para o dirigente, essa relação estreita precisa ser mantida para além do atual momento político, contribuindo para que a universidade avance sua democracia na prática.
Loiva Chansis, servidora técnico-administrativa, e que se manifestou pela Assufsm, sublinhou que existem muitas críticas à forma como o processo de sucessão do atual reitor foi conduzido, sem que as entidades tenham sido chamadas a dialogar sobre a metodologia para a consulta à comunidade. Entretanto, na avaliação de Loiva, em que pese essas divergências, não se pode aceitar que pessoas que não se submeteram ao debate com a comunidade, queiram assumir a gestão. Ela também enfatizou que uma das causas do enfraquecimento da democracia interna das universidades, é o fato de até o momento, ainda esteja vigente um peso maior para professores (70% contra 30% dos demais).
Na mesma linha, Luis Eduardo Boneti Barbosa, da coordenação do DCE/UFSM, destacou que o contexto legal que embasa o processo de eleição à reitoria, que não foi alterado mesmo em governos mais progressistas, permite essa leitura retrógrada de governos, que não possuem compromisso com a democracia – como é o caso de Bolsonaro e seus apoiadores.
A possibilidade de um retrocesso na autonomia da UFSM, com a imposição de um nome para reitor alinhado com o bolsonarismo, já vem sendo objeto de mobilização e protesto há semanas. No dia 19 de julho, a diretoria da Sedufsm e o Conselho de Representantes da seção sindical divulgaram nota de repúdio a candidaturas que não participaram do debate com a comunidade. Já na última sexta, 23, as entidades dos três segmentos (Sedufsm, Assufsm, DCE, Atens, Sinasefe e APG) divulgaram um abaixo-assinado contra a intervenção na reitoria da UFSM, junto com uma carta aberta. Em relação a participação no ato público desta terça-feira, a iniciativa foi aprovada em assembleia docente ocorrida na última segunda, 26.
Docentes, técnicos e estudantes, unidos em ato em frente à reitoria
Como funciona a eleição nos Conselhos
A lista tríplice será definida em reunião ampliada dos Conselhos Superiores que ocorre a partir das 8h30 desta quarta (28), com transmissão pelo site do Farol UFSM. Ao todo, 124 votos deverão ser registrados no dia, entre membros dos colegiados do Conselho Universitário, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e do Conselho de Curadores.
As eleições para reitor e vice ocorrem em momentos separados da sessão desta quarta. Tanto para um quanto para outro, os votos serão registrados através do sistema de votação eletrônica “Helios Voting”, sendo inteiramente anônimos.
O pleito para a reitoria da UFSM ocorreu em duas etapas: a primeira consistiu na pesquisa de opinião eletrônica realizada no dia 24 de junho, da qual participaram docentes, estudantes e técnico-administrativos em educação. Inscreveram-se, para a pesquisa, os professores Luciano Schuch, Cristina Nogueira e Martha Adaime. Com 55,41% dos votos, Schuch foi o mais votado pela comunidade.
Contudo, quando abriram as inscrições para a eleição nos Conselhos Superiores, além das três candidaturas já presentes na pesquisa, foram acrescidas mais duas, que não haviam se apresentado anteriormente à comunidade: professores Rogério Ferrer Koff (inscrito ao cargo de reitor) e Genesio Mario da Rosa (inscrito ao cargo de vice-reitor).
Em sua mobilização conjunta, as entidades representativas reivindicam que as candidaturas que não debateram suas propostas com a comunidade e não se colocaram sob seu aval na etapa da pesquisa, não sejam eleitas para a lista tríplice.
Até então, os Conselhos Superiores sempre votaram de acordo com a vontade expressa pela comunidade na consulta. Ocorre que esse comportamento de respeito à democracia não era obrigatório, visto que não existe qualquer vinculação formal entre a consulta e o voto dos(as) conselheiros(as).
Como destacado por representantes dos movimentos sindical e estudantil, é preciso alterar a legislação vigente, garantindo a paridade nas votações e a efetiva participação dos segmentos na eleição dos gestores máximos. Enquanto as regras para o pleito derivarem do período ditatorial, existirão brechas para que governos de orientação antidemocrática e ultraconservadora intervenham diretamente nos processos decisórios internos.
(Mais fotos abaixo, em anexo)
Texto: Fritz R. Nunes coma a colaboração de Bruna Homrich
Fotos: Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm