Dica cultural: ‘Marighella’ chega às telas de Santa Maria
Publicada em
05/11/21
Atualizada em
05/11/21 10h48m
2495 Visualizações
Mário Magalhães, autor do livro que inspira o filme, fala sobre relevância da obra
Sextou! Nesta sexta, 5 de novembro, a dica cultural é ir ao cinema assistir o filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura (personagem principal de Tropa de Elite e Narcos). O filme, que está em cartaz no Cinépolis, do shopping Praça Nova de Santa Maria, em dois horários (18h15 e 21h30), se baseia no livro “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, de autoria de Mário Magalhães. Em depoimento à assessoria de imprensa da Sedufsm, o autor da obra, jornalista de 57 anos formado pela UFRJ, ressalta que a publicação, premiada com o ‘Jabuti’ em 2013, já está na 11ª impressão.
Confira a seguir o depoimento de Mário Magalhães, que em 13 de maio de 2013 participou da edição do Cultura na Sedufsm sobre o livro, na Câmara de Vereadores de Santa Maria. Na entrevista, Magalhães fala sobre a relevância do filme para a história e para a democracia do país.
Pergunta- Qual a importância de termos, em cartaz nos cinemas brasileiros, nesses “tempos bicudos”, um filme como “Marighella”?
Magalhães- A chegada do filme “Marighella” aos cinemas representa uma retumbante vitória da democracia contra o obscurantismo. É um triunfo da liberdade de expressão e da liberdade artística, contra os saudosistas da ditadura que, na prática, tentaram censurar o lindo filme dirigido pelo Wagner Moura. A estreia nos cinemas também representa uma derrota daqueles que apostaram no esquecimento de Carlos Marighella. O silenciamento de Marighella é uma construção histórica que começou na década de 1930.
Pergunta- Escritores (as) sempre manifestam certo temor quando suas obras são adaptadas para a tela grande. Na tua avaliação, como se saiu a adaptação de Wagner Moura?
Magalhães- Adorei o filme do Wagner. É um filmaço. Temos, no fundo, a mesma interpretação: Marighella era sobretudo um homem de ação. Tinha boa formação, não nutria preconceitos anti-intelectuais, mas chegava uma hora que Marighella dizia: chega de papo, vamos à luta. Ele sempre foi assim.
Pergunta- Quais os pontos que destacas no filme em comparação ao livro?
Magalhães- Há duas diferenças essenciais para compreender os trabalhos. Eu compus uma obra de literatura de não ficção, jornalística; o Wagner, uma obra de cinema. A história que eu conto é de não ficção - não há nem um só espirro inventado na narrativa; já o filme do Wagner é de ficção, embora baseado em fatos reais, como os contei no livro. Mas quem leu o livro identificará muitíssimas passagens reproduzidas no filme. E saberá reconhecer quem são as figuras históricas, de carne osso, que basearam/inspiraram os personagens do filme.
Pergunta- Antes mesmo da estreia, o filme já andou recebendo boicotes, sendo atacado pelas redes sociais. Como avalias esse tipo de situação?
Magalhães- A memória de Marighella gera inspiração e temor. Inspiração de quem se identifica com as ideias que ele cultivava e as lutas nas quais se empenhava. E temor de quem as rejeita. A memória de Carlos Marighella atormenta a extrema direita. Esse segmento político esforçou-se para impedir que o filme fosse exibido nos cinemas. Teve êxito, mas não duradouro. Agora, busca desestimular que mais cidadãs e cidadãos conheçam um gigante da história cuja trajetória não aprendemos na escola.
O trio: Seu Jorge (Marighella), Wagner Moura (diretor do filme) e Mário Magalhães
Pergunta- Na tua avaliação, quais alguns dos motivos que deveriam levar as pessoas a irem ao cinema assistir a um filme sobre a vida de um guerrilheiro chamado “Marighella”?
Magalhães- Porque o filme ensina história. Além disso, é um tremendo entretenimento. Também importante, será uma celebração da liberdade, contra o obscurantismo de quem tentou proibir “Marighella” nos cinemas e procurou eliminar suas pegadas da história do Brasil.
Texto: Fritz R. Nunes
Imagens: Divulgação e Facebook
Assessoria de imprensa da Sedufsm