Pesquisa da UFSM mapeia impactos de catástrofe socioambiental no Rio Grande do Sul
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Iniciativa, apoiada pela Sedufsm, aponta que 85% das pessoas pesquisadas não consideravam sua moradia em área de risco
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Em resposta à catástrofe socioambiental que devastou o Rio Grande do Sul em maio de 2024, um grupo de discentes e docentes da UFSM, em colaboração com o Observatório da Desigualdade e o Laboratório de Investigação Sociológica (LabIS), com apoio da Sedufsm, iniciou uma pesquisa de mapeamento para entender os impactos desses eventos na comunidade acadêmica e contribuir para a mitigação dos efeitos adversos.
De 894 pessoas ouvidas, 65% eram graduandos/as e 56% moravam em Santa Maria. Foram entrevistados/as docentes, discentes, técnicos/as e terceirizados/as. O levantamento mostrou que a maioria não considerava sua moradia em área de risco. Cerca de 10% disseram que foram diretamente atingidos/as diretamente pela catástrofe, enquanto aproximadamente metade teve alguém próximo afetado.
O mestre em Ciências Sociais (UFSM), Norberto Ornelas, destacou que os resultados parciais da pesquisa revelaram que a maioria dos respondentes sofreu danos diretos e indiretos, incluindo alagamentos, destelhamentos e falta de serviços básicos como água, luz e internet. "Muitos relataram impactos significativos, tanto materiais quanto psicológicos, com uma parcela relatando perdas indiretas mesmo não sendo diretamente atingidos pelas chuvas", conta Noberto.
Metodologia da pesquisa
O estudo surgiu como uma resposta rápida às fortes chuvas que causaram alagamentos, deslizamentos e outros danos significativos no estado. Segundo a pesquisadora do projeto e doutora em Ciências Sociais pela UFSM, Thainá Paulon, a ideia do mapeamento foi desenvolvida para demonstrar como as Ciências Sociais podem ajudar a comunidade santamariense. "Consternados com a morosidade de alguns órgãos responsáveis, dividimos o projeto em diversos grupos de trabalho, resultando no projeto de extensão 'Catástrofes climáticas: dimensões socioculturais do alerta e contenção de riscos’", explica Thainá.
Além do mapeamento, o projeto envolveu ações diretas em abrigos, doações e a criação de um mapa interativo disponível na plataforma Google Maps. Outra iniciativa foi o site “Santa Maria em Rede”, que reúne informações sobre locais de referência comunitária para prestar assistência às vítimas da crise.
A pesquisa utilizou uma metodologia quanti-qualitativa e o método de amostragem snowball (método que não se utiliza de um sistema de referências, mas sim de uma rede de amizades dos membros existentes na amostra) para alcançar uma ampla gama de participantes. Matheus Junges, também participante do grupo de pesquisa e doutor em Ciências Sociais pela UFSM, explicou que, durante o período de 11 a 26 de maio de 2024, foram registradas 894 respostas, representando diversos perfis acadêmicos e étnico-raciais da comunidade universitária. "A análise das respostas permitiu um mapeamento detalhado da situação, categorizando os principais danos sofridos", afirma Matheus.
Eventos climáticos e políticas públicas
Bruna Siebeneichler, mestre em Ciências Sociais, conta que a pesquisa incluiu as chuvas fortes de abril e maio de 2024 e seus desdobramentos, como alagamentos e deslizamentos. "Reconhecemos a interconexão entre sociedade e meio ambiente, por isso usamos o termo 'catástrofe socioambiental' para descrever os eventos", esclarece Bruna.
A participante do grupo de pesquisa, Brunna do Nascimento, destaca que a pesquisa pode contribuir para a elaboração de políticas públicas de adaptação a eventos climáticos extremos. "O olhar treinado do cientista social ajuda a compreender questões invisibilizadas em outras pesquisas, servindo de base para decisões sobre o calendário acadêmico e medidas de mitigação", declara Brunna. O relatório técnico prévio da pesquisa está disponível para consulta pública.
Texto: Karoline Rosa
Imagem: Italo de Paula
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM
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