Um gigante da cultura gaúcha missioneira SVG: calendario Publicada em 28/03/25
SVG: atualizacao Atualizada em 28/03/25 16h44m
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Professor Daniel Morales fala sobre a obra de Pedro Ortaça, 'Doutor Honoris causa' pela UFSM

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Pedro Ortaça, em foto de Clio Luconi

Nesta sexta, 28 de março, a dica cultural tem um tom especialíssimo. Oscar Daniel Morales, professor do departamento de Música da UFSM, destaca a importância da obra do artista da região das Missões, Pedro Ortaça. A lembrança do professor ocorre no dia em que Ortaça recebeu uma grande homenagem da UFSM, que através do Conselho Universitário, outorgou-lhe o título de ‘Doutor Honoris causa’.

“Por quê Pedro Ortaça?

Em 2024, quando fui procurado por um grupo de colegas para que pudéssemos encaminhar a proposta de outorga do título de ‘Doutor Honoris causa’ para o músico missioneiro Pedro Ortaça. A minha primeira questão foi: por quê Pedro Ortaça?

A pesquisa rapidamente me devolveu a pergunta. Pedro Ortaça nasceu no Pontão de Santa Maria, no dia 29 de junho de 1942, região das Missões do RS. Músico, cantor e compositor missioneiro. Entretanto, o que mais me impressionou foi quando li as palavras de Aparício da Silva Rillo:

Afinou sua guitarra pelo timbre dos sinos das catedrais jesuíticas que o tempo fez ruir; alteou seu canto com reflexos de picumã galponeiro pelos quatro pontos cardeais do estado gaúcho; superou as fronteiras naturais da ‘pequena pátria’ e, hoje, é conhecido nacionalmente como uma das mais originais expressões da terra, do povo e dos costumes do território onde, há mais de três séculos, o gênio jesuítico começou a levantar o império teocrático das Missões.”

Depois de ler esta descrição do Rillo, pouco fica para dizer. A trajetória de Ortaça vai além da música e da poesia. Suas composições são o alicerce de propostas de reconhecimento e luta pelas causas dos indígenas do Sul. Podemos dizer que ele, junto de Jayme Caetano Braun, Cenair Maicá, Noel Guarany, deram voz a esse segmento social.

Pedro Ortaça ultrapassa os limites de músico e compositor talentoso, guardião das raízes culturais gaúchas, em particular, dos povos missioneiros. Hoje, Ortaça é o único integrante vivo do denominado grupo dos Quatro troncos da cultura missioneira” do Rio Grande do Sul.

Essa denominação nasce em meados de 1966 quando os quatro se reuniram, e que mais tarde em 1988, será o nome dado ao LP que eles gravaram, impulsionados e impulsionando a retomada da cultura missioneira com a Mostra de Arte Missioneira.

Do ponto de vista musical, podemos ressaltar que esses “Quatro troncos missioneiros” conseguiram imprimir características tais às suas composições que fazem com que hoje possamos falar da música missioneira como um segmento da música popular gaúcha. 

Ainda podemos afirmar que Ortaça personifica os mais altos ideais de compromisso comunitário, sendo reconhecido como Mestre da Cultura Popular Brasileira, recebendo o prêmio Humberto Maracanã, além de ter recebido a maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a Medalha do Mérito Farroupilha, em 3 de agosto de 2010.

O reconhecimento: UFSM concede título de ‘Doutor Honoris causa’

A outorga do título de ‘Doutor Honoris causa’ pela nossa UFSM a Pedro Ortaça, nesta sexta (28.03), através do Conselho Universitário, é o reconhecimento e valorização (em vida), da própria cultura popular. Assim, mais uma vez, a UFSM marca caminhos de enlace entre academia e meio social no qual está inserida, sendo a primeira universidade do Sul do país a reconhecer a importância da cultura e do saber popular.

Com certeza este ato de outorga dará impulso para o reconhecimento da identidade cultural do RS e para que novas gerações se sintam impelidas a seguir no uso e na pesquisa desses valores.

Um pouco mais da obra de Ortaça

A obra musical de Pedro Ortaça é ampla, mas, sem dúvida, se tiver que destacar apenas um disco, esse é o LP intitulado “Troncos missioneiros”, álbum de 1988 que reúne músicas de Noel Guarany, Jayme Caetano Braun, Cenair Maicá e o próprio Pedro Ortaça. Essa obra conjunta foi lançada em vinil pela gravadora Discoteca e relançada em CD pela USA discos, nos anos 2 mil.

O álbum apresenta as principais características da música missioneira, da região das Missões, no Rio Grande do Sul. As letras misturam português, espanhol e guarani. Os temas abordados são a vida nas Missões e nos países vizinhos, a história das reduções, valorização da terra e do Rio Uruguai.

Para ver um pouco dessa produção cultural do gaúcho missioneiro, é possível acessar no You Tube “Pedro Ortaça- Grito da Terra”, destacando canções como “Bailanta do Tibúrcio”, “Rasga cueca”, “Desde os tempos de Sepé”, entre outras.


Oscar Daniel Morales

Professor do departamento de Música da UFSM.

 

Foto: Clio Luconi e Arquivo Sedufsm
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)

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