Sedufsm 35 anos: exposição de fotos e cartuns mostra a arte como ferramenta de transformação
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Atualizada em
12/11/24 11h40m
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Professores Dartanhan Figueiredo e Máucio apresentaram suas visões reflexivas durante evento no Centro de Convenções da UFSM
A 86ª edição do Cultura na Sedufsm, neste domingo, 10 de novembro, foi um momento contagiante, em que todos/as que compareceram ao Centro de Convenções da UFSM, puderam ouvir e cantar juntos, as músicas de Nei Lisboa. Mas, a celebração cultural dos 35 anos da Sedufsm, vinculada à ideia de que devemos nos unir para “transformar o mundo”, não esteve restrita ao show do artista gaúcho. Quem esteve por lá também pode conferir a expressão dos olhares de dois professores que têm uma trajetória de engajamento social e político na UFSM: Dartanhan Baldez Figueiredo, aposentado do departamento de Física e, atualmente, fotógrafo amador, e Mário Lúcio Bonotto Rodrigues, o Máucio, do Desenho Industrial, bastante conhecido pelos seus cartuns.
A exposição “Sedufsm 35 anos: recorte histórico pelas lentes de Dartanhan Baldez Figueiredo”, apresentou registros de atividades promovidas ou apoiadas pela seção sindical entre 2013 e 2024. Conforme explica o professor, diante de um conjunto expressivo de imagens captadas ao longo desse período, foi eleito como um critério para a escolha de 35 fotos, que elas estivessem relacionadas às temáticas em que o sindicato esteve presente ou que apoiou. Nesse sentido, as fotografias registram manifestações em busca de justiça devido à tragédia da Kiss, caminhadas contra reformas governamentais, denunciando tentativas de golpes, eventos culturais de momentos diversos, além de assembleias sindicais.
Já a exposição “Karakóis 35/700”, de Máucio, é composta por 35 episódios selecionados dentre um total que já ultrapassa 700. Nesses fragmentos, destaca o professor e cartunista, busca-se marcar histórias relacionadas à educação, mas também há referência a outras questões, com a abordagem de temas políticos e sociais. A exposição dos Karakóis, diz Máucio, por vezes visita temáticas semelhantes às que Nei Lisboa aborda e, mesmo que seja um olhar do cartum, há uma proximidade com a música, pois todas trazem um convite à reflexão e ao processo de transformação, mesmo que com linguagens específicas.
Um olhar captando as imagens de lutas
Uma assembleia docente. Um protesto na praça ou nas ruas de Santa Maria. Um evento cultural. Em muitas dessas atividades diversas, lá está ele, o professor aposentado do departamento de Física da UFSM, Dartanhan Figueiredo, fazendo seus registros, a maioria em foto preto e branco.
Apesar de se autointitular fotógrafo amador, a fotografia é uma paixão que Dartanhan desenvolve desde os tempos em que era estudante da UFSM, lá no início da década de 1970, quando fez disciplinas de foto no Centro de Artes com o saudoso fotógrafo e professor da instituição, Léo Guerreiro.
Ao longo de seus 32 anos de docência, ele usou os conhecimentos de fotografia, inclusive a parte que envolve a revelação, para efeitos didáticos em suas aulas de Óptica, dentro do curso de Física. Dartanhan ressalta que a máquina fotográfica, ainda mais nos dias de hoje, em função do formato digital, imita de forma quase perfeita o olho humano.
Depois de alguns anos de intervalo na dedicação a fotos em função de trabalhos que realizava em vídeo, após a aposentadoria, Dartanhan voltou a se dedicar à fotografia. Ele afirma que poderia buscar algum tipo de trabalho no setor privado, mas preferiu ocupar seu tempo de aposentado “contando histórias” que tratassem de temas culturais ou mesmo de mobilizações sociais. A luta dos familiares de vítimas e sobreviventes da Kiss por justiça é uma das grandes coberturas fotográficas do professor. “Não ganho dinheiro com fotografia, ao contrário, tenho bastante gastos”, complementa.
A divulgação do trabalho de Dartanhan se dá basicamente através das redes sociais, especialmente pelo Facebook, que é uma plataforma, explica ele, que não impõe limites à quantidade de imagens a serem postadas e nem impõe um formato da fotografia, ao contrário do Instagram.
Por que esse olhar da fotografia voltado à cultura e aos movimentos sociais? A essa pergunta, Dartanhan Figueiredo responde citando o aprendizado obtido com sua mãe, que era uma costureira e que, apesar de sua simplicidade, tinha sensibilidade social, e atuava junto à Liga Feminina de Combate ao Câncer.
Na sua expressão visual da fotografia como uma ferramenta de luta, o professor argumenta que o seu viés parte de sua concepção de vida e de mundo, que sempre foi vinculada ao pensamento socialista.
Debaixo dos Karakóis...
Quem olha os desenhos de Máucio, com os episódios dos Karakóis, pode se perguntar como surgiu essa ideia, o que está por trás, ou por baixo dessa ideia.
O professor cartunista explica que a origem remete a 2020, quando a pandemia de Covid-19 obriga a todos/as, incluindo obviamente, a UFSM, a ficar em casa, mantendo distanciamento social. Naquele instante, ele é obrigado a suspender a impressão do “Massa Folhada”, veículo com tiragem de 3 mil exemplares através do qual propagava ideias.
O autoquestionamento que Máucio fez foi, qual personagem poderia ser criado que teria aceitação das pessoas e que também, claro, seria fácil de desenhar. Veio daí, então, a inspiração sobre o Caracol, um molusco fácil de desenhar e que está presente na infância de quase todas as pessoas.
Ao colocar na rua seus primeiros episódios, o cartunista relata que o retorno do público foi imediato e bastante positivo em relação à ideia. Na medida em que avançavam os “Karakóis”, a partir dos comentários de internautas leitores/as, Máucio descobriu que, afora a sua escolha pessoal, há relações entre esse tipo de animal e simbologias que remetem a aspectos místicos e espirituais.
Banca sindical
Durante o show de Nei Lisboa e as exposições artísticas dos professores Dartanhan Figueiredo e Máucio, a Sedufsm também disponibilizou uma banca para a distribuição de materiais a docentes filiados/as e ao público geral. Para sindicalizados/as, eram distribuídas as agendas de 2025 e calendários, ambos os materiais trazendo ilustrações dos "karakóis" e destacando a campanha "Seja Sedufsm. Transforme o mundo". Ao púbico em geral, marcadores de página com inspiração nos cartuns de Máucio.
Texto: Fritz R. Nunes
Fotos: Paola Matos e Italo de Paula
Assessoria de imprensa da Sedufsm