“Relatos de um militante”: a autobiografia de Dartagnan Luiz Agostini Publicada em
Atualizada em 11/10/24 14h29m
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Na dica cultural de hoje, o professor Diorge Alceno Konrad fala um pouco sobre a importante trajetória do autor

Alt da imagem — Dartagnan Agostini em protesto na Praça Saldanha Marinho (Santa Maria-RS)

A autobiografia de Dartagnan Luiz Agostini intitulada “Relatos de um militante” foi lançada este ano, na 51ª Feira do Livro de Santa Maria, e é a dica cultural desta sexta, 11 de outubro.

As 112 páginas da obra dão conta dos detalhes e minúcias da vida de um militante que lutou pelo direito à liberdade e sofreu nas mãos daqueles que a cerceavam. Mas, antes de resumir a vida deste militante às amarguras do caminho, o professor Diorge Alceno Konrad traz inspiração e esperança: foi conhecendo e convivendo com Dartagnan que o autor da dica de hoje entendeu sobre o quanto a militância exige conhecimento, inclusive para além dos moldes acadêmicos. A dica de hoje é inspiradora para todos os corações que ainda lutam por liberdade e que, através da luta dos que vieram antes, podem viver a militância dentro da, antes tão sonhada, democracia. Confira o texto da dica abaixo.

“Um Exemplar Sujeito Histórico: Dartagnan Luiz Agostini

Para quem chegou a Santa Maria, na década de 1980, para estudar em Santa Maria, conhecer Dartagnan Luiz Agostini era conhecer parte da luta do movimento estudantil e da resistência à Ditadura na Cidade.

Salvo engano, em 1986, em um curso de formação política que participei, um dos professores era Dartagnan. Eu, um jovem estudante de História da UFSM, nascido no ano do Golpe de 1964, começava a enxergar no mais experiente entre os militantes daquela ocasião apenas alguém que sabia muito o que eu queria aprofundar em conhecer: sobre variados temas como o materialismo histórico e dialético, o socialismo, a luta por transformar o Brasil e a necessidade de um Partido para tal.

Apesar de ter participado do Congresso da União Gaúcha dos Estudantes (UGES), ainda em 1981, meu conhecimento sobre marxismo e as lutas históricas do povo brasileiro e da classe trabalhadora era mínima. No Curso, Dartagnan nos estimulava e dizia da necessidade para tal, ou seja, formar-se como militante exigiria muito estudo, não só no sentido acadêmico. Dali em diante, o aprendizado com ele continuou sendo ampliado a cada encontro, a cada ato político, a cada luta social, durando até a atualidade.

Na segunda metade da década de 1980, Dartagnan foi cursar História na UFSM. Como seu “veterano”, começamos a saber mais do ser humano, do pai de família, do companheiro de vida de Irma Agostini, do ex-preso político, daquele que era um dos mais antigos militantes comunistas do Rio Grande do Sul e de Santa Maria.

Anos depois, que honra a minha, ter sido convidado para prefaciar a obra Relatos de um militante, lançada na 51ª Feira do Livro de Santa Maria, em 2024, sua autobiografia que indico ao leitor. A trajetória política de Dartagnan Luiz Agostini vale a pena ser conhecida, adianto, cuja vida pessoal foi dilacerada pelo “crime” de querer resistir à opressão do Golpe que a classe dominante brasileira levou adiante contra a nação e seu povo, em 1964.

Seu livro vem com muitas fotografias, com depoimento, com documentação da perseguição política que sofreu, preso em Congresso da UNE, demitido como técnico-administrativo na UFSM, encarcerado no DOI-CODI de São Paulo, nas garras de outro santa-mariense que talvez não mereça nem nota de rodapé em livros de História, listado entre os maiores torturadores da Formação Histórica do Brasil.

Seu livro trata de luta política e social, de resistência ao arbítrio, das agruras familiares sobre as suas opções de lutas, estudantis, partidárias e sindicais, mas, sobretudo, ajuda a manter bem alta a bandeira que DARTAGNAN LUIZ AGOSTINI sempre defendeu, em uma exemplar história de vida.”