50 anos de uma ousadia chamada ‘Secos e Molhados’ SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 25/08/23 17h44m
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Jornalista Rejane Miranda fala sobre disco que driblou a censura

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A capa do disco 'Secos & Molhados'

Nesta sexta, 25 de agosto, a dica cultural resgata os 50 anos do primeiro disco de um dos grupos que marcou a cena musical brasileira, o ‘Secos & Molhados’, cujo título do álbum remete ao nome da própria banda. A jornalista e radialista da UFSM, Rejane Miranda, relembra a irreverência e a ousadia do grupo que, além de driblar a censura da ditadura, ofereceu ao Brasil verdadeiras obras-primas, como ‘Sangue Latino’, e de quebra, deixou como legado eterno para a música popular brasileira, o genial, Ney Matogrosso.

“Outro dia estava imersa na minha pesquisa de mestrado em Patrimônio Cultural na UFSM e encontrei, entre os sete mil vinis da Rádio Universidade de Santa Maria, o álbum de estreia do grupo Secos e Molhados, lançado em agosto de 1973. Meu projeto é sobre os discos censurados na ditadura que foram preservados pela emissora e, pela ousadia deste álbum, eu acreditava que muitas músicas teriam sido vetadas pela Divisão de Censura. Mas não foram! As letras complexas com jogo de palavras, trocadilhos, duplo sentido confundiam os censores e driblavam a censura. O álbum a que me refiro completou 50 anos.

Imaginem, o Brasil vivenciava o período mais repressivo da ditadura e surge no cenário cultural um grupo em que os componentes se pintavam e o intérprete dançava de forma sensual, mostrando o corpo. A capa do disco apresentava cabeças com rostos maquiados expostas em bandejas, numa grande mesa cercadas de produtos vendidos nos antigos armazéns de secos e molhados. Os quatro eram: João Ricardo, o fundador da banda e responsável pelos vocais, violão e gaita; Fred, o percussionista; o violonista Gerson Konrad, e ele, o magistral Ney Matogrosso à frente, cantando e dançando, performance que ele mantém  até hoje, aos 82 anos, e que arrebatou alguns e afrontou outros.

A primeira música composta pelo grupo foi “Primavera nos Dentes” de João Ricardo e o pai dele, João Apolinário O disco contém duas letras da cantora Luhli, nome artístico de Heloísa Orosco: “O Vira” e “Fala”. Tem canções feitas a partir de poemas como "Rosa de Hiroshima" de Vinicius de Moraes e "Rondó do Capitão', de Manuel Bandeira. De Cassiano Ricardo, “Prece Cósmica” e “As Andorinhas”; Solano Trindade compôs “Mulher Barriguda”; ainda tem “Sangue latino”, “O patrão nosso de cada dia”, “Assim assado”.

No total são treze faixas, entre elas, " El Rey “, um deboche aos donos do poder, mas que passou tranquilo pela tesoura estatal, pois os censores não tinham muita capacidade intelectual de “compreender” certas letras. “Prece Cósmica”, “Flores Astrais”, completam o álbum que fez um sucesso estrondoso, chegando a vender um milhão de discos no primeiro ano.

João Ricardo assina 12 das 13 faixas que fazem parte do álbum. Ney deixou o grupo pouco menos de um ano após o lançamento do disco. Como disse João Ricardo: “fizemos algo irrepreensível, irretocável e fantástico, mas tudo isso é passado”. Um passado inesquecível!”.

Dados sobre o disco

Disco: Secos e Molhados

Lançamento: Agosto de 1973

Gravadora: Continental

Produção: João Ricardo.”

Rejane Miranda

Jornalista e radialista

 

Imagens: Arquivo

Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)

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