Sedufsm 35 anos: passado, presente e futuro de união e luta
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08/11/24 18h12m
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Sindicato celebra mais de três décadas através de depoimentos de filiados e filiadas sobre a importância da coletividade
Há exatos 35 anos, um grupo de docentes reuniu-se no auditório da Antiga Reitoria da UFSM e decidiu fundar a Sedufsm. Naquele sete de novembro, sem sede própria, sem recursos financeiros e recém saídos da ditadura militar, as e os professores presentes no ato de fundação da seção sindical talvez não tivessem tantas certezas sobre o futuro da jovem entidade. No entanto, se a realidade admitisse um pouco de fantasia e abrisse, por alguns segundos, as cortinas do futuro, eles teriam visto, já ali, o quão acertada foi aquela decisão. Mais de três décadas depois, a Sedufsm cresceu e atingiu a maturidade política necessária para se firmar como referência junto às e aos docentes, a outras categorias de trabalhadores e à própria comunidade de Santa Maria e região.
Assim, a sua história de mais de três décadas não se limita nem ao passado e nem ao presente - é um aniversário para celebrar também o futuro que o sindicato e a categoria podem almejar por meio da união, da luta e da resistência. Para marcar este 7 de novembro de 2024 - e os 35 anos completos, a Assessoria de Imprensa da Sedufsm ouviu relatos de sindicalizados há mais de 20 anos e de filiados recentes. Afinal, por que se sindicalizar e se manter sindicalizado, construindo as lutas pela educação e pelos direitos dos trabalhadores da educação?
A luta e o trabalho são permanentes
Sindicalizada desde o dia 16 de outubro de 1990, a professora aposentada Lia Rauber da Silva (foto acima) entende que o sindicato é uma instituição que representa e defende os interesses da categoria, devendo ter, entre suas bandeiras principais, a luta por melhores condições de trabalho e remuneração justa.
“É nesse sentido que eu entendo o sindicato dos professores da Universidade Federal de Santa Maria. Sobre as diversas iniciativas do sindicato em prol da nossa classe, saliento o plano de saúde, que possibilita menor custo para o acesso à saúde por parte de toda a categoria”, afirma a docente, defendendo, ainda, que uma das tarefas do sindicato é oportunizar a renovação e o aperfeiçoamento dos professores.
Onze anos após a filiação de Lia, juntou-se à Sedufsm o professor Pedro Brum Santos, do departamento de Letras Vernáculas da UFSM. Quando questionado sobre o porquê de se manter sindicalizado à seção sindical desde o dia 9 de agosto de 2001, o professor responde que sempre acreditou no trabalho do sindicato e que todas as ações promovidas pela Sedufsm reforçam nele a convicção de se manter sindicalizado.
“Tem um dado que também é bem importante, que é esse sentimento de classe que agrega coletivamente. E a Sedufsm acho que tem um trabalho continuado nesse sentido, através das suas mais diferentes formas de divulgação, das suas iniciativas nos campos da cultura, do saber, do lazer, da saúde, da comunidade docente. É uma contribuição realmente muito importante e continuada. E também o campo de oferta de assistência, de consultorias necessárias e endereçadas nas diferentes fases da carreira e da experiência docente, o levantamento de discussões qualificadas”, opina Santos.
Para o docente, a Sedufsm é uma verdadeira arena pública na qual se expressam posições políticas que, embora algumas vezes divergentes, encontram espaço para se manifestar devido aos princípios democráticos que regem o sindicato. “Destacaria aqui também os eventos públicos que a Sedufsm tem mantido através do tempo e das diferentes diretorias e que contribuem para dar visibilidade à própria categoria docente junto à comunidade externa”, complementa Santos.
“A individualidade não constrói caminhos efetivos de luta”
A frase acima é do professor Francisco Cougo Junior, do departamento de Documentação da UFSM, filiado à Sedufsm desde o dia 22 de janeiro de 2019. Ele, que antes de ser professor universitário foi bancário e docente da rede pública de ensino no Rio Grande do Sul, já teve experiências anteriores com o movimento sindical e chega ao Magistério Superior com a certeza de que os sindicatos são instrumentos fundamentais de luta das e dos trabalhadores.
“[...] é preciso que nos unamos em torno de organizações coletivas com estrutura e ferramentas capazes de canalizar nossas demandas. Os sindicatos cumprem esse papel. Reconheço que ser sindicalizado no universo dos docentes de Ensino Superior é um desafio, porque uma parte significativa de meus colegas parecem não se reconhecer enquanto classe trabalhadora. Nosso ambiente de trabalho tem sido pouco receptivo à ação coletiva, somos muito diferentes enquanto profissionais de distintas áreas e o rescaldo de quase uma década de desmonte das universidades tem ecoado entre nós. Mas, também por isso, é essencial que pertençamos e fortaleçamos nossos sindicatos - afinal de contas, os direitos que conquistamos ao longo do tempo se devem a eles”, avalia Cougo.
E quem partilha dessa análise acerca das dificuldades enfrentadas pelo sindicalismo é o professor Pedro Brum Santos, que observa um declínio da ação coletiva e problematiza o ainda incipiente manejo das ferramentas tecnológicas pelo sindicato.
“[...] acho que as formas utilizadas pelo sindicato para sensibilizar a comunidade docente para as suas lutas e o encaminhamento de muitas discussões precisam perder o medo de recorrer, inclusive, às ferramentas da tecnologia. Porque se nós deixamos essa discussão para ser definida apenas nesse modo presencial e através das assembleias, nós muitas vezes afugentamos a categoria docente e criamos um mal-estar na categoria. Eu não exatamente defendo que a assembleia tenha que perder espaço, não é isso, mas ela tem que aprender a conviver com outras formas de participação e acho que isso é importante em uma discussão que está posta”, argumenta Santos.
Já Francisco Cougo propõe que, para enfrentar o cenário desafiador, é necessário que o sindicato acolha debates urgentes como: “qual é o papel social da universidade em uma sociedade que se transforma velozmente e que substitui o trabalhador por máquinas com rapidez incontrolável? Como podemos reformar (ou reforçar) nossas estratégias pedagógicas, atraindo a atenção de nossos estudantes? Como podemos recuperar a essência crítica e construtiva da universidade em um ambiente em que a vulgarização imposta pela "inovação" e pelo "empreendedorismo" parecem se impor?”, elenca o docente. “Penso que o sindicato deve recuperar a capacidade de ser uma força-motriz na busca de novos caminhos para a universidade brasileira (a começar pela nossa). Além, é claro, de sustentar a luta nossa de cada dia por mais valorização, por melhores condições de trabalho e contra o desmonte e a precarização do ensino”, enfatiza.
Ao longo dessas três décadas e meia, a Sedufsm não apenas construiu uma história de luta, mas também se firmou como um pilar de resistência em prol dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, e da universidade e do ensino públicos. Seu passado e seu presente reafirmam a importância do coletivo, da união e da resistência para as professoras e os professores. Nesses anos, cada ato de mobilização, cada conquista e cada embate reforçam o propósito coletivo que uniu os fundadores lá em 7 de novembro de 1989 e que segue vivo em cada novo filiado. Neste aniversário de 35 anos, a seção sindical reafirma o compromisso de se reinventar, de acolher as novas gerações e de encabeçar as lutas da categoria, pois o futuro da educação passa pela coletividade. Do passado e do presente, diretamente para o futuro. Que venham os próximos 35 anos!
Texto: Bruna Homrich
Edição: Nathália Costa
Fotos: Arquivo pessoal.
Arte: Italo de Paula
Assessoria de imprensa da Sedufsm