Dica: série francesa e os mistérios da imortalidade
Publicada em
30/09/22
Atualizada em
30/09/22 10h55m
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Professor Francisco Mendonça Júnior sugere ‘Ad Vitam’, disponível na Netflix

Sextou! Nesta sexta, 30 de setembro, a dica cultural é do professor Francisco Mendonça Júnior, do departamento de História da UFSM. Da plataforma de streaming Netflix, ele traz a série de mistério chamada ‘Ad Vitam’, que traduzida do latim ao português significa “para a vida”. A série foi lançada em 2019, com a primeira temporada contando com 6 episódios de 52 minutos cada. E, no desenrolar da história, a velha utopia sobre a imortalidade é o foco central.
“Who wants to live forever? Ad Vitam e a questão da imortalidade
O policial Darius (interpretado por Yvan Attal) se vê obrigado a investigar a morte de um grupo de jovens à beira-mar. Aparentemente, um plot sem nada de novo, mas a série francesa Ad Vitam, disponível na Netflix, tem nisso apenas o seu pontapé inicial. Imaginem um mundo onde uma doença matou boa parte da população mundial – infelizmente, algo não tão distante de nós assim. Contudo, a solução encontrada nesse futuro próximo foi um processo de regeneração completo, tanto no âmbito físico quanto psíquico. Assim, a imortalidade passou a ser acessível em várias lojas pelas cidades.
Nesse ponto, voltamos às mortes investigada por Darius, um policial que aparenta ser um cinquentão, mas tem 119 anos de idade. Elas poderiam ser um suicídio coletivo ou um atentado terrorista daqueles que vem nessa imortalidade uma aberração?
Acompanhando Darius e a jovem suicida Christa, interpretada por Garance Marillier, somos levados não apenas a desvendar os motivos por detrás dessas mortes, mas acima de tudo a pensar o que poderia acontecer em uma sociedade onde ninguém morreria ou envelheceria. Ou melhor, quase ninguém, afinal tal “benesse” só seria acessível depois dos 30 anos e após exames de compatibilidade.
Em uma sociedade onde se pode potencialmente viver eternamente jovem, como fica a memória? Haveria espaço para crianças e adolescentes? Como se gerir os recursos? Você viveria eternamente a mesma vida de sempre? Como encarar as relações pessoais? O que acontece àqueles condenados à mortalidade? Sem a ameaça da morte, como lidar com os riscos de viver? Normalmente, temos tanto medo da morte, que quase nunca nos perguntamos o que significaria viver para sempre e Ad Vitam nos permite fazer esse exercício.
De quebra, a série ainda nos apresenta à música da talentosa cantora e compositora The Rodeo, pseudônimo de Dorothée Hannequin, cuja Inner war pode ser encarada como uma bela síntese de Ad Vitam.”
Francisco Mendonça Júnior
Professor do departamento de História da UFSM.
Imagem: Divulgação e arquivo pessoal
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)
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