Os desafios da educação no governo Lula
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19/01/23 19h04m
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Professor da UECE, José Eudes Baima, fez análise em entrevista à Sedufsm
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No último dia 10 de janeiro, o professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), José Eudes Baima Bezerra, esteve na Sedufsm para participar de um debate cuja abordagem era fazem um balanço sobre a filiação do ANDES-SN à central sindical CSP-Conlutas. Além de docente na área de Pedagogia e também do Mestrado em Educação da instituição cearense, Eudes é um dos importantes quadros do coletivo nacional chamado ‘Renova Andes’.
Durante sua permanência em Santa Maria, o professor concedeu uma entrevista em vídeo à assessoria de imprensa da Sedufsm, na qual avaliou o período do governo Bolsonaro no que tange à educação; discorreu sobre os desafios do governo Lula na área de ensino, além de expressar sua forma de ver a relação entre o movimento docente e o governo recém eleito. Confira alguns trechos da entrevista logo abaixo.
Questionado sobre “desafios” do governo Lula na educação, Eudes cita ao menos dois aspectos: problemas de longo prazo, ainda não superados, mesmo após os governos Lula e Dilma, que se referem a uma herança histórica existente no país. O professor destaca, por exemplo, que somente no final dos anos 1980 o Brasil atingiu um patamar em que 90% a 95% das crianças acessavam a sala de aula. “Uma verdadeira tragédia educacional”, frisa.
Contudo, argumenta Eudes, além dos problemas históricos, existem novos problemas, que se consolidaram especialmente nos últimos seis anos, após a derrubada de Dilma Rousseff, nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Ele cita, como exemplos, a inserção da pauta curricular do ‘Escola Sem Partido’ e a nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Para o docente, essas duas questões precisam ser incluídas no pacote de revogações legais que o atual governo precisa fazer.
Além disso, outros temas acabaram sendo introduzidos, entre eles, a implantação das escolas cívico-militares, que na avaliação de Eudes, é uma política imposta pela extrema-direita brasileira. “São diversas questões delicadas, complexas, que precisam ser resolvidas”, diz.
Na visão do educador, o período dos governos Lula e Dilma representou uma elevação substancial do investimento em educação, ainda que não exatamente no mesmo patamar de países que integram a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Contudo, para ele, é preciso reconhecer que houve avanços à época.
Para ele, não basta apenas ampliar investimentos, mas também buscar a solução para questões como, por exemplo, a evasão de recursos públicos para o ensino privado. Ele cita que, em seu estado, no período mais recente, houve uma ingerência, uma “inserção drástica” de segmentos como bancos, construtoras, na tentativa de conduzir o ensino público.
Portanto, raciocina o professor, é preciso dar um passo além no que se refere a pensar a educação, ao mesmo tempo em que se busca reconstruir o que os governos Temer e Bolsonaro destruíram. “Temos demandas para o atual governo e sabemos que é uma tarefa política complexa”, sublinha. E complementa: “precisamos cobrar do governo a conta da derrota de Bolsonaro”.
Em sua argumentação, Eudes cita publicação editorial do jornal ‘Estadão’, através do qual o veículo cita que, para enfrentar os ataques golpistas e garantir a democracia, que o governo Lula deve ampliar a sua “concertação”, o que, em termos práticos, significa aglutinar ainda mais setores à direita. Para o docente, essa é uma visão distorcida, pois a saída deve ser na forma contrária, ou seja, o que o governo de Lula deveria fazer é se aproximar ainda mais do povo, dos(as) trabalhadores/as.
Relação do Movimento Docente com o novo governo
Qual deve ser a forma de relacionar-se? Para José Eudes, a pauta central do momento é debater o que o Movimento Docente deseja do governo Lula. Durante o 41º Congresso do ANDES-SN, que acontece de 6 a 10 de fevereiro, em Rio Branco (AC), se necessário, diz ele, outros temas devem ser “sacrificados” em favor da discussão sobre qual o tipo de relação com o governo, permitindo que as pautas prioritárias para tratar com o governo sejam aprofundadas.
No entendimento dele, o ponto inicial tem que ser a demarcação de que o sindicato possui autonomia e independência em relação a governos. Por outro lado, pondera que, diante do risco sempre presente de ameaça às liberdades e à democracia, é preciso debater o conteúdo e a forma de reivindicar. Em que pese o longo período de pandemia, Eudes entende que a reação ao governo Bolsonaro foi “tímida”.
Na visão do professor cearense, existem muitos pontos de pauta que precisam ser encaminhados, entre os quais, recuperação de financiamento ao ensino, valorização salarial, a finalização das intervenções autoritárias nas reitorias. No entanto, pondera, as mobilizações e reivindicações sindicais precisam ser bem conduzidas para que não sejam confundidas com as efetuadas pela extrema-direita.
Combinação perversa
Durante a entrevista concedida à assessoria de imprensa da Sedufsm, José Eudes Baima Bezerra também fez uma avaliação sobre o “legado” do governo Bolsonaro na educação. Para ele, nos quatros anos que se passaram, ocorreu uma “combinação perversa” em que se misturaram ‘arrocho fiscal’ (redução de recursos) com a ideologia da destruição da educação com base científica.
Confira a íntegra da entrevista a seguir.
Edição: Fritz R. Nunes com entrevista concedida a Rafael Balbueno
Imagem: Rafael Balbueno
Assessoria de imprensa da Sedufsm
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