Dica: a importância de ler ‘O mito de Sísifo’
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Atualizada em
27/05/22 10h21m
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Professor Luiz Carlos da Rosa cita relevância da obra de Albert Camus
Sextou! E nesta sexta-feira, 27 de maio, a dica cultural é do professor aposentado do Centro de Educação da UFSM, Luiz Carlos Nascimento da Rosa. Ele indica a releitura da obra escrita pelo filósofo, jornalista e dramaturgo franco-argelino, Albert Camus, intitulada ‘O mito de Sísifo’. No livro, escrito em 1941, o autor argumenta que o homem (ser humano) vive sua existência em busca de sua essência, do seu sentido, e encontra um mundo desconexo, ininteligível, guiados por entidades sufocantes como as religiões e ideologias políticas. A solução em não encontrar um sentido não deveria ser o suicídio, mas sim a revolta. Leia abaixo a dica do professor.
“O mito de Sísifo
Albert Camus, em O Mito de Sísifo, afirmava que o estado de lassidão/tédio é a sala de espera do suicídio. A dicotomia entre suicídio e absurdo nos é proveniente da exacerbação da alienação numa vida vivida submersa numa sociedade egoísta e alienante. A saída do patético horizonte da alienação e da melancolia é a mobilização. Romper com as silenciosas amarras da sofreguidão com que nos deparamos no processo real e existencial, urge o conhecimento teórico e prático do agir no tecido social que põe conteúdo e forma (dialéticos) em nosso modus vivendi. Faz-se necessário buscar o entendimento e explicação para o estar no mundo, saber em que mundo vivemos e, necessariamente, que mundo queremos.
A indiferença para com o ser do outro aponta caminhos teóricos, práticos e existenciais para a definição da vida egoísta e, portanto, nada generosa de nossa provisória existência.
Segundo a perspectiva da Teoria Política, o mundo cotidiano é, deveras, paradoxal: é reificador da ideologia do mundo das trocas e ponto de partida e chegada das possibilidades de transformação. Todo dia ouço e vejo pessoas escarafunchando no lixo para sobreviver. Essa barbárie parece petrificada em nossas vidas. Dizem alguns, Irracionalistas, que não existe sociedade real, mas isto sim, um simulacro. A práxis política faz-se boa forma de extirpar o tédio. O Mito de Sísifo, de Albert Camus, vislumbra-se como um instrumento para superarmos a melancolia de nossa alma.
Ler o Mito de Sísifo pode ser um bom começo para nos libertarmos da sofreguidão melancólica. Caso tenhas um tempinho de sobra, nessa turbulenta vida, O Mito de Sísifo irá lhe propiciar uma boa viagem.
O Mito de Sísifo, de Albert Camus possui 140 páginas. É do gênero ‘Ensaio e Filosofia’, sendo sua primeira edição, em português, de 2010. Uma edição de bolso com a tradução de Ari Roitman e Paulina Watch. Albert Camus recebeu o Nobel de Literatura em 1957”.
Luiz Carlos Nascimento da Rosa
Professor aposentado do Centro de Educação da UFSM.
Imagens: Divulgação e arquivo pessoal
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm).