Dica: professora sugere com ênfase o ‘Artivismo mundano’ SVG: calendario Publicada em 25/03/22
SVG: atualizacao Atualizada em 25/03/22 11h40m
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Marta Tocchetto indica a obra do militante ambiental Thiago Leite

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Thiago Leite ('mundano') em frente à obra que retrata os rostos de mortos na tragédia de Brumadinho (MG)

Sextou! E nesta sexta, 25, a dica cultural é da professora Marta Tocchetto, aposentada do departamento de Química da UFSM. A sugestão dela é conhecer a obra de Thiago Leite, mais conhecido como “Mundano”, um militante em favor dos temas ambientais e, que, se filia ao “Artivismo”, um tipo de movimento em que ações sociais e políticas desenvolvidas de forma individual ou coletiva se utilizam de estratégias artísticas, estéticas e simbólicas. Vale a pena ler o conteúdo da sugestão de Marta Tocchetto, ela também uma defensora de bandeiras que relacionam meio ambiente e justiça social.
 

Artivismo mundano

Mundano faz de sua obra um clamor por justiça. A obra de Mundano é um alerta para o projeto de destruição vigente no país. Mais do que nunca é preciso denunciar e resistir”.

Artivismo são ações sociais e políticas desenvolvidas, individual ou coletivamente, por meio de estratégias artísticas, estéticas e simbólicas, seja para sensibilizar, problematizar ou amplificar causas e reinvindicações sociais e ambientais. O artivista – artista + ativista – se vale da arte como um convite à participação, utilizando-se para tal de inúmeras linguagens, como arte de rua, vídeo, música, performance e intervenção para expor os seus pontos de vista e leituras sobre a vida e o mundo e, também para problematizar a realidade. Thiago Leite, de codinome Mundano, é um artivista que trabalha com grafite, desde 2007.

Sua obra é um manifesto político nas ruas, nas redes sociais, nas mídias e em diversas outras plataformas gerando repercussões dos problemas que afetam a sociedade e a natureza. Sua recente obra, “O Brigadista da Floresta”, é a releitura de “O Lavrador de Café” pintado há 87 anos, por Portinari. Como o próprio nome sugere, a obra representa a denunciação da crescente destruição da floresta pelo fogo e o papel dos brigadistas e das brigadistas na luta para proteger a fauna e a flora de um inimigo maior que o fogo. Um inimigo que detém o poder e age em prol da destruição acobertando criminosos pela impunidade e pelo apoio à ganância.

O painel com mais de 1000 m2 foi pintado, juntamente com outros artistas do grafite, na fachada de um prédio no centro de São Paulo, Rua 25 de março com a avenida Prestes Maia. Para a execução, Mundano confeccionou a própria tinta usada e a paleta de cores, ambas produzidas com cinzas e carvão que o artivista coletou em quatro biomas devastados pelo fogo – Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal. A obra faz parte de um projeto maior, Cinzas da Floresta. O brigadista retratado é Vinícius Curva de Vento, que vive há 36 anos na Chapada dos Veadeiros. Curva ao tocar o paredão, emocionado disse o que sentia:

“Essa tinta grita, mano!    

Essa tinta queima

Essa tinta pede.

Escutem pelo amor de Deus!

Escutem pelo que é mais sagrado!

Não percamos mais tempo

Vamos entender, por favor.

É muito sério!

Nunca foi tão sério!

 

Acabou o tempo da brincadeira!

Agora tá muito sério!

A gente tem que mudar.

Se não, não vai ter amanhã”.

 

A obra, define Mundano, denuncia crimes ambientais, homenageia heróis e heroínas invisíveis, protesta contra o desmonte ambiental e semeia a informação para milhões de pessoas no Brasil e no mundo. “O Brigadista da Floresta” é denúncia. É prece. É súplica. O ecocídio promovido por Bolsonaro aflora os pruridos mais profundos, mais fétidos e mais virulentos da destruição da floresta, do extermínio dos indígenas e dos povos originais, do envenenamento dos ribeirinhos e das águas com a fúria dos exploradores mais sanguinários e destruidores. O desmatamento é o maior dos últimos tempos, comprovam os estudiosos e os institutos de pesquisa. Mês a mês, os índices são superados e as consequências tornam-se cada vez mais difíceis de serem revertidas.
 

Painel feito com lama tóxica tem inspiração livre na obra "Os operários" de Tarsila do Amaral


O INPE, novamente trouxe dados alarmantes – o desmatamento em janeiro de 2022 foi quatro vezes maior do que em janeiro de 2021. O crescimento da destruição da floresta está avançando em direção às áreas mais preservadas. O ritmo é assustador – são 420 campos de futebol por dia. Estudo do Observatório do Clima comprovou que durante o governo Bolsonaro, o desmatamento só aumentou, enquanto o número de multas aplicadas pelo IBAMA caiu, ao menor nível da série histórica. No ano passado, os embargos de propriedades rurais com dano ambiental caíram 70%, em relação a 2018. O resultado deste projeto é um país que, a cada dia e a cada estação, sofre mais com as mudanças climáticas. Eventos extremos, como as chuvas torrenciais que aconteceram na Bahia, em Minas Gerais e em São Paulo e, que devastam a cidade de Petrópolis, se tornam cada vez mais frequentes e mais intensos. A estiagem que assola o estado do Rio Grande do Sul não é culpa da natureza, tampouco de santos distraídos que abandonaram o posto. A impunidade impulsiona a ganância, acirrando a injustiça climática e, consequentemente, a desigualdade social. Mais do que nunca é preciso denunciar. É preciso gritar: Chega!! Mais do que nunca é preciso resistir.

Mundano faz de sua obra um clamor por justiça. A obra de Mundano é um alerta para o projeto de destruição vigente no país. A denúncia vai além, a obra “Desigual” da Série “Releituras mundanas” e inspirada em “Tropical” de Anita Malfatti, como parte do Centenário da Semana da Arte Moderna, é mais do que uma homenagem. Nela, Mundano critica as desigualdades sociais e de gênero que estão presentes e ocorrem a todo instante no país. “As mulheres ainda sofrem diversas violências diárias. A igualdade está longe de ser realidade. E, além disso, temos um presidente misógino e existem milhões de “mamães falei” por aí”, afirma o artivista ao explicar sua obra. Mundano também confeccionou a tinta usada em “Desigual”. Desta vez, usou a lama tóxica de Brumadinho e óleo derramado nas praias do Nordeste. A arte é voz potente, ao lado de diversas outras formas de linguagem para denunciar todo o tipo de injustiças e de crimes. A arte representa o clamor por resistência e por mudança.”

Para conhecer mais sobre o artista, acesse:

O Brigadista da Floresta

https://images.app.goo.gl/XLE2chcM826JsMG67

Desigual

https://images.app.goo.gl/dAuZCgU997ijs3BM6

No Instagram, o perfil do artista é: mundano_sp.


Marta Tocchetto

Professora aposentada do departamento de Química da UFSM.


Imagens: Brasil de Fato
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)

 

 

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