“Querem submeter as universidades e assaltar nossa subjetividade”, diz Celi Taffarel
Publicada em
23/08/21
Atualizada em
23/08/21 18h32m
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Docente da UFBA deu entrevista ao programa Ponto de Pauta, da Sedufsm

A edição número 38 do Ponto de Pauta, programa de entrevistas da Sedufsm, conversou com a professora Celi Taffarel, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-candidata à presidência do ANDES-SN. O diálogo girou em torno da autonomia e democracia nas Instituições Federais de Ensino.
O governo Bolsonaro, desde quando tomou posse, em 2019, já interferiu na escolha de mais de vinte dirigentes de IFE país afora. Contudo, Celi antecipa: as elites sempre tentaram interferir na educação superior brasileira, de forma que esse processo não é novo.
“As universidades no nosso país surgem como cursos, quando a família real portuguesa, em meio a guerras na Europa, vem para o Brasil e aqui dá início ao período monárquico. Veremos surgir, então, os primeiros cursos na área da saúde, engenharia, direito, que eram áreas interessantes às elites. Ao longo da história, as elites sempre buscaram intervir nos rumos da universidade, sufocar os professores, a autonomia e a liberdade de cátedra. Sempre foi uma luta, agravada durante a ditadura, quando os militares colocavam, ao lado dos gabinetes dos reitores, seus postos para vigiar os professores. Por isso forçaram o exílio de nossos melhores cérebros, como Paulo Freire e Florestan Fernandes”, rememorou Celi.
Para a docente, o governo Bolsonaro demonstra tanto interesse em intervir nas escolhas de reitores(as), na base dos currículos ou mesmo na autonomia financeira das instituições porque “está alinhado com a política imperialista e precisa cumprir com sua tarefa mesquinha, subalterna, destrutiva, que é assaltar a nação, os poderes, nossa soberania e os direitos dos trabalhadores”, diz.
Uma vez que as universidades são locais de produção de um conhecimento que pode elevar o criticismo e o empoderamento do povo, é fundamental, para um governo negacionista e autoritário, diz Celi, tentar intervir e brecar tal formulação de conhecimento. E os professores e professoras, como agentes deste processo educativo, estariam entre os alvos principais.
“Eles querem submeter todo o corpo docente, mantendo-o sob a tutela dos fuzis, dos coturnos, das crenças religiosas, do obscurantismo e do negacionismo. Querem assaltar nossa subjetividade”, reflete.
Assista ao programa na íntegra abaixo ou em nosso canal no Youtube.
Texto e print: Bruna Homrich
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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