Livro destaca protagonismo das mulheres na Segunda Guerra SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 22/03/24 10h23m
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Dica cultural desta semana é da professora de Comunicação Social da UFSM, Viviane Borelli

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A premiada escritora bielorrussa, Svetlana Alexievich

Nesta sexta, 22 de março, a dica cultural é da professora Viviane Borelli, do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM. A sugestão é a leitura de “A guerra não tem rosto de mulher”, da vencedora do Nobel de Literatura de 2015, a jornalista e escritora bielorrussa Svetlana Alexievich (Companhia das Letras, 2016). Em sua obra, a bielorrussa joga luz sobre o protagonismo das mulheres durante a Segunda Guerra Mundial.

“Um olhar sobre o protagonismo feminino na Segunda Guerra

Tradicionalmente, a guerra foi escrita por homens e eram apenas eles que figuravam entre os personagens e heróis. Inconformada com essa situação, Svetlana passou quase uma década recolhendo depoimentos de mulheres que haviam sido soldadas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial. A obra “A Guerra não Tem Rosto de Mulher” nos brinda com uma narrativa envolvente sobre esse momento trágico, no qual, aproximadamente, um milhão de mulheres lutaram e ocuparam postos que conhecemos apenas no gênero masculino. Na guerra, elas foram franco-atiradoras, batedoras, soldadas de infantaria, comandantas de pelotão, controladoras de tráfego, operadoras de artilharia antiaérea mecânicas de avião, além de terem pilotado aviões.

“Um mundo inteiro foi escondido de nós. A guerra delas permaneceu desconhecida... Quero escrever a história dessa guerra.  A história das mulheres” (p.13). Assim, Svetlana rompe com um padrão, pois estamos acostumados a conhecer apenas o relato da guerra por meio de fontes masculinas. Outra singularidade da obra é não utilizar as fontes oficias: Svetlana nos mostra que, por meio de testemunhos e relatos das mulheres combatentes soviéticas, é possível problematizar a memória coletiva que construímos sobre a guerra.

O livro-reportagem possui uma linguagem clara, coloquial e sensível para mostrar o protagonismo feminino neste momento trágico de nossa história. Como ela diz “Não estou escrevendo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra” (p.18). Assim, há humanização do relato em toda a obra – desde o respeito ao silêncio (já que conversou com mulheres que lutaram na guerra e queriam esquecer esse momento de suas vidas), até o modo com que usa as aspas para ser fiel ao que as protagonistas lhe falaram nas inúmeras conversas. Ela nos detalha como foram feitos os contatos com as fontes, as várias idas e vindas para conversar com as mulheres, o quão sensível fora tocar nesse momento tão traumático de suas vidas justamente décadas depois.

As obras da escritora bielorrussa são baseadas em testemunhos e relatos por meio da história oral. Com sensibilidade, Svetlana nos mostra os crimes humanitários e as atrocidades pelas quais seu país passou ao longo do século XX. Além de “A Guerra não Tem Rosto de Mulher”, pode-se encontrar, em português, mais quatro livros de Svetlana: “Vozes de Chernobyl”, “O Fim do Homem Soviético”, “As Últimas Testemunhas” e “Rapazes de Zinco”. Em todas as obras, a escritora nos brinda com um relato humano, sincero e respeitoso aos protagonistas e vítimas das tamanhas tragédias que narra e faz vir à tona por meio de sua narrativa.

Svetlana foi a 14ª mulher a receber o Nobel desde a sua criação, em 1901. Prestes a completar 76 anos, sua postura denota resistência e coragem, assim como suas obras. Ela vive na capital Minsk e tem liderado mobilizações contra o regime de Alexander Lukashenko (conhecido como o “último ditador da Europa”), que governa Belarus há quase 30 anos.”

Viviane Borelli

Professora do departamento de Ciências da Informação da UFSM.

 

Imagens: Divulgação e arquivo pessoal
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)

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