Pesquisa CovidPsiq monitora saúde mental de estudantes universitários
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Atualizada em
16/12/22 18h09m
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Primeira fase do estudo constata que mais da metade de estudantes pesquisados(as) apresentava algum transtorno mental
O projeto de pesquisa CovidPsiq realizou um estudo que buscou monitorar sintomas de estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e estresse na população brasileira durante a pandemia do coronavírus. Foram disponibilizados questionários online em 4 fases da pesquisa, entre 2020 e 2021, e ainda se tem uma perspectiva de realização de mais fases.
Em agosto de 2022, os integrantes do CovidPsiq publicaram um artigo referente à primeira fase da pesquisa, ocorrida entre abril e maio de 2020. Nesse estudo, estudantes universitários foram considerados um grupo de risco para desenvolvimento de sintomas de estresse e depressão. Do estudo inicial participaram 1.371 estudantes, a maioria do sexo feminino (76,1%), a maior parte de universidades públicas (80,5%) e também da região Sul do Brasil (87,7%).
Desse total que respondeu ao questionário, 73% afirmaram que sua saúde mental piorou na fase que antecedeu a pandemia, e 23,8% afirmaram que piorou muito. Mais da metade dos estudantes apresentava previamente um diagnóstico de transtorno mental.
Os resultados demonstraram que os fatores que mais influenciaram sintomas de depressão, estresse e ansiedade foram: sexo feminino, idades mais jovens, baixa renda, dívidas financeiras, diagnóstico psiquiátrico prévio e aumento de uso de substâncias durante a pandemia.
Quando comparadas as diversas áreas de estudo, ficou demonstrado que as áreas de “Artes, Literatura, Educação e Educação física” e “Ciências Humanas e Sociais” apresentaram os piores desfechos dos sintomas analisados. Conforme explica a coordenação do projeto, mais análises dos dados coletados serão realizadas posteriormente para esclarecer as relações de causalidade, bem como para monitorar a trajetória de sintomas psicológicos dos participantes durante a pandemia da Covid-19.
Conforme o coordenador do projeto, o médico psiquiatra e professor da UFSM, Vitor Calegaro, a população-alvo da pesquisa era de brasileiros com 18 anos ou mais. Contudo, foram divididos em subgrupos de interesse, entre esses, o de estudantes universitários de graduação e pós-graduação.
A amostra, explica Calegaro, que também coordena o Ambulatório de Psiquiatria do Centro Integrado de Atenção às Vítimas de Acidentes (CIAVA), foi não probabilística, ou seja, não se pretendeu, com o estudo, fazer uma estimativa precisa do percentual de estudantes com sintomas de ansiedade, depressão. “Embora esses dados apontem direções, não se pode afirmar que sejam representativos da população brasileira”.
Segundo Calegaro (foto abaixo), o objetivo principal da pesquisa foi verificar como ocorrem/ocorreram as mudanças nos sintomas ao longo do tempo, e quais as diferenças entre os indivíduos saudáveis dos que adoeceram psiquicamente. Para isso, ressalta ele, a amostra estimada foi de 2.000 participantes (temos em torno de 6.000), baseando-se nos testes estatísticos que serão utilizados para alcançar os objetivos.
Resumindo, explica o médico, a pesquisa busca identificar, verificar e compreender a fundo os fatores de risco e de proteção relacionados ao adoecimento psíquico durante a pandemia.
Luiza Braun, estudante de Medicina e bolsista do projeto, destaca que os dados que estão sendo extraídos do estudo são importantes para subsidiar o debate acadêmico, mas também para ajudar nas estratégias de entes públicos, inclusive da própria universidade, no sentido de fomentar a elaboração de políticas públicas que tratem dos problemas constatados em saúde mental.
Estudo
A metodologia utilizada no projeto, explica Luiza, leva em conta um modelo em que se realiza um acompanhamento da população pesquisada, quando são coletados dados em vários momentos e depois analisados ao longo de um certo período. Essa pesquisa da CovisPsiq teve quatro fases de questionários até o momento.
A primeira fase ocorreu de 22 abril a 6 maio de 2020; a segunda, em junho de 2020; a terceira, em setembro de 2020 e, a quarta, de janeiro a fevereiro de 2021. Os questionários de cada fase incluíam tanto perguntas desenvolvidas pelos pesquisadores, quanto escalas psiquiátricas já utilizadas no meio médico. “Futuramente, faremos análise longitudinal dos dados, para publicação de novos artigos”, acrescenta ela.
O questionário foi disponibilizado pela plataforma ‘SurveyMonkey’, mas também divulgado por um link publicizado em plataformas de mídia, e-mails institucionais, rádio e televisão. As respostas foram totalmente voluntárias; não houve uma busca ativa diretamente aos participantes. Para saber mais sobre o CovidPsiq, acesse aqui.
Texto: Fritz R. Nunes
Imagem: CovidPsiq
Assessoria de imprensa da Sedufsm