Dica cultural: docente sugere obra ‘O avesso da pele’ SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 03/09/21 11h52m
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Liliane Brignol destaca livro de Jeferson Tenório e sua temática sobre o racismo

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Escritor Jeferson Tenório, autor do livro

Sextou na quarentena! Nesta sexta, 3 de setembro, a dica cultura é de Liliane Brignol, professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM. Em sua resenha, Liliane sugere a leitura de ‘O Avesso da pele’, de Jeferson Tenório. O autor, que é natural do Rio de Janeiro, atualmente mora em Porto Alegre, onde foi patrono, em 2020, da feira do livro porto-alegrense. Na publicação, Tenório aborda, com bastante sensibilidade, questões reflexivas sobre o racismo.

“Memória, relações raciais e identidades em ‘O Avesso da Pele’.

As memórias que ficam nos objetos ajudam a contar histórias interrompidas. Uma narrativa simples e, ao mesmo tempo, profunda, que resgata duas vidas conectadas pelo amor e pelo sofrimento. Em O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, o social, o político, o simbólico e o íntimo se misturam. Ao longo das 188 páginas, somos convidados a refletir sobre relações raciais e identidades no Brasil enquanto experimentamos a busca de um filho por seu pai.

Jeferson Tenório nasceu no Rio de Janeiro, mas reside em Porto Alegre, onde cursa Doutorado em Teoria Literária na PUC-RS. É autor também de o Beijo na Parede (2013) e Estela sem Deus (2018). O professor e escritor é colunista de GaúchaZH, foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2020, e já conquistou diversos prêmios de literatura.

No livro, é pela perspectiva de Pedro, em conversas passadas e pequenos achados na lembrança, que conhecemos Henrique, um professor de Literatura de uma escola pública de Porto Alegre. Entendemos suas relações, suas escolhas, os vínculos familiares e o encontro com a mãe de Pedro – como “duas pessoas quebradas” que “não se amavam o suficiente para suportarem os seus fantasmas” (p.27).

Também nos reconhecemos nas frustrações cotidianas e nas pequenas satisfações de Henrique diante do trabalho como professor. No final da história, a precariedade da escola, o desinteresse dos alunos e a repetição da rotina ajudam a entender o desencanto com o magistério. Atravessando todas as experiências compartilhadas, nos defrontamos com a violência do racismo, desde a primeira vez em que se revela explícito na vida de Henrique, até se tornar presente em sua dimensão subjetiva e se interpor enquanto tragédia.

Tudo isto examinado por dentro. Aqui a brutalidade decorrente do racismo não é apenas mais uma nota no jornal. “É necessário preservar o avesso, você disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo” (p.61). A afirmação de Pedro é um convite a cultivar o lugar dos afetos que nos mantêm vivos – algumas vezes apenas na memória – em um país racista e desigual como o Brasil.”

Referências: O Avesso da Pele, Jeferson Tenório (Companhia das Letras, 2020).



Liliane Dutra Brignol
Professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM.


Imagens: UFRGS, divulgação e arquivo pessoal

Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)

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