UFSM desenvolve projeto que busca soluções para evitar desastres em regiões periféricas SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 25/10/24 16h35m
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Elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos em vilas de Santa Maria traz comunidade para o debate da mudança da sua própria realidade

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Equipe do projeto em trabalho de campo

Em março deste ano, uma equipe de docentes e estudantes que integram o Laboratório de Geologia Ambiental (Lageolam) da UFSM, iniciou a elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) em algumas regiões de Santa Maria. O trabalho, que terá duração de 18 meses, está sendo realizado a partir de convocação da Secretaria Nacional de Periferias, vinculada ao Ministério das Cidades, contando também com a parceria de 16 grupos de pesquisa de universidades ao redor do país. No Rio Grande do Sul, a UFSM é responsável pelo mapeamento de Santa Maria e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul por fazer trabalho semelhante em Porto Alegre.

Andréa Nummer, geóloga, professora do departamento de Geociências da UFSM, e uma das coordenadoras do projeto, explica que até o momento já foi feito o trabalho nas áreas periféricas que abrangem, no bairro Noal, as Vilas Lídia, Arco-Íris e Chaminé, no bairro Urlândia, as vilas Santos e Urlândia, e nos bairros Salgado Filho e Carolina, o beco do Guarani e a Vila Babilônia. “Esse estudo busca avaliar as áreas de risco no município e fazer um mapeamento para que a gestão pública coloque em prática medidas para mitigar esses problemas”, destaca.

Os Planos Municipais de Redução de Risco, conceitualmente, são documentos fundamentais para as ações de governos em prevenção e mitigação de riscos de desastre. São instrumentos para auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas, na medida em que permitem hierarquizar os problemas, avaliar a necessidade de investimentos e dar suporte técnico ao poder público para que, junto com a comunidade, possa encontrar soluções para essas situações.

O que é o risco?

Conforme Andréa Nummer, o risco só ocorre porque tem uma população envolvida, pessoas morando em locais de perigo de inundação, de alagamentos, com erosão de margens de rios e arroios, além de escorregamentos de encostas, que são as situações mais comuns em Santa Maria.

Mas esse tipo de situação remete ao papel do/a gestor/a público/a em evitar o agravamento desses processos. Na visão da pesquisadora, de uma forma geral, esses/as gestores/as estão menos preparados do que deveriam. “A ocupação em áreas de risco se dá mais rapidamente do que o poder público consegue resolver. Trabalhar na perspectiva de prevenção seria o ideal. Entretanto, hoje se trabalha somente com mitigação e com ações emergenciais”, complementa Andréa.

E quando se fala em mitigar, explica a geóloga, a referência que se tem é “diminuir o grau de risco com obras estruturais”, ou, com outras ações não estruturais, que passam por aspectos como o educativo, ou mesmo através de iniciativas que reduzam o processo de vulnerabilidade das comunidades, através de programas sociais.

A técnica e a participação social

Em Santa Maria, a metodologia utilizada nos mapeamentos das áreas une o aspecto tecnológico e o social.  Durante as ações, são capturadas imagens de drone das regiões em que estão atuando, a fim de registrar áreas com degradação e riscos mais evidentes. Após, os registros obtidos são impressos em grande escala, em uma espécie de banner.

Já o fator social no projeto remete ao contato com a comunidade. A equipe que elabora o plano realiza oficinas com a população das comunidades visitadas. “Enquanto fazemos o voo de drone, vamos conversando com as pessoas e convidando para a oficina, que geralmente acontece nas escolas municipais de cada bairro. Nós também utilizamos carros de som para divulgar as oficinas”, relata a coordenadora.

“Nessas oficinas, as pessoas observam as imagens recolhidas pelo drone e marcam algumas partes da comunidade que elas identificam como problema. Depois disso, visitamos esses locais, fazemos registros fotográficos e escritos”, cita Andréa. Ela enfatiza que é extremamente importante ouvir as pessoas, trazê-las para a discussão, pois são essas pessoas da comunidade que efetivamente vivenciam os problemas e, em virtude disso, também podem contribuir com sugestões.

A última etapa desse processo de análise é reunir as informações e categorizar o grau de risco da área visitada. Nos casos mais graves, a equipe que trabalha no PMRR sugere medidas de prevenção, redução e erradicação dos perigos identificados.

Perguntada sobre o que falta para erradicar os problemas enfrentados por essas comunidades, Andréa Nummer diz que há carência de políticas públicas eficientes. “Temos um déficit habitacional muito grande, principalmente para comunidades de baixa renda. O próprio PMRR faz parte dessa política. Minimizar ou erradicar o risco   envolve muitas questões que deveriam ser tratadas de forma integrada como a questão social, de moradia, saúde, educação”, sublinha ela.

A importância da UFSM

A UFSM, através do Lageolam, é um dos diversos grupos de pesquisa de universidades do país que está participando desse projeto junto com o Ministério das Cidades. Qual o significado e relevância disso? Para Andréa Nummer, em primeiro lugar representa o reconhecimento do trabalho do grupo de pesquisa que, em 2025, completa 30 anos atuando nessa temática.

“A nossa participação se deu por meio de um convite do Departamento de Mitigação e Erradicação de Riscos da Secretaria de Periferias para fazer parte desse grande projeto. E a participação nesse projeto mostra a   importância da UFSM como referência no país e a possibilidade de atuar de forma junto às comunidades e gestores municipais na busca por soluções para as áreas de risco da cidade de Santa Maria”, enfatiza Andréa. A docente acredita que a união de forças, que passa pela atuação do poder público, mas também pela ação consciente das próprias comunidades, pode ter, sim, um caráter transformador de realidades adversas.

Além de Andréa Nummer, participam da elaboração do PMRR, Luís Eduardo Robaina, Romario Trentin, Rinaldo Pinheiro, Juliane Pinto, Marco Antônio Soares, Matheus Bolzan (mestrando PPGGEO), Maria Giovanna Torquato e os voluntários Haline Ceccato e Luxone Samedy (doutorando PPGGEO).

‘Ação transformadora’

Liane Weber, tesoureira-geral da Sedufsm, avalia positivamente o projeto desenvolvido pela UFSM. “A participação da universidade na elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos é fundamental e, ouso dizer, transformadora”. Essa consideração leva em conta a universidade como “a casa do saber, um ambiente que deve acolher os diversos pensamentos, as inúmeras demandas da sociedade e apresentar alternativas para as necessidades das comunidades”.

Ela entende ainda que o projeto, coordenado pela UFSM, "traz uma grande oportunidade de a universidade compreender um pouco mais a complexa realidade das comunidades e, com isso, poder propor ações de execução, que realmente apresentem efeitos práticos e visíveis para quem está em situação de vulnerabilidade. Esse é um dos grandes desafios que a universidade enfrenta”, destaca Liane. Isso porque, na avaliação da docente, a universidade, junto a seus projetos de extensão e pesquisa, tenta se comunicar com as comunidades, mas nem sempre consegue alcançar esse propósito, que é vital para a academia.

 

Texto: Fritz R. Nunes com informações do site da UFSM
Fotos: Arquivo/Lageolam
Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

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