A nossa força se dá pelo coletivo, afirmam Everton Picolotto e Márcia Mörschbächer SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 03/01/25 17h32m
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Atual presidente da Sedufsm e ex-diretora da seção sindical concederam entrevista na edição nº 100 do Ponto de Pauta

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Na sexta-feira, 13 de dezembro, enquanto gravávamos a entrevista do centésimo programa Ponto de Pauta, choveu forte em Santa Maria. Fazia 10 dias que a nova diretoria havia assumido a presidência da Seção Sindical e as águas estavam presentes, tão emblemáticas para o ano de 2024, em que o Rio Grande do Sul passou pelo maior evento climático extremo de sua história, com impacto em todas as áreas, inclusive, na educação.

Mas, dizem que a chuva que cai na medida e no tempo certo é um símbolo universal de fecundidade e fertilidade e, ali, a poucos dias do verão, parece que anunciavam não apenas a proximidade de uma nova estação, um ano novo, mas também um próprio novo ciclo para o sindicato das e dos docentes da UFSM. Não porque o trabalho será profundamente modificado, pelo contrário, há uma continuidade do grupo Renova Sedufsm que, no entanto, carrega a mudança no próprio nome.

Na bancada do programa, montada no Auditório Suze Scalcon, na sede do sindicato, conversamos com o presidente da Sedufsm para o biênio 2024/2026, Everton Picolotto, professor do Departamento de Ciências Sociais/CCSH e com a vice-presidenta da Sedufsm no biênio 2022/2024, Márcia Mörschbächer, professora do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM. A entrevista carregada por um tom de transição, quando abordamos os desafios e conquistas numa retrospectiva de 2024, mas também falamos sobre as perspectivas para 2025.

Você pode assistir à entrevista completa ao final do texto.

As lutas em defesa da categoria docente

Márcia destaca a greve nacional docente e a campanha constante em busca de recomposição salarial como um dos principais pontos em que a Sedufsm esteve engajada em 2024, assim como a luta pela recomposição do orçamento das universidades públicas. “Nós estamos vindo de um período de inúmeros cortes e de uma política que vem pelo novo ajuste fiscal e que não recompõe o orçamento da universidade”, explica a ex-vice-presidenta da Seção Sindical.

No âmbito local, ela pontua a luta para barrar a minuta de resolução que tratava da progressão e promoção da carreira, que considera um verdadeiro ataque à categoria docente. Também a discussão em torno da minuta de resolução dos encargos docentes, no sentido de assegurar que o trabalho de professoras e professores seja registrado de forma justa. Ainda, a mobilização em torno da de um debate democrático sobre a política ambiental da universidade, garantindo a participação de toda a comunidade acadêmica na sua construção.

Picolotto, que assume agora a presidência da Sedufsm, ressalta a continuidade do trabalho realizado por um grupo que há muito tempo tem feito lutas na UFSM e que estará à frente da seção sindical pelo terceiro período consecutivo. Mas também com renovação: “A gente teve por orientação constituir uma gestão que estivesse o máximo possível próxima dos centros de ensino, da diversidade da nossa instituição, inclusive, de campus diferentes, como Palmeira das Missões e Frederico Westphalen, com duas colegas que compõem a atual gestão. Isso facilita o contato mais direto, essa presença em diferentes áreas da instituição para dialogar com os colegas, fazer esse trabalho da representação sindical mais próxima possível com a nossa base, suas aspirações, seus problemas, nesse diálogo constante.”

Nesse sentido de proximidade, um novo espaço da Sedufsm, aguardado há muito tempo e conquistado em 2024, será vizinho ao campus central da UFSM: “A gente tem por prioridade estabelecer efetivamente a nova sede em Camobi, que já está em reforma e logo será inaugurada e colocada para funcionar, para estar mais próxima da nossa categoria docente, receber os colegas para atender às suas demandas, conversar, ser um local de encontro também”, enfatiza Picolotto.

Entre as reivindicações locais para 2025, ele salienta que a Sedufsm quer rediscutir as reformas administrativas implementadas pela gestão da universidade e que tem gerado muitas reclamações e insatisfação das e dos docentes. Outro ponto importante para a Sedufsm, segundo seu presidente, é que as decisões na universidade sejam democráticas, inclusive, com eleições paritárias, para que os três segmentos que compõe a comunidade acadêmica tenham o mesmo peso no pleito para a reitoria.

As lições que ficam da atuação sindical

Márcia, refletindo sobre os últimos anos em que esteve diretamente atuando na direção da Sedufsm, revela lições importantes que ficaram: “As pautas estão permanentemente colocadas, sejam elas nacionais ou locais. Não se enfrenta o desmonte da universidade pública, o desmonte da nossa carreira, do salário, a precarização das nossas condições de trabalho, não se defende os direitos dos professores e professoras, da ativa ou daqueles e daquelas que estão aposentados, sem a mobilização e luta permanente”. E complementa: “Tudo aquilo que a nossa categoria tem, em termos de conquistas, é fruto da luta, não é fruto de uma benesse que os sucessivos governos que vieram, ou mesmo os que virão, concedem à categoria docente. Essas questões não se enfrentam de forma individual. O sindicato representa um espaço coletivo que auxilia a tornar a luta, a defesa dos nossos direitos e da universidade pública de forma organizada, orgânica.”

As enchentes e as pautas em comum com outros movimentos sociais

No ano passado, a população gaúcha enfrentou seu maior desafio coletivo, provocado pelas enchentes que assolaram o Estado. A Sedufsm também se mobilizou, integrando ações de solidariedade às vítimas. “Esses eventos (climáticos) nos colocam a refletir..., coloca na ordem do dia, enquanto um debate para a nossa sociedade, para a comunidade da UFSM, para a nossa categoria o quão é sério e necessário discutir a pauta climática.

O setor mais afetado pela enchente, de modo geral, foi a classe trabalhadora, em particular, aqueles segmentos que se encontram em maior condição de vulnerabilidade social. Então, todas as ações de solidariedade da sociedade civil foram extremamente importantes, mas não devem substituir o papel do Estado na proteção da população, da segurança, seja em termos de moradia, segurança alimentar, de trabalho, de condições de vida”, analisa a ex-vice-presidenta da Seção Sindical.

Márcia pensa que o debate sobre o tema deve avançar na comunidade acadêmica e na sociedade, para que se possa garantir serviços públicos que protejam toda a população. Ela também acredita que a universidade pública tem um papel muito importante porque desenvolve estudos científicos e possui docentes qualificados (as) que podem contribuir para aprofundar o debate e evitar que o tema seja capturado por interesses econômicos e políticos.

O impacto das mudanças climáticas na vida de todas as pessoas talvez demonstre a importância da Sedufsm fazer parte de um movimento mais amplo, de organizações que atuam socialmente pela garantia de direitos coletivos e pela qualidade de vida da população: “Penso que um aspecto importante das gestões Renova Sedufsm foi a construção da efetiva unidade com outros sindicatos, com os movimentos sociais, com o movimento estudantil, sempre considerando como elemento unificador as pautas concretas. E, nesse sentido, penso que a defesa dos serviços públicos, a luta por mais e melhores serviços públicos é algo que unifica o conjunto de todos os movimentos. A defesa dos direitos humanos, de todas as pautas que combatam toda e qualquer forma de opressão”, conclui Márcia.

Picolotto corrobora as opiniões da colega: “A nossa intenção é dar continuidade a essa perspectiva de tentarmos construir unidade com outros movimentos, com outros sindicatos em nível local, com diferentes coletivos, como a (mobilização) que tivemos já nessa última semana contra a anistia aos golpistas (dia 10 de dezembro), então, a gente encontra nas ruas, nas praças, movimentos que são aliados nessas lutas. Manter espaços de diálogo, de colaboração, de unir forças, assim como dentro da universidade com grupos que defendem os direitos de grupos indígenas, das questões étnico-raciais, o Neabi, por exemplo, que faz um belíssimo papel, o movimento de mulheres, o movimento LGBTQIA+.

Picolotto prossegue comentando que “por ser uma entidade democrática, que defende a participação e a existência de toda a diversidade dentro da instituição (UFSM) e também fora, então nós estaremos atuando de forma a apoiar, somar nas diferentes lutas dos movimentos sociais em nível local, mas também das grandes questões, como fez referência a professora Márcia, na defesa da democracia, como tivemos recentemente a luta contra a escala seis por um, essa questão importante que não nos atinge diretamente, mas uma questão de solidariedade com os demais trabalhadores e trabalhadoras do país.”

Seja Sedufsm, transforme o mundo

Em sintonia com a atuação da Sedufsm na universidade, mas também para além dela, em outubro passado a seção sindical lançou sua nova campanha “Seja Sedufsm, transforme o mundo”. Como falou à época a diretora Neila Baldi, que permaneceu na direção do sindicato, as e os docentes já transformam o mundo através das pessoas que educam, mas podem fazer ainda mais: “a campanha é um chamado à reflexão: que atuemos não apenas dentro da Universidade, mas fora do arco, que nos engajemos também no sindicato e outras ações, que possamos, por nossas atividades, transformar o mundo”.

Para Picolotto, a campanha faz um resgate importante: “Penso que diz muito no sentido de reanimar uma certa utopia, até mesmo, pelo movimento sindical que foi muito atacado nos últimos tempos, especialmente nos governos anteriores, enquanto servidores públicos, enquanto professores, enquanto cientistas fomos atacados. Os sindicatos foram atacados em uma tentativa de nos descredibilizar enquanto entidade de representação. Então, penso que é uma campanha que tenta reanimar essa utopia, de que a nossa força se dá pelo coletivo, se dá pela participação, pelo engajamento de todos os docentes e as docentes, que, efetivamente, o nosso sindicato representa todos e todas. O nosso sindicato pode, nessa aliança com os demais movimentos sociais e forças da sociedade civil, contribuir para mudar o mundo. Então, acho que é uma mensagem de esperança.”

A campanha “Seja Sedufsm, transforme o mundo” expressa de forma emblemática o passar de bastão entre as gestões, acredita Márcia, até pela crise ambiental. “Nos coloca diante desse 2024 com uma crise socioclimática significativa, nos leva a pensar da necessidade e da possibilidade de construção de outras relações sociais. Inspirados e inspiradas em Paulo Freire, trazendo essa questão por dentro da universidade e da seção sindical. A ideia de que possa sensibilizar os professores e professoras para também pensar sobre que papel cada um de nós, cada uma de nós tem nesse processo de procurar, de construir um outro mundo, que entendemos que é possível, é possível construir outra sociedade, e que passa pela ação humana e a universidade, onde a educação tem um papel fundamental.”

Abaixo, a entrevista completa que se encontra no canal da Sedufsm no Youtube:

Texto: Jefferson Pinheiro com a colaboração de Fritz R. Nunes
Arte: Italo de Paula
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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