‘Não perturbe’: como o trabalho invade a casa de docentes por meio do celular SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 27/09/24 17h33m
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Uso de telas para trabalho e lazer vem gerando debates sobre prejuízos à saúde mental

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“[...] Muitas vezes acabo usando o espaço de tempo pessoal para responder a questão porque há uma pressão que seja feito dessa forma. Infelizmente caso a pessoa demore um ou dois dias para responder já vai ser considerado um atraso. Tudo tem que ser resolvido na mesma hora.

[...] acredito sim que há práticas de assédio moral por dispositivos eletrônicos. Aquilo que deveria ser excepcional virou ordinário. Isso se agrava caso a pessoa tenha cargo de gestão pelo que observo dos colegas que estão nessa posição. A dificuldade de combater é porque virou uma prática de assédio institucional. E dificilmente alguém tem coragem realmente de separar as duas esferas usando por exemplo um número de WhatsApp para o trabalho e outro pessoal. As pessoas que não aguentam esse tipo de intervenção entre outras coisas e saem de grupos do trabalho, etc, são vistas como problemáticas. E quem está na gestão e não suporta mais esses processos, acaba saindo dos cargos. Isso faz com que as questões nunca sejam realmente discutidas”. Andrea Cezne, professora do departamento de Direito da UFSM.

“Parece que é um contínuo dia de trabalho, porque muitas vezes, domingo à noite, eu estou recebendo demandas do trabalho. E já aconteceu também, principalmente durante o período de pandemia, de os estudantes mandarem mensagens de madrugada, querendo conversar ou mesmo enviando tarefas. Com o tempo, você vai educando isso.

[...] já me aconteceu de, por exemplo, concluir minhas atividades do dia, porque sempre eu chego do trabalho, relaxo um pouco, faço uma refeição e acesso o computador para responder alguma demanda ou mesmo planejar minhas aulas do dia seguinte, ou da semana, enfim. E já me aconteceu de ter concluído tudo e estou prestes a desligar o computador e aparece mais uma demanda de trabalho.

Normalmente, eu recebo muitas mensagens do trabalho e também me comunico o tempo todo com as pessoas da minha convivência, com a família, por meio do telefone.  Então, sim, ocupa um espaço tremendo, um grande espaço da minha hora de lazer. Fim de semana, feriados, férias, parece que eles já não existem.

Se não são os perfis nas redes sociais, é o e-mail que não para um minuto. Então, sim, eu acesso o dia todo. Estou sempre com o telefone por perto”. Liliana Ferreira, professora do departamento de Fundamentos da Educação da UFSM.

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Os dois relatos acima, de docentes da UFSM, dão conta de mostrar como os dispositivos eletrônicos com acesso à internet abriram quase que completamente as portas das casas das e dos professores às demandas de trabalho. E, dentre esses dispositivos, o celular, por sua facilidade de transporte e conectividade, assume lugar central. Se as fronteiras entre o exercício público da atividade laboral e a vida privada das e dos trabalhadores já vinham sendo gradativamente borradas, a soma da popularização dos smartphones com altas sobrecargas de trabalho e cortes de investimentos em infraestrutura e pessoal docente nas universidades, acabou por derrubá-las de vez.

A lógica de “se está conectado à internet, então está em condições de trabalhar” é tamanha que, mesmo quando não há uma superiora ou um superior imediato cobrando, as e os professores relatam dificuldades em postergar a resposta de um e-mail ou de um WhatsApp de trabalho que chega em momentos inapropriados. É preciso, pois, o exercício da autodisciplina para direcionar, aos momentos de trabalho, as demandas que são de trabalho, preservando, assim, o tempo de lazer, cuidado pessoal e convívio social.

Quando esse autogerenciamento não ocorre, a pessoa pode desenvolver a Síndrome de Burnout, por exemplo, como destaca o professor do departamento de Neuropsiquiatria da UFSM, Maurício Hoffmann. “O celular realmente é uma coisa que invade, porque as pessoas podem te encontrar a qualquer momento, em qualquer lugar. Te mandam um e-mail, te mandam um WhatsApp, e acham que está resolvido. E você tem que dar conta daquilo. Então, de certa forma, isso acaba invadindo um pouco. Você se sente um pouco pressionado. E algumas pessoas podem, dependendo do contexto, ter um Burnout por causa disso”, explica o médico.

Um rescaldo da pandemia

Embora as aulas presenciais na UFSM, interrompidas pela pandemia de Covid-19, já tenham sido retomadas há mais de dois anos, restaram, daquele período, resquícios que parecem já ter se grudado de forma talvez definitiva no fazer docente. Trata-se da necessidade de adequação dos professores às novas tecnologias de comunicação e informação. Andrea Cezne conta que, quando da suspensão da presencialidade, existiu pressão para que as e os docentes rapidamente se adequassem ao uso excessivo e constante de telas.

“No meu caso isso teve na época efeitos físicos e mentais na minha saúde. O que provocou uma situação que necessitou de um afastamento de 60 dias para ser resolvido. Mas pior ainda ficaram os colegas na coordenação por exemplo. Porque além de terem que resolver sozinhos várias questões no sistema, ainda recebiam as demandas dos alunos e a pressão dos superiores. Ressalto que a reorganização das estruturas administrativas (no caso do CCSH, a unificação das secretarias por prédio) teve um efeito muito ruim para os professores também. Atividades que eram realizadas nas secretarias dos cursos passaram a ser atribuições dos professores. Então, em vez de gastar tempo com o que é relevante, o professor tem que estar correndo para, por exemplo, imprimir provas. Isso tem um impacto extremamente negativo”, relata a docente.

E o motivo pelo qual a pandemia serviu como agente normalizador do trabalho docente mediado por tecnologias digitais é o baixo custo orçamentário. A hipótese é levantada pela docente Liliana Ferreira, para quem a tecnologia é uma forma barata de fazer a gestão do trabalho docente, avançando, hoje, para áreas do fazer docente que antes eram essencialmente presenciais, a exemplo de atividades de trabalho nas instituições de fomento à pesquisa, como FAPERGS, CNPq, CAPES, ou participação na avaliação de instituições e cursos pelo INEP.

“A pandemia conseguiu fazer um grande estrago no modo de a gente viver [...] Então para além de todo o sofrimento que causou, das perdas que nós tivemos, tivemos também essa descoberta, é muito mais fácil fazer um controle do nosso trabalho pela tecnologia do que propriamente gerando novos e bem aparelhados espaços presenciais de trabalho. E aí a maior parte do nosso trabalho tem acontecido por meio da internet. Hoje nós temos as aulas presenciais novamente, o que é um ganho, mas por outro lado também temos todo o atendimento feito à distância [...] Então com certeza a descoberta de que é muito mais viável, é vantajoso manter os professores em casa, na frente de uma tela para a realização desse trabalho, acabou onerando o nosso tempo”, analisa Liliana.

Outro rescaldo da pandemia pontuado pela docente do departamento de Fundamentos da Educação é a burocratização do trabalho, com relatórios cada vez mais intensos e detalhados, preenchimentos e comprovações de planilhas. “[...] exigem um tempo demasiado. E isso é estressante. Mas não que eu tenha sentido ansiedade, tristeza... talvez cansaço, um cansaço mental grande”, relata.

Mas e para além do trabalho?

O alargamento das jornadas de trabalho devido ao envio de demandas aos celulares e e-mails de professores, e a cobrança de que estas sejam respondidas inclusive em períodos reservados ao lazer e descanso, parece ser um fator adoecedor para a categoria docente. Contudo, há outro debate que vem ganhando força atualmente, e em especial neste mês de Setembro, dedicado à promoção da saúde mental: a relação entre o aumento do uso de telas para fins recreativos e um salto nos números de transtornos psíquicos. Quando falamos em telas, aqui, referimo-nos especialmente a smartphones e tablets, dada sua facilidade de transporte e conexão à internet. Mas o conceito de telas também pode ser estendido a notebooks, computadores de mesa ou mesmo aparelhos de televisão conectados a aplicativos de streaming e serviços de internet.

Se o trabalho docente já demanda que se fique um tempo consideravelmente alto em frente a dispositivos com acesso à internet, se somados o tempo de acesso a redes sociais, a vídeos do Youtube, a jogos, quanto tempo sobra para o convívio social, corporificado, síncrono, “aqui e agora”? Quem vem vencendo a disputa por nossa atenção?

Maurício Hoffmann, que é professor do departamento de Neuropsiquiatria da UFSM e também atende como psiquiatra, comenta que tem pacientes seus que ficam 8 ou até 12 horas no celular. E então, ao chegarem ao consultório, acreditam ter déficit de atenção ou outro tipo de transtorno, mas, na verdade, o problema deles é o uso excessivo de telas.

“Tem gente que fica assim por questões de trabalho, mas alguns pacientes não. Então essas pessoas que acabam se atrapalhando nesse momento de usar a tela, acabam desenvolvendo um tipo de transtorno aditivo. E parece, às vezes, que têm um déficit de atenção, parece que, às vezes, têm alguma outra coisa, mas não. É só a pessoa realmente estar muito adita à tela, então a gente tem que fazer alguma intervenção”, pondera Hoffmann.

Ele reflete que hoje, com a tecnologia, gasta-se menos tempo lavando roupa, cozinhando e realizando outras tarefas de manutenção do ambiente doméstico. E o tempo livre que sobra, resultado de uma maior automatização do cotidiano, pode ser preenchido pelo uso do celular.

“E realmente [...] esses dispositivos são feitos para manter a atenção da pessoa ali, para a gente poder consumir os produtos que estão vendendo, a propaganda, enfim. Então, isso é feito dessa forma. Mas as pessoas, normalmente, têm um mecanismo de autorregulação que elas cansam daquilo ali e vão fazer outra coisa. Algumas pessoas não, como qualquer questão aditiva que sempre teve”, explica.

Para Hoffmann, o surgimento de novas tecnologias sempre vem acompanhado por temores de que sejam afetadas a forma como as pessoas se relacionam entre si e com o mundo ao seu redor. Isso, então, não seria algo novo e reservado ao celular.

“Tem uma notícia interessante nos Estados Unidos, em 1911, que mostra que as pessoas estavam com muito medo de uma grande inovação tecnológica, que era os jornais serem entregues em casa. Todo mundo tinha um temor absurdo de que as pessoas iam começar a só ler jornal dentro de casa, não iam mais conversar, enfim. Toda questão tecnológica, toda essa questão hiperconectada sempre tem nas gerações”, argumenta o professor da UFSM.  

O uso de telas é realmente adoecedor?

Lançado em 2024, no Brasil, pela Companhia das Letras, o livro “A geração ansiosa. Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”, do psicólogo social Jonathan Haidt, tem alcançado notoriedade na mídia e suscitado debates sobre como o uso excessivo de telas com conexão à internet, especialmente smartphones, vem afetando negativamente a saúde mental, principalmente de crianças e adolescentes. A partir dos dados por ele apresentados, o autor atesta que o vício em atividades mediadas por telas é um elemento causador de transtornos mentais como ansiedade e depressão, e de comportamentos autolesivos. Haidt também sugere, a partir de dados, uma queda nos índices de encontros presenciais entre jovens e um consequente aumento do isolacionismo social.

Hoffmann, no entanto, pondera que as evidências existentes sobre uma relação causal entre uso de telas e transtornos mentais são fracas e controversas. Em crianças pequenas, entre zero e seis anos de idade, o uso de telas realmente pode trazer prejuízos à atenção e à aprendizagem, motivando comportamentos impulsos e irritadiços, diz o médico. Para além dessa idade, é necessário cautela ao taxar as telas como causadoras de transtornos.

“A evidência de que isso realmente cause um problema generalizado é muito pequena. Tudo tem algum efeito colateral, toda grande inovação tecnológica. A gente não tinha acidente de carro antes de existir carro. Hoje quase 10 mil pessoas morrem no Brasil por ano por causa do carro. Essa questão tecnológica tem alguns efeitos. Facilita, por exemplo, apostas, esse tipo de coisa, que é um problema. As pessoas perdem dinheiro com isso. A pessoa pode querer ficar olhando o Instagram e não dormir tão cedo. O que a gente tem que fazer, talvez, seja aprender a lidar com essa realidade ao invés de criminalizá-la por coisas que realmente estão acontecendo. Problemas de saúde mental ocorrem. Eles têm aumentado um pouco. A questão de depressão, ansiedade e dano autolesivo, que a gente chama algumas vezes até de tentativa de suicídio, tem aumentado um pouco. Mas isso ainda é majoritariamente devido a trauma, abuso, desigualdade social. Essas coisas que realmente são os grandes causadores desses problemas”, defende Hoffmann, para quem a própria polarização socioeconômica mundial pode ajudar a explicar o aumento no número de transtornos mentais.

Dicas práticas para reduzir o uso de telas

Mesmo imersos em relações de trabalho que se estendem para além do âmbito presencial e ainda que alimentemos perfis pessoais em redes sociais, é possível estabelecer alguns limites para que as telas diminuam seu potencial negativo sobre nossos dias. Maurício Hoffmann traz algumas orientações:

- Bloquear determinados aplicativos durante o horário de trabalho;

- Se o WhatsApp é usado como instrumento de trabalho, ter um perfil pessoal e um perfil profissional;

- Pedir ajuda ao parceiro ou à parceira para que se envolvam na tarefa de diminuir o tempo de tela ou evitá-la em momentos específicos do dia;

- Desligar o máximo de notificações possíveis, usando o celular quando precisamos dele, e não quando ele precisa de nós;

- Não usar nenhuma tela de uma a duas horas antes de dormir, e cuidar com as luzes de intensidade fortes usadas inclusive para leitura.

A questão principal, quando se fala em redução de práticas ou objetos prejudiciais, é diminuir a exposição àquilo. Hoffmann explica que é necessário distinguir o uso de telas que é comum daquele que, por apresentar prejuízos funcionais à vida, considera-se problemático. A grande maioria das pessoas, atesta o médico, farão uso das tecnologias de maneira tranquila, enquanto algumas pessoas desenvolvem um tipo de transtorno, pois ficam muitas horas envoltas naquilo, sem conseguir parar. Consequências como perdas de relacionamentos ou chegar atrasado no trabalho são comumente observadas nesses casos, uma vez que a pessoa perde a capacidade de ser um adulto totalmente funcional.

“[...] o aplicativo, o celular, vai querer que você use bastante ele. Vai querer te manter engajado. E a alternativa é, justamente, fazer ele não te dar as chamadas. Não notificar. Então a gente tem que, de fato, desligar o máximo de notificação possível. Usarmos o celular quando a gente precisa. Não quando ele precisa de nós. Então, usar estratégias nesse sentido. De poder filtrar o que é trabalho e responder na hora do trabalho. Isso exige muita autorregulação e disciplina da pessoa. Mas são essas coisas que a gente tem que começar a fazer caso a gente tenha, de fato, problemas com esse tipo de questão. E o debate aqui também é na questão diagnóstica. Por exemplo, eu recebo bastante pacientes no consultório que acham que têm déficit de atenção ou algum problema de humor. Na verdade, alguns realmente têm um uso excessivo de tela. Estão tendo alguns problemas com relação a isso. Aí, a atenção não está mais funcionando para o que precisa. Já gastou, vamos dizer assim. Então, nesses casos, a gente tem que fazer a intervenção correta. Não é medicar. É tratar a questão do uso do celular”, partilha o professor.

As professoras Liliana Ferreira e Andrea Cezne vêm tentando, a seu modo, desenvolver comportamentos mais saudáveis no que tange ao uso de celulares, tablets e notebooks.

Andrea conta que possui perfil no Instagram, Facebook e LinkedIn. O acesso às duas últimas redes sociais é mais eventual, mas ao Instagram é, não só diário, como várias vezes ao dia. “Meu Instagram é pessoal, mas acaba envolvendo a parte profissional pois acesso também através dele conteúdo (lives) que interessam para as minhas disciplinas. Acaba ocorrendo que as redes sociais são uma distração fácil principalmente quando eu estou fisicamente esgotada para sair e realizar outra atividade”, comenta a professora, que lembra já ter sentido muita raiva após se envolver em discussões no ambiente virtual. “Isso me obrigou a me policiar. Não responder a determinadas postagens. Até mesmo bloquear perfis”, complementa.

Quanto às demandas de trabalho, ela diz que não repassa o seu número de WhatsApp aos alunos, excetos a orientandos de monografias, com a recomendação expressa de que não repassem a outros colegas.

“Não considero que seja adequado utilizar para contato com os alunos em geral porque vejo que os colegas que fizeram isso, em especial durante a pandemia, recebiam mensagens a todo momento”, diz Andrea.

Liliana acredita que uma boa saúde mental depende, também, das escolhas que cada pessoa faz para si, a exemplo de reservar um tempo para uma atividade de relaxamento físico, uma ida à academia ou uma boa caminhada. Alinhado a isso, a participação em atividades culturais que tirem o foco do trabalho e oportunizem a convivência em família e em amigos são alternativas elencadas pela docente para cultivo do bem-estar psíquico.

“Eu tenho por hábito sempre responder as mensagens, tanto no e-mail quanto no WhatsApp, mesmo que seja para dizer que mais tarde eu respondo, então isso demanda sim uma gestão dos recursos da internet. Mas como eu disse antes, eu tento organizar meu tempo para que isso não se sobreponha também à minha capacidade, à minha potencialidade de escolher como eu quero viver o meu tempo. Cumpro as minhas obrigações, mas reservo também um tempo só para mim, para fazer o que me interessa fazer, o que me faz feliz, para além do controle que as tecnologias exercem sobre o tempo da gente [...] Eu faço essas distinções que é para garantir que eu relaxe, descanse, porque o meu trabalho é basicamente um trabalho intelectual”, conta Liliana.

 

Texto: Bruna Homrich

Imagens: Banco de Imagens

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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