Os motivos para assistir ‘Todo o dia a mesma noite’
Publicada em
06/06/25
Atualizada em
06/06/25 10h33m
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Professor José Marcos Froehlich afirma que minissérie retrata história de uma tragédia anunciada

Motivado pelas notícias sobre o acidente com o ônibus do colégio Politécnico, o professor José Marcos Froehlich, do departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural da UFSM, relembra tristes acontecimentos envolvendo a comunidade santa-mariense e sugere assistir “Todo dia a mesma noite”, da plataforma Netflix. A minissérie, que toma por base o livro da jornalista Daniela Arbex, conta a história da tragédia da Boate Kiss, ocorrida em janeiro de 2013. Pontos importantes como o não indiciamento de agentes públicos no processo judicial se destacam na análise do docente. Leia a íntegra da dica abaixo.
Todo o dia a mesma noite
“Quando recebi o contato da Sedufsm para enviar esta Dica Cultural, minha ideia inicial era sugerir o livro de um poeta Santa-mariense, mas, cerca de uma hora depois, fomos impactados pelas primeiras notícias da tragédia com o ônibus da UFSM, na qual sete estudantes do Colégio Politécnico perderam a vida. Somava-se mais este a uma série recente de acontecimentos nefastos envolvendo a Universidade: as inundações no campus sede, a queda de um elevador com feridos graves, o surto de rotavírus devido à contaminação da água, o assassinato de professores em viagem de estudo. Em efeito de conjunto, este rosário funesto não podia deixar de evocar a memória da maior tragédia de todas: o incêndio da boate Kiss em que 242 pessoas perderam a vida. Daí a sugestão de ver a minissérie ficcional, disponível na Netflix, Todo o dia a mesma noite, baseada no livro de mesmo título de Daniele Arbex.
Embora não seja uma superprodução, destaca-se por tratar de um tema tão doloroso com respeito e compromisso com a verdade e a memória das vítimas. A minissérie busca equilibrar o drama pessoal das famílias enlutadas com as falhas institucionais que contribuíram para a tragédia. Especial atenção é dada ao lamentável conflito que envolveu o Ministério Público e familiares das vítimas, inconformados com o não indiciamento de vários agentes públicos no processo judicial. “A Justiça brasileira foi desenhada pelo Kafka. O processo é a pena e a pena é o processo”, filosofa o advogado Bruno (Flávio Bauraqui) no último episódio da minissérie.
Todo o dia a mesma noite é mais do que entretenimento, é um retrato interessante de uma tragédia anunciada. Serve como uma denúncia e um memorial, revelando as falhas inaceitáveis do sistema e a necessidade, lamentavelmente sempre atualizada, de refletirmos sobre responsabilização, justiça e memória. Infelizmente, reiteradamente atual.”
José Marcos Froehlich
Professor do departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural da UFSM
Ficha Técnica
Morena Filmes (2023)
Classificação indicativa: 16 anos
Tempo total: 214 minutos
Disponível no canal de streaming Netflix.
Imagem: Arquivo Sedufsm/2014
Edição de texto: Paola Matos (estagiária); Fritz Nunes (jornalista)
Assessoria de imprensa da Sedufsm
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