Ficção ou realidade? “Café: um breve relato do ano da enchente” é a dica cultural
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Atualizada em
19/09/24 16h16m
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Professor Vitor Biasoli compartilha percepções sobre o livro mais recente de Gérson Werlang
A dica cultural desta quinta-feira, 19 de Setembro, é bem gaúcha, do jeito que a véspera de feriado sugere. Porém, passa longe dos festejos comemorativos, trazendo um outro Rio Grande do Sul para leitores e leitoras. O autor da dica é Vitor Biasoli, professor aposentado do Departamento de História da UFSM, que nos traz um pouco de sua percepção sobre o mais recente livro de Gérson Werlang, professor do Departamento de Música da UFSM: “Café: um breve relato do ano da enchente”. A narrativa traz um Rio Grande do Sul fictício, com uma linha entre realidade e ficção mais tênue do que se pode imaginar. Leia a dica a seguir.
"Gérson Werlang, professor do departamento de Música da UFSM, lançou mais um romance na recente Feira do Livro de Santa Maria: 'Café: um breve relato do ano da enchente". Seu primeiro romance, “Wilde em Berneval” (Coralina, 2020, 218 p.), a respeito do final da vida do escritor Oscar Wilde, levou anos para ser escrito. Esta segunda incursão na ficção, no entanto, foi elaborada e construída neste ano, sob o impacto da catástrofe climática que se abateu sobre o nosso estado.
No livro, um professor universitário gaúcho, de 39 anos, que leciona numa cidade do interior de São Paulo, narra a sua decisão de voltar para o Sul. Ele é professor de Biologia, seu casamento passa por maus momentos e regressar ao Rio Grande do Sul surge como uma solução para a sua vida. Ele faz concurso para uma universidade do interior (a fictícia cidade de Flamboyant), é classificado e passa a lecionar em março de 2024. Aguarda a esposa também vir fazer concurso na mesma universidade e é durante esse tempo de adaptação à nova cidade e de espera da esposa que transcorre a narrativa.
O professor experimenta os cafés da cidade, vive o cotidiano da universidade, descobre a estranha espécie de café denominada “Cartagena Zâmbia”, conhece o Zarolho, a professora Hanna e embarca (literalmente) em estranhas aventuras. Estranhas e fantásticas. Até com o famoso pirata Long John Silver (o vilão de “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson) o professor entra em contato. Até que iniciam as chuvas que desencadeiam as enchentes de maio deste ano...
Então, num tom de narrativa fantástica, o personagem-narrador encara as chuvas, o transbordamento do rio mais próximo, a situação calamitosa que a cidade passa a viver, o comportamento negacionista dos dirigentes locais, e, dessa maneira, expressa a perplexidade que muitos de nós experimentaram diante da catástrofe. Um fenômeno que nos pegou de “calças na mão” e até hoje nos desafia.
‘Café: um breve relato do ano da enchente’ é uma narrativa de andamento leve e divertido, algo fantástico e bem-humorado, que vale a pena encarar. Um romance que nos faz pensar a respeito do que nos aconteceu recentemente: catástrofe climática natural ou catástrofe climática agravada por uma classe dirigente gananciosa e incompetente?”.
Vitor Biasoli
Professor de História da UFSM aposentado e também escritor
Saiba mais sobre a obra
O quê? Livro- ‘Café: um breve relato do ano da enchente’
Autor: Gérson Werlang
Preço: R$60,00
Número de páginas: 116 páginas
Editora: Memorabilia
Ano de lançamento: 2024
Edição: Paola Matos – estagiária
Revisão: Fritz R. Nunes – Jornalista
Imagens: Divulgação
Assessoria de imprensa da Sedufsm